Jarbas Arraes Pereira: pecuaristas, conciliem as técnicas aprendidas no passado com as disponíveis atualmente

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Jarbas Arraes Pereira, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul na categoria Produtor de elite – Hereford e Braford.

Jarbas Arraes Pereira mora em Uruguaiana – RS. É responsável pela parte de desenvolvimento genético da Cabanha Pedro Surreaux.

Há mais de 25 anos conta com o suporte técnico do irmão Pedro Antônio Arraes, doutor em agronomia e ex-presidente da Embrapa. A Cabanha tem um histórico de desenvolvimento genético com mais de 100 anos, tendo recebido importantes prêmios, tais como na Expointer – RS e em Palermo, na Argentina.

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Jarbas Arraes Pereira: Para nós hoje, o maior desafio da pecuária em um breve futuro será conciliar o sistema de cria e recria em propriedades de médio porte. Já existe o pivô, que sem sombra de dúvida será a grande ferramenta para o sucesso dessa questão.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Jarbas Arraes Pereira: No RS, ao meu ver, nós estamos caminhando para uma super eficiência. Como já disse antes, o pivô e outras soluções semelhantes vem provar o que estou me referindo. Mas eu tenho um modelo que eu acho muito eficiente, tanto na produção quanto na pesquisa genética, que é o trabalho feito pela OB, que trabalha com zebuínos.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Jarbas Arraes Pereira: Criando marcas. Temos que personalizar a nossa carne e fazer com que cada região tenha a sua carne, pois como qualquer produto, o modo e o meio ambiente em que ela é produzida afeta no sabor e na qualidade.

Temos aqui no RS um ambiente perfeito para a produção de carnes e se observarmos bem, é o único estado brasileiro que não precisou de desmatamento. Há mais de 400 anos existe uma convivência pacífica entre o gado e o meio ambiente do pampa gaúcho. Podemos dizer que a carne produzida nessa região não destrói e nem destruiu o meio ambiente.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Jarbas Arraes Pereira: Várias são as novidades. Tanto nas máquinas como nos manejos, elas aparecem para solucionar os problemas de cada setor. Não acho que precisamos de mais inovações, precisamos sim de pesquisa em aprimoramento genético.

Isso fará com que tenhamos menos uso de produtos químicos aplicados no gado, melhora e agilidade na produção da carne. Consequentemente, teremos um enorme ganho para todos os produtores e consumidores.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Jarbas Arraes Pereira: Se unir. Apesar de já ser unido, é preciso se unir mais e tentar interligar todos os sistemas de produção.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?

Jarbas Arraes Pereira: Somos uma propriedade familiar e ficou resolvido que implantaríamos um pivô nesse ano. Eu gostaria que isso acontecesse em 2014, mas o Pedro (meu irmão) demonstrou as várias vantagens que obteríamos com esse equipamento e me convenceu.

Agora, temos que arregaçar as mangas e começar a estudar e pesquisar esse novo implemento que eu acredito que irá mudar de forma radical toda nossa propriedade.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Jarbas Arraes Pereira: Apesar da Cabanha ser tão antiga, por diversos fatores, ela não tinha um remate próprio e isso foi realizado em 2007. Primeiramente, em outra cidade e desde 2012 ele é realizado em Uruguaiana.

Nossa meta é fortalecer cada vez mais o remate com profissionalismo e com uma genética Braford diferenciada. Queremos clientes sempre amigos e satisfeitos conosco e com o produto por nós ofertado.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013?

Jarbas Arraes Pereira: Pesquisar e visitar diversas propriedades que já tenham o pivô instalado e funcionando. Perguntar a respeito das pastagens utilizadas, manejos.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

Jarbas Arraes Pereira: Conciliem os manejos e técnicas aprendidos no passado com os que estão sendo disponibilizados para nós hoje. Temos que formar essa nova geração de mão-de-obra, mostrando que o trabalho no campo é tão importante e rentável como na indústria.

BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?

Jarbas Arraes Pereira: Para a indústria e o varejo o meu recado é o mesmo que eu falo para as pessoas que trabalham conosco: “O principal é a fazenda. Se ela vai bem, todos vamos bem. Vale qualquer sacrifício por ela”.

O mesmo serve para o frigorífico e o varejo. O principal é o produtor, cuidem bem dele e façam com que o cliente fique satisfeito.

Post relacionado:

Beef Summit Sul: confira a lista de homenageados do Prêmio BeefPoint