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Integração lavoura-pecuária: opções de cultivo

O potencial produtivo das regiões tropicais, seja voltado a produção de grãos ou mesmo às intensas áreas de pastagens já existentes no território nacional, é cada vez mais enfatizado quando se fala em agropecuária no Brasil. Porém, ainda existem grandes barreiras que limitam a produtividade no setor rural como o pouco incentivo e seguros agrícolas, altos preços de insumos, degradação das pastagens, entre outros.

O potencial produtivo das regiões tropicais, seja voltado a produção de grãos ou mesmo às intensas áreas de pastagens já existentes no território nacional, é cada vez mais enfatizado quando se fala em agropecuária no Brasil. Porém, ainda existem grandes barreiras que limitam a produtividade no setor rural como o pouco incentivo e seguros agrícolas, altos preços de insumos, degradação das pastagens, entre outros.

O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) surgiu como uma tecnologia voltada ao setor agropecuário visando uma maior sustentabilidade do sistema, trazendo vantagens sejam estas agronômicas, ecológicas, sociais ou econômicas.

O cultivo integrado, onde reúne lavoura e pecuária em um só sistema de produção, tem sido utilizado com diversos fins, que vão desde a recuperação de áreas degradadas, redução de custos na formação de pastagens, fornecimento de palhada ao solo para o sistema de plantio direto, produção de pastagens na entressafra ou de volumosos na forma de silagem. Da mesma forma que várias são as opções de aplicação da ILP várias podem ser as alternativas de cultivos a serem utilizadas. Porém, quando se fala em ILP qual a primeira alternativa em que pensamos? Muitos responderiam Milho como alternativa de lavoura e Braquiarão como opção para pastagem.

Outras forrageiras, além do Braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) são utilizadas no sistema de integração como opção para o consórcio, assim como outras culturas anuais além do milho como alternativa de lavoura (Tabela 1).

Tabela 01. Algumas opções de forrageiras e culturas anuais utilizadas no sistema de integração lavoura-pecuária


Porém como a cultura do milho e as pastagens de Braquiarão têm uma maior difusão nacionalmente, devido a grande importância dos grãos de milho no consumo humano e da boa adaptação e perenidade das pastagens de Braquiarão, principalmente nas regiões de Cerrado, estes acabam sendo um dos cultivos de integração mais utilizados.

Como as Brachiaria sp, gramíneas do gênero Panicum sp e Paspalum sp já têm sido utilizados em pesquisas como opção de forragens em sistemas intergados, os resultados podem ser observados na tabela 02.

Tabela 02. Efeito de três gramíneas forrageiras sobre a produção de arroz (t ha-1), semeados em um solo arenoso de Uberlândia, MG, médias de três repetições


Leguminosas também servem como culturas opcionais dentro do sistema, tendo-se ainda como vantagem nestas, a fixação simbiótica do nitrogênio atmosfério ao solo, o que beneficiará a cultura anual sendo este benefício observado principalmente na produção de grãos. Produções de forragens e grãos de milho utilizando leguminosas no sistema de ILP são apresentados na tabela 03.

Tabela 03. Produção de grãos de milho (t ha-1) e forragem (MS t ha-1) em um sistema milho-pastagem, semeadura simultânea, em um solo arenoso de Uberlândia, MG


Independentemente da cultura utilizada no sistema de ILP, as pesquisas desde o início, têm mostrado boas produções de grãos destas quando cultivadas de forma integrada com plantas forrageiras, porém em grande parte as produtividades de grãos são inferiores as obtidas nas produções de cultivos solteiros, isso se deve principalmente a competição por nutrientes, luz e espaço entre as espécies. Na tabela 04 é possível fazer uma comparação na produção dos grãos, das respectivas culturas, de acordo com o sistema de produção.

Tabela 04. Produção¹ de grãos de milho, sorgo, soja e arroz (t ha-1), em consórcio ou não com Brachiaria brizantha


Quando bem manejado o sistema de cultivo integrado, estas diferenças de produção são pequenas e em até certos casos podem ser insignificantes ainda mais se forem contabilizados os benefícios fornecidos por este sistema de produção, seja visando a pecuária como na formação/renovação de pastagens com custos minimizados ou a agricultura como o fornecimento de palhada sobre o solo para o sistema de plantio direto ou barreira física contra disseminação de doenças, sendo assim, estas diferenças não serão convertidas em prejuízos para o produtor rural.

