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JBS avança na Austrália e emite ‘bônus sustentável’

A JBS anunciou ontem a aquisição da Rivalea, a maior produtora de carne suína da Austrália, responsável por 26% do processamento no país. O negócio foi fechado por US$ 135 milhões (o equivalente a R$ 681 milhões). 

A aquisição fortalece as operações da Primo, negócio australiano de alimentos processados à base de carne suína controlado pela JBS, e leva o grupo brasileiro a assumir a liderança em carne suína na Austrália, disse, em comunicado, o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni. De acordo com a JBS, a Rivalea fatura cerca de US$ 310 milhões anualmente, com um Ebitda de 37 milhões de dólares australianos, o que indica uma margem de 9,2%. 

A compra, que ainda depende da aprovação das autoridades antitruste, diversifica as operações da JBS na Austrália, atenuando o peso do negócio de carne bovina no país, que vem sofrendo nos últimos anos com o clima adverso e a redução da oferta de animais para abate. A Rivalea pertence à QAF Limited, listada em Cingapura. 

Também ontem, a JBS anunciou o lançamento de US$ 1 bilhão no exterior em títulos de dívida atrelados ao compromisso da empresa de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Em março, a gigante brasileira de carnes revelou sua meta de neutralizar suas emissões de carbono até 2040.

O anúncio da emissão ocorreu no começo desta terça-feira, mas os valores só foram informados no fim do dia. Segundo apurou o Valor com uma fonte a par do tema, a oferta inicial era de US$ 500 milhões, mas, com demanda que chegou a dez vezes o valor previsto, a empresa decidiu elevar o montante a ser captado. A companhia afirma que pretende usar os recursos da emissão para ampliar o prazo médio de suas dívidas, refinanciar compromissos de curto prazo e “cobrir outros propósitos corporativos gerais”.

A captação bilionária da JBS é a primeira operação de dívida “sustainability-linked” no setor de carnes, mas não a primeira emissão no ramo com perfil “ESG” (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês). Em fevereiro, a Marfrig levantou US$ 30 milhões com um fundo holandês em uma operação relacionada especificamente a critérios “verdes”. 

Após o anúncio da emissão, a agência de classificação de risco Fitch elevou a nota da JBS de “BB+” para “BBB-”. Com isso, a empresa brasileira passou a ser avaliada como “grau de investimento”, classificação dada a emissores de dívida considerados mais seguros para os investidores. A Fitch também avaliou como “BBB-” a emissão anunciada ontem, e agência Moody’s atribuiu a nota “Ba1” à operação. 

Com aquisição bem-sucedida em um mercado importante, emissão externa com alta demanda e melhoria de sua nota de risco, a maior empresa de carnes do mundo teve uma terça-feira de boas notícias, após ela viver dias atribulados. Há pouco mais de uma semana, um ataque cibernético paralisou as operações da JBS USA, braço que comanda as unidades do grupo na América do Norte e na Austrália.

O episódio colocou a companhia no centro de um impasse diplomático entre os governos americano e russo – os responsáveis pelo ataque teriam ligações com a Rússia, segundo os EUA. Ontem, o secretário de Agricultura americano, Tom Vilsack, afirmou que a ação contra a JBS mostrou a necessidade de as empresas de alimentos reforçarem sua segurança cibernética. Segundo ele, para evitar prejuízos com ataques do gênero, o USDA está trabalhando para criar novas orientações sobre como as processadoras de carne podem reforçar sua segurança digital. “Esperamos que esse seja um alerta a todos”, disse Vilsack

Fonte: Valor Econômico.

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