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JBS se prepara para iniciar nova rodada de aquisições

A JBS, maior empresa de carnes do mundo, deverá iniciar em breve uma nova rodada de aquisições, segundo conclusão dos analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do banco BTG Pactual, após reunião com Guilherme Cavalcanti, vice-presidente de finanças e diretor de relações com investidores da companhia.

Com a produção de proteínas já espalhada por praticamente todas as regiões do mundo, avaliam os analistas em relatório divulgado ontem, o foco da JBS deverá se concentrar em empresas processadoras de alimentos, segmento que a direção da empresa espera que chegue a representar “50% das receitas”, ante cerca de 15% atualmente – em 2018, a receita líquida totalizou R$ 181,6 bilhões.

Cavalcanti sinalizou que, como os múltiplos das processadoras de alimentos estão em fase de expansão, a JBS poderá esperar até 2020 para realizar novas compras. O executivo acredita que, no ano que vem, as margens das processadores não integradas (sem produção de aves e suínos) poderão cair com o aumento dos preços das proteínas.

Outro ponto que poderá retardar o movimento é a atual política da companhia de manter sua alavancagem – relação entre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) e dívida – abaixo de 4,25 vezes em caso de aquisições. No fim de março, o índice de alavancagem estava em 3,2 vezes.

Conforme o Valor já informou, dois anos após o acordo que fez com bancos no Brasil para preservar linhas de crédito em meio à crise provocada pela delação dos irmãos Batista, a JBS pagou mais de R$ 13 bilhões em dívidas bancárias, reduzindo esse tipo de endividamento para R$ 8,7 bilhões.

Conforme o BTG, nos últimos três meses, cerca de US$ 5 bilhões dos vencimentos das dívidas da JBS de 2021 e 2022 foram amortizados ou refinanciados para 2026. O caixa disponível e a geração de caixa esperada devem cobrir as dívidas com vencimento até 2022.

Com os esforços de redução e alongamento da dívida, nos últimos oito meses o yield (rendimento aos investidores) dos títulos de dívida da JBS com vencimento em 2028 caiu 1,9 ponto percentual, para 5,5%, refletindo a crescente confiança dos investidores. Após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, a JBS, apontou o diretor, deverá refinanciar grande parte de sua dívida de uma vez.

Paralelamente a novas aquisições, a JBS estuda maneiras de melhor aproveitar a crise de abastecimento na China gerada pela epidemia de peste suína africana que, segundo fontes do segmento, poderá reduzir em até 50% a produção de carne suína no país, a maior do mundo.

Segundo avaliou Cavalcanti em reunião com os analistas do BTG, a JBS é a empresa melhor posicionada para se beneficiar da situação crítica pela qual passa o país asiático, dada sua diversificação geográfica e de proteínas. Mas há riscos. Um acordo comercial que ponha fim às disputas entre China e EUA, por exemplo, poderá prejudicar as exportações de frigoríficos situados no Brasil.

E expandir a produção para atender à China não é algo tão simples. Segundo Cavalcanti existem fatores limitantes para isso tanto no Brasil quanto nos EUA.

O melhor posicionamento da dívida da JBS e os bons ventos vindos com a crise na China deixaram os planos de fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em segundo plano. A diretoria da JBS começou a cogitar uma listagem de ações no lugar de um IPO, o que poderia ser usado para financiar alguma aquisição. A expectativa é que essa listagem possa ocorrer no primeiro semestre do ano que vem.

Fonte: Valor Econômico.

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