A utilização de palhada sobre o solo para o plantio direto é indispensável neste sistema de produção, fornecendo ao solo matéria orgânica além de servir no controle de pragas, como na diminuição da incidência do mofo-branco na cultura do feijão. Resultados para tal acontecimento podem ser observados na tabela 05, onde cultivares como soja, milho e arroz além de gramíneas têm sido utilizadas com esta finalidade, avaliando-se então o rendimento e a incidência do mofo-branco do feijoeiro. O autor relata ainda nesta ocasião, em que o menor rendimento ocorrido utilizando-se a palhada do milho, pode ser devido à ocorrência do maior seqüestro de nitrogênio pela esta.

Tabela 05. Efeito de diferentes fontes de resíduo como cobertura morta sobre o rendimento do feijoeiro e incidência de mofo-branco. Santa Helena de Goiás-GO


Referências bibliográficas

AIDAR, H.; THUNG, M.; OLIVEIRA, I.P. de; KLUTHCOUSKI, J.; CARNEIRO, G.E.S.; SILVA, J.G. da; DEL PELOSO, M.J. Bean production and white mould incidence under no-till system. Annual Report of the Bean Improvement Cooperative, East Lansing, v. 43, p. 150-151, 2000.

AYARZA, M.A.;VILELA, L.; PIZARRO, E.A.; COSTA, P.H. da. Sistemas agropastoriles basados en leguminosas de usos múltiples. In: GUIMARÃES E,.P.; SANZ, J.I. RAO, I.M.; AMÉZQUITA, M.C.; AMÉZQUITA, E. (Ed.). Sistemas agropastoriles em sabanas tropicales de América Latina. Cali: CIAT; Brasília: Embrapa, 1999. p. 175-193.

KLUTHCOUSKI, J. et al. Sistema Santa Fé – Tecnologia Embrapa : integração lavoura-pecuária pelo consórcio de culturas anuais com forrageiras, em áreas de lavoura, nos sistemas plantio direto e convencional – Santo Antônio de Goiás : Embrapa Arroz e Feijão, 2000. 28 p. – (Circular Técnica / Embrapa Arroz e Feijão. ISSN 1516-8476 ; 38).

KLUTHCOUSKI, J.; YOKOYAMA, L.P.; Opções de Integração Lavoura-Pecuária. In: KLUTHCOUSKI, J.; STONES, L.F.; AIDAR, H. Integração Lavoura-Pecuária. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 570 p. 2003.

OLIVEIRA, I.P. et al. Sistema Barreirão uma opção de reforma de pastagem degradada utilizando associação cultura-forrageira. In: CECATO, et al. Simpósio internacional de forragicultura. Anais da XXXI Reunião anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, UF Maringá, 1994. 168 p.

A partir de 26 de abril de 2007, agricultores e pecuaristas poderão saber mais sobre técnica de integração que traz benefícios importantes para a atividade agropecuária, por meio do treinamento online Integração Lavoura Pecuária oferecido pela Formação Continuada AgriPoint.

O instrutor é o engenheiro agrônomo da Boviplan Consultoria Pecuária, M.Sc. Antony Hilgrove Monti Sewell, consultor que atua há mais de 20 anos em propriedades de diversos estados brasileiros.

As vantagens da utilização da integração entre lavoura e pecuária são percebidas em 4 segmentos: agronômico, pois recupera e mantém as características produtivas do solo; econômico, diversificando a oferta e obtém maiores rendimentos a menor custo e maior qualidade; ecológico, uma vez que reduz a erosão e a presença de plantas nocivas às espécies cultivadas, reduzindo a necessidade de defensivos agrícolas; e, por fim, social, promovendo maior geração de tributos, de empregos diretos e indiretos, além da fixar o homem ao campo.

Saiba mais, acessando: www.agripoint.com.br/lavoura_pecuaria/

0 Comments

  1. Dickson Martins Rodrigues Junior disse:

    Parabéns pela excelente e fundamentada pesquisa. Possuo um pivô central de 40 ha, nele planto a alguns anos tomate rasteiro. Temos obtido problemas com doenças nesta cultura, como, mofo branco e podridão de frutos.

    Plantei nesta safra 2005-2006 milho com produtividade de 8.900 kg/ha, em consórcio com braq. ruziziensis onde estabeleceu-se com ótima formação da área. Surpreendeu-me quando nesta pastagem coloquei vacas leiteiras a partir de maio/06.

    No momento estou dividindo a área em 10 piquetes através de cerca elétrica para aproveitamento no período das águas. Para 2007 espero que doenças na cultura do tomate rasteiro sejam minimizadas com esta prática. Recomendo a todos esta integração, pois traz muitos benefícios a um custo relativamente baixo.

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