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JBS promete investir R$ 8 bilhões no país nos próximos 5 anos

Notoriamente conhecida pelos movimentos agressivos de aquisições que forjaram uma gigante de R$ 200 bilhões em faturamento, a JBS fez ontem um anúncio inusual na história do grupo. Em um lance que pode dobrar a Seara de tamanho, a empresa vai investir R$ 8 bilhões no Brasil ao longo dos próximos cinco anos. Trata-se do principal investimento orgânico já anunciado pela empresa.

Em entrevista ao Valor, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que os investimentos serão destinados, em grande parte, à ampliação da capacidade de produção de frango, suínos e alimentos processados. O montante será aplicado na expansão de unidades que a Seara já possui, além da construção de fábricas de ração e de incubatórios. Os recursos, disse, também serão utilizados em outras áreas da companhia, como a operação de carne bovina e as áreas de subprodutos – fertilizantes, biodiesel, latas, entre outros.

A ampliação da capacidade de abate da Seara terá de ser acompanhada pelos integrados que criam aves e suínos. De acordo com Tomazoni, os granjeiros investirão mais R$ 5 bilhões até 2024. Com isso, o projeto de expansão da JBS no país injetará R$ 13 bilhões na economia.

Quando a ampliação das fábricas estiver concluída, a Seara terá capacidade para dobrar de tamanho, disse uma fonte à reportagem. Perguntado, o CEO da JBS não quis revelar o percentual de expansão da capacidade. O executivo disse apenas que a expansão criará 25 mil empregos diretos e, potencialmente, 100 mil vagas indiretas. Atualmente, a Seara emprega 75 mil funcionários. Quando se considera a JBS como um todo, o que inclui a operação de carne bovina, o número de empregos no Brasil é de cerca de 130 mil. Em todo o planeta, são mais de 230 mil vagas.

Se conseguir dobrar de tamanho, a Seara poderá faturar R$ 40 bilhões ao ano. Nos últimos doze meses encerrados em setembro, a empresa reportou receita líquida de pouco mais de R$ 19,2 bilhões. Os aportes devem aproximar a Seara, que é a segunda principal agroindústria de aves e suínos do país, da líder BRF, dona de Sadia e Perdigão, que fatura em torno de R$ 35 bilhões por ano.

Do ponto de vista fabril, os investimentos da JBS serão pulverizados geograficamente, disse Tomazoni. As unidades que tiverem potencial para serem ampliadas receberão os aportes. No caso da Seara, que receberá a maior parte dos R$ 8 bilhões, isso significa aplicar recursos tanto na região Sul, principal base de operações, como no Centro-Oeste. A Seara conta com 30 abatedouros de aves, oito de suínos e 18 fábricas de produtos de “valor agregado” – sobretudo alimentos processados.

Os investimentos, ressaltou o CEO da JBS, não contemplam eventuais aquisições no país. Embora não descarte a possibilidade, Tomazoni disse que “não tem muitas oportunidades de aquisições [no Brasil]”. Neste ano, a Seara fez pequenos movimento nesse sentido, comprando um frigorífico de suínos em Seberi (RS) e a fabricante paulista de mortadela Marba – a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) oficializou ontem o aval a esta última operação.

Ao Valor, Tomazoni fez questão de frisar que os investimentos estão desvinculados da demanda provocada pela epidemia de peste suína africana, que dizimou o plantel chinês. “Não dava para fazer um investimento desse porte pensando na China”, argumentou. A lógica é que, ao longo de cinco anos, os chineses já terão debelado a crise na suinocultura.

O que sustenta os investimentos da JBS, acrescentou o executivo, é a tendência de aumento na demanda global por proteínas. “Até 2025, a oferta de proteínas terá de aumentar 70%”, afirmou, citando projeções do FAO, o braço das Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e Alimentação.

Para viabilizar os investimentos, a JBS vai se valer, principalmente, da geração de caixa, disse Tomazoni. Nos últimos doze meses encerrados em setembro, a empresa gerou R$ 8,3 bilhões em caixa livre – o montante foi impulsionado pelo momento favorável das operações nos EUA, país que representa em torno de 50% das vendas do grupo.

No caso dos granjeiros, a avaliação de Tomazoni é que, com a queda da Selic, é viável tomar recursos junto aos bancos privados para expandir a atual capacidade. A importância dos subsídios ficou menor, disse.

Fonte: Valor Econômico.

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