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IPCC quer campo mais sustentável

Ter políticas adequadas para estimular biocombustíveis é uma das ferramentas sugeridas por cientistas do mundo todo para combater a crise climática. Há, contudo, riscos ambientais e de segurança alimentar se não forem adotadas boas práticas de produção. Essa é uma das mensagens sobre bioenergia do relatório sobre Clima e Terra do painel científico das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês), lançado ontem, em Genebra.

É a primeira vez que o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, o IPCC, produz um relatório sobre clima e terra. No relatório, 100 cientistas de 52 países analisaram os estudos internacionais mais recentes sobre mudança do clima, desertificação, degradação dos solos, manejo sustentável da terra, segurança alimentar e fluxos de gases-estufa nos ecossistemas territoriais.

A recomendação é que a produção agrícola terá que ser mais sustentável se os países quiserem limitar o aquecimento da temperatura a bem menos de 2ºC até o fim do século, como está no Acordo de Paris. As emissões de gasesestufa relacionadas à agricultura e ao uso do solo respondem por 22% do total global. Cortar só as emissões de combustíveis fósseis não será suficiente para combater a crise do clima.

“Um dos destaques do relatório é que bioenergia e tecnologias de captura e estocagem de carbono de bioenergia têm enorme potencial”, diz Marcelo Moreira, pesquisador e sócio do instituto de pesquisas Agroicone. Ele se refere às chamadas BEECS, tecnologia ainda sem viabilidade comercial, mas que pode capturar carbono na produção de biocombustíveis e torná-los mais eficientes.

O relatório aponta o risco da bioenergia se for mal produzida. Basicamente, usar muita terra para produzir biocombustíveis pode significar uma competição com a produção de alimentos em um mundo de 10 bilhões de habitantes em 2050. Pode também ocorrer degradação de solos e de recursos hídricos, e ter outras consequências ambientais.

“É evidente que a produção de biocombustíveis não deve gerar desmatamento e não se deve incentivar produção ineficiente e desenfreada”, destaca Moreira. “Cana-de-açúcar é a cultura mais eficiente em produção de energia por hectare. Também é sabido que mais de 80% das áreas de cana-de-açúcar no Brasil estão em regiões onde a vegetação nativa aumentou nos últimos dez anos”, diz nota do Agroicone à imprensa.

Moreira diz, ainda, que a política nacional de biocombustíveis conhecida por RenovaBio “tem causado profunda transformação de comportamento entre produtores de bioenergia. Ao colocar na mesa a possibilidade de receitas pela boa gestão ambiental, usinas estão investindo em sustentabilidade”.

Bioenergia foi um dos temas polêmicos da conclusão do relatório do IPCC, assim como a produção e consumo de carne. O IPCC não produz ciência, mas compila os estudos produzidos internacionalmente sobre a temática.

“O problema é que alguns estudos não diferenciam boas e más práticas de produção e embaralhavam os resultados”, diz Moreira. “E então a produção de bioenergia pode, em vez de combater a mudança do clima, ter efeito contrário.”

Fonte: Valor Econômico.

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