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JBS paga dívida e normaliza relação com bancos

Dois anos após o acordo que fez com bancos no Brasil para preservar linhas de crédito em meio à crise provocada pela delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, a JBS pagou mais de R$ 13 bilhões em dívidas bancárias no país, reduzindo esse tipo de débito para aproximadamente R$ 8,7 bilhões.

Intensificados no primeiro semestre, os pagamentos realizados já podem viabilizar a liberação das garantias de crédito (estoques, ativos biológicos e recebíveis) dadas pela JBS e a extinção do acordo com as instituições financeiras. Na semana passada, a empresa anunciou ao mercado o pagamento antecipado de US$ 700 milhões (R$ 2,7 bilhões), quitando dívidas com a Caixa Econômica Federal.

Na prática, o relacionamento da companhia com os bancos volta à normalidade, uma evolução significativa na comparação com o quadro delicado logo após a delação.

Em julho de 2017, quando firmou o primeiro acordo, a companhia evitou uma crise de liquidez que poderia inviabilizar suas operações. À época, 30% do endividamento total de R$ 61,6 bilhões vencia no curto prazo (em até 12 meses). A maior parte dos débitos se referia a linhas de crédito de financiamento às exportações.

Desde o primeiro acordo, o perfil das dívidas da JBS melhorou sensivelmente. Em 31 de março deste ano (último dado disponível), a dívida bruta da companhia totalizava US$ 14,4 bilhões (o equivalente a R$ 56,1 bilhões). Do total, somente US$ 797 milhões (R$ 3,1 bilhões) vence em até doze meses. Ou seja, o passivo de curto prazo representa só 5,5% do total. Nesse período, o índice de alavancagem da JBS (relação entre dívida líquida e Ebitda) recuou de 4,2 vezes para 3,2 vezes.

A negociação com os bancos no Brasil teve duas fases. Em julho de 2017, auge da crise, diversos bancos se comprometeram a preservar R$ 20,4 bilhões em linhas de crédito por um ano. Em contrapartida, a empresa aceitou amortizar 2,5% do principal trimestralmente e destinar 80% dos recursos oriundos da venda de ativos (Moy Park, Five Rivers, participação na Vigor e fazendas) – a empresa angariou R$ 4,7 bilhões com a venda desses ativos.

A segunda fase ocorreu em maio de 2018, quando a empresa garantiu, por três anos, a manutenção de linhas de R$ 12,2 bilhões. Neste caso, a contrapartida foi a amortização de 25% do principal até 2021, o que foi atingido antecipadamente.

Ao Valor, o vice-presidente de finanças e de relações com investidores da JBS, Guilherme Cavalcanti, disse que o bom momento da empresa – os negócios nos EUA geram muito caixa – deve permitir o pagamento antecipado de mais dívidas que fazem parte do acordo com os bancos no Brasil.

Da dívida bancária de R$ 8,7 bilhões da JBS no país, R$ 6,6 bilhões faz parte do acordo – são débitos com o Santander, Banco do Brasil, Banco da China e Bradesco. “A companhia está gerando fluxo de caixa e vai continuar gerando. Vou pagando com fluxo de caixa e, em algum momento, posso emitir um bond e pago o resto”, afirmou ele.

Formalmente, a JBS já poderia extinguir o acordo e negociar as condições das linhas de crédito com cada banco separadamente. Mas isso só ocorrerá se as instituições oferecerem “boas propostas”, com prazo de vencimentos mais longos, disse Cavalcanti. Ao Valor, fonte próxima a uma instituição financeira disse que a discussão a respeito da extinção do acordo da JBS com os bancos perdeu relevância, já que a empresa está acelerando o pagamento de suas dívidas.

Para Cavalcanti, o alongamento do prazo de vencimento das dívidas não é o único objetivo. De acordo com ele, ainda há espaço para uma redução importante da taxa média de juros paga pela JBS, o que tem potencial para reduzir as despesas financeiras anuais em pelo menos US$ 200 milhões.

Fonte: Valor Econômico.

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