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JBS não pode usar relatório para dizer ser livre de desmatamento, afirma certificadora norueguesa

A certificadora norueguesa DNV-GL enviou uma carta à JBS afirmando que a companhia brasileira de carnes não pode utilizar avaliações feitas até 2019 como provas de que todo seu fornecimento de gado está livre de desmatamento. 

A carta foi enviada ao grupo em 13 de julho, em meio à divulgação de um relatório da Anistia Internacional acusando a gigante de carnes de comprar gado criado em territórios indígenas e de proteção ambiental. 

A DNV-GL afirmou que sua avaliação não contemplou toda o fornecimento de gado à JBS, mas apenas as compras diretas, usando base de dados fornecidas pela própria companhia. 

A certificadora disse que não avaliou fornecedores indiretos e que a JBS não possui sistemas para rastrear a cadeia de fornecimento indireta. A DNV-GL notou, inclusive, que a ausência desse monitoramento foi apontada como uma não conformidade no relatório sobre a JBS de 2019. E disse não saber qual é a participação dos indiretos no sistema de fornecimento da JBS. 

Além disso, a certificadora afirmou que sua avaliação foi feita com base em uma amostra que representou 10% de todas as transações de gado feita diretamente com a JBS armazenadas em sua base de dados, e não em todos os registros de compra da companhia.

A partir dessa amostra, a DNV-GL realizou uma checagem junto à base de dados do Ibama para avaliar se as fazendas das quais o gado foi comprado estavam embargadas ou envolvidas em processos legais relacionados a desmatamento, invasão de terras indígenas e aspectos sociais. 

A certificadora ainda avaliou se os sistemas de satélite utilizados pela companhia para bloquear fornecedores com problemas estava funcionando da forma adequada, mas não auditou os resultados desses sistemas. 

A DNV-GL afirmou ainda que não avaliou se houve manipulações de dados de Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou de Guias de Transporte Animal (GTA). 

A carta da certificadora foi divulgada pela ONG Rainforest Foundation Norway (RFN), que disse em seu site que tanto a JBS como a Marfrig compram mais da metade de seu gado de fornecedores indiretos. 

Procurada, a JBS informou “ter tomado ciência da carta e esclarece que em todas as suas comunicações sobre os resultados das auditorias independentes, incluindo aquelas realizadas pela empresa DNV-GL, sempre deixou claro que as mesmas se referem exclusivamente às suas compras diretas de gado”.

“A Companhia reitera que as auditorias independentes realizadas pela DNV-GL, entre 2017 e 2019, comprovam a altíssima taxa de conformidade das aquisições diretas de gado realizadas pela JBS, em conformidade com sua Política de Compra Responsável de matéria-prima para a Amazônia Legal. O último relatório de auditoria, publicado em 2019, referente às aquisições realizadas em 2018, indica que 100% das compras diretas de gado realizadas pela JBS atenderam aos critérios socioambientais da empresa. A JBS informa ainda que vai publicar os resultados da auditoria independente, referente às compras de gado em 2019, até 31 de agosto deste ano”. 

Os relatórios completos das auditorias estão disponíveis no site da JBS.

Fonte: Valor Econômico.

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