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Intensificação – como retirar todo o potencial das pastagens e ter melhores resultados?

O custo de produção vem crescendo ao longo dos anos, diminuindo o lucro do pecuarista. Continuam na atividade pecuária aqueles que gerenciam o seu negócio de forma mais profissional, buscando alternativas tecnológicas e administrativas que venham a tornar seu empreendimento mais rentável, tais como: planejamento estratégico, aumento da eficiência produtiva, redução de custos e melhor comercialização de seus produtos, ou seja, a intensificação da atividade.

A pecuária de corte no Brasil sempre foi explorada com base na utilização de pastagens, que representam em torno de 75% da superfície ocupada pela agropecuária no Brasil. Nosso país conta com mais de 170 milhões de hectares de pastagens, sendo 56 % de pastagens artificiais. O Quadro 01 apresenta um comparativo entre os principais países produtores de carne bovina do mundo, quanto ao tamanho de seus rebanhos, produtividade e utilização de pastagens.

Quadro 01. Principais países produtores de carne bovina do mundo

O Brasil é o 4º país em área total de pastagens, após China, Austrália e Estados Unidos. Nestes países, porém, grande parte das pastagens é nativa, localizadas em áreas desérticas. A vantagem brasileira é a posição geográfica, com clima quente, úmido e elevada insolação, o que proporciona um enorme e ainda pouco explorado potencial produtivo de suas pastagens.

Alguns poucos países da América do Sul, da África e da Ásia contam com um clima semelhante, mas não com a mesma extensão territorial, ou não detém a mesma estrutura e cultura de produção pecuária ou, finalmente, não têm os mesmos recursos técnicos e humanos.

Estima-se que entre 7 e 10 milhões de hectares de pastagens sejam renovados todos os anos no Brasil, uma área próxima ao cultivo do milho realizado no território nacional.

Geralmente, em solos originalmente férteis, a natureza resiste ao mau manejo e a pastagem pode durar muitos anos, após sua 1ª formação. Porém, a queda da fertilidade natural do solo se processa gradativamente, com a redução da população de plantas forrageiras, aumento das plantas invasoras e a ocorrência de diversas formas de erosão.

Assim, chega um momento em que a reforma da pastagem se torna inadiável e, comumente, o pecuarista tenta alguma solução de baixo custo, que geralmente inclui roçada, uso de “Link”, fogo, etc. e, muito raramente, a gradagem do solo e, mais raramente ainda, a aplicação de algum corretivo de solo como o calcário, algum fosfato de rocha ou mesmo uma fonte de fósforo solúvel.

Na maioria das vezes o pecuarista ressemeia a pastagem utilizando uma espécie forrageira menos exigente. Nessa reforma, a reposição de nutrientes, quando existe, é apenas parcial e a vida útil da pastagem reformada invariavelmente é menor e sua degradação mais rápida. Nestas condições, as reformas tendem a se repetir a intervalos cada vez mais curtos. Em situações de baixa fertilidade original dos solos, o período até a 1ª reforma também pode ser muito curto e, a partir daí, solos originalmente férteis ou fracos se nivelam por baixo em termos de potencial produtivo e suporte de gado.

O manejo de pastagens no sistema tradicional está mais para exploração do que para produção. Esse método, por via de regra, resulta em áreas de superpastejo ou de subpastejo e as conseqüências são a degradação das pastagens, a redução do suporte e o aumento das plantas invasoras e dos custos com seu controle, seja ele manual, mecânico ou químico.

Esse quadro de exploração dos recursos naturais pela pecuária, porém, pode ser convertido em um quadro de produção sustentada, mediante a adoção de medidas muito simples de manejo das pastagens, que permitem o aproveitamento eficiente dos nutrientes do solo pela planta forrageira e a reposição equilibrada desses nutrientes, resultando na perenização das pastagens. Essas medidas são o manejo rotacionado de pastagens e o uso de adubações.

Intensificação da produção

Hoje, em muitas áreas de tradição na exploração da pecuária, outras atividades agrícolas apresentam-se com melhores oportunidades de rentabilidade, variando de acordo com a região do país. No sudeste a cana-de-açúcar e o eucalipto pressionam as áreas de pecuária (veja o Quadro 02) e no cerrado do Centro-Oeste soja, milho e algodão também vêm tomando áreas da bovinocultura.

Quadro 02. Valores pagos para arrendamentos de áreas de pastagem no Estado de São Paulo (valores de 2005)

Independentemente do assédio de outras atividades sobre as terras de pecuária, o custo de produção vem crescendo ao longo dos anos, diminuindo o lucro do pecuarista. Continuam na atividade pecuária aqueles que gerenciam o seu negócio de forma mais profissional, buscando alternativas tecnológicas e administrativas que venham a tornar seu empreendimento mais rentável, tais como: planejamento estratégico, aumento da eficiência produtiva, redução de custos e melhor comercialização de seus produtos, ou seja, a intensificação da atividade.

Nas condições de exploração da pecuária de corte no Brasil existem dois grupos principais de medidas tecnológicas que visam à intensificação da produção:
a) medidas referentes à qualidade da nutrição e ao aprimoramento genético do rebanho, que resultam em incrementos dos índices de desempenho dos bovinos, como ganho de peso, conversão alimentar, fertilidade, idade à 1ª cria, etc.
b) medidas referentes ao aumento da produção e da utilização das forragens, que resultam em maior lotação das pastagens, ou seja, na sua intensificação.

O pecuarista que tem por objetivo intensificar seu sistema de produção deve adotar simultaneamente os dois grupos de medidas. Na verdade, deve começar dando ênfase às medidas do grupo (a), que requerem menor investimento. Entende-se por qualidade da nutrição oferta de forragem (quantidade e qualidade) e suplementação adequada. Em um segundo momento, já possuindo um rebanho com boa base genética e uma nutrição de qualidade, deve focar as medidas do grupo (b).

Entre as alternativas apresentadas acima a que melhor pode contribuir para a intensificação da produção de gado de corte em nosso país e, conseqüentemente, maior rentabilidade ao negócio pecuário é o segundo grupo, uma vez que permite ganhos muito grandes na escala de produção das propriedades. Contudo, o pecuarista não deve se descuidar das medidas do grupo (a), pois de nada adianta produzir grandes quantidades de forragem se esta não for de qualidade adequada, se não existir um manejo nutricional correto e o rebanho não possuir potencial genético para transformar eficientemente toda essa forragem em carne.

Pensando na intensificação do uso das pastagens o produtor deve estar atento as seguintes etapas e cuidados para garantir o sucesso da atividade:
• Escolha da área
• Métodos de formação
• Desmatamento, destoca e enleiramento
• Amostragem de solo
• Escolha da forrageira
• Controle de erosão
• Preparo do solo
• Correção e adubação do solo
• Plantio ou semeadura

Para se ter uma ótima formação de pastagens, todas as operações deverão ser bem definidas, calculadas e acompanhadas, pois o mau planejamento do cronograma de operações pode acarretar em grande atraso no plantio e, consequentemente, uma formação da pastagem falha.

Devem-se observar cuidadosamente todos os detalhes de cada operação, desde o desmate, passando pelo enleiramento, queima, gradeação, aração, plantio ou semeadura, correção do solo e adubação.

As regulagens dos equipamentos também devem ser bem monitoradas, assim como a manutenção dos mesmos para que não ocorram quebras involuntárias no meio da operação.

A implantação de pastagens pode parecer simples, mas como demonstramos, apresenta certa complexidade para se conseguir o êxito esperado. Sempre que possível deve se aconselhar com um técnico especializado no assunto, em especial no uso de sistemas de integração lavoura e pecuária.

Este texto é parte do módulo 1 do Curso Online Intensificando o Uso das Pastagens: da formação ao manejo, ministrado por Rodrigo Paniago – Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP, presidente da Associação dos Profissionais de Pecuária Sustentável – APPS e sócio da Boviplan Consultoria Agropecuária – e Andrea Brasil – Engenheira Agrônoma, formada pela ESALQ/USP, com mestrado e doutorado em Agronomia pela mesma instituição e sócia da Boviplan Consultoria Agropecuária. O curso terá início no dia 22 de julho.

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