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Integração lavoura-pecuária-floresta, um caso de sucesso

Um dos pontos curiosos é por que esse sistema não é difundido em larga escala e o que é necessário para começar ser, considerando que a técnica encontrada atualmente é viável, praticada no sistema Santa Brígida.

Em Ipameri, GO fica a Fazenda Santa Brígida, hoje referência em integração de culturas e considerada um desenvolvimento do sistema de integração lavoura pecuária (ILP) para o sistema de integração entre lavoura, pecuária e floresta (ILFP).

Considerando que a área total do país é de 850 milhões de hectares, que 347 milhões são agricultáveis (passíveis de produção) e que atualmente 211 milhões de hectares são de pastagens e 60% destes estão em algum estágio de degradação, a ILPF pode ser um caminho interessante para a recuperação sustentável e rentável de pastagens.

Em Goiás, local da fazenda Santa Brígida, 80% das pastagens encontram-se em estágios de degradação.

A recuperação de pastagens vem passando por diferentes sistemas que vêm sendo melhorados, desde a recuperação direta com preparo do solo com arado, até a integração praticada atualmente, de plantio de culturas de ciclo curto (milho, soja, etc) junto com o plantio da pastagem.

Além da recuperação de pastagens estar sendo melhorada, a integração para recuperação também vem se desenvolvendo. Já passou pelo sistema Barreirão, Santa Fé e hoje o sistema Santa Brígida é considerado a nova solução para recuperação de pastagens com melhor aproveitamento do solo e com maior rentabilidade, aproveitando a venda do grão para financiar o plantio da pastagem.

O sistema Santa Brígida começou a ser desenvolvido em 2002 quando a proprietária Marize Porto Costa decidiu recuperar os pastos degradados e foi em busca de uma forma diferente dos métodos tradicionais utilizados na região procurando uma maneira com maior viabilidade econômica, pois desde recuperar a pastagem, recriar, terminar e abater o gado é preciso um longo período.

Em 2005, Marize procurou a Embrapa de Goiânia e conheceu João Kluthcouski, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão – Goiânia, GO que sugeriu a ILP para recuperação das pastagens e Marize concordou, já que a receita da lavoura financiaria o plantio da pastagem.

No primeiro ano, foi plantada soja que pagou parte do investimento em máquinas. Logo após, foi plantado sorgo com um repasse para terminação de gado após sua colheita. Então foi iniciada a integração de milho com braquiária com plantio direto. Após a colheita do milho fez-se outro repasse para terminação de gado na pastagem e a partir daí a fazenda vêm integrando milho e pastagem com soja.

Não bastasse essa integração, o eucalipto foi introduzido na propriedade como investimento de longo-prazo para renda adicional além dos benefícios ambientais.

As árvores são plantadas em duas linhas com 24 metros entre linhas, onde no verão são plantados milho e braquiária ou soja, e no inverno há pasto verde para recria e terminação de animais. Devido ao regime de chuvas, a pastagem é utilizada de março a julho, quando parte dos animais são terminados em confinamento. A fazenda acaba produzindo o ano todo, mesmo durante a seca do cerrado.

O primeiro corte da floresta será em 2012 e Marize diz que a fonte de recursos para todo o processo de recuperação da propriedade foram financiamentos, principalmente do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal.

Para continuar a desenvolver o sistema Santa Brígida de ILPF, Marize disponibilizou para a Embrapa uma área de 60 ha de sua fazenda para experimentos de integração, onde são testados plantios de integração de pastagem com leguminosas.

Um dos pontos curiosos é por que esse sistema não é difundido em larga escala e o que é necessário para começar ser, considerando que a técnica encontrada atualmente é viável, praticada no sistema Santa Brígida.

Alguns pontos que se pode levantar como causa da não utilização de ILPF são a falta de habilidade em gestão empresarial na produção rural do país de maneira geral, e também a questão cultural de pecuaristas frente à agricultura. Além da questão de que o pecuarista tradicional não possui o maquinário necessário para prática de agricultura.

É interessante observar que no longo-prazo as tecnologias vêm se desenvolvendo e sua utilização vem aumentando conforme maior rentabilidade atingida. É como se a rentabilidade e a necessidade de aumento de produtividade viessem puxando a maior adoção de tecnologia.

O sistema Santa Brígida foi apresentado em evento do Núcleo Feminino do Agronegócio “Como ganhar com a ILFP?”, realizado no final de novembro, em São Paulo.

Estiveram presentes a Marize Porto Costa (fazenda Santa Brígida); Mônica Bergamaschi, Secretária de Agricultura de São Paulo; José Luís Coelho e Paulo Herrman, consultores da John Deere e Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex- ministro da Agricultura.

Matéria escrita por Marcelo Whately, analista do BeefPoint.

0 Comments

  1. HELIO ALVES DA SILVA disse:

      Parabens pela maneira como estao conduzindo suas pastagens. Estou iniciando

    ILP ,porem não temos conhecimento de melhor maneira de plantar o

    milho,se é junto ou em etapas separadas,pois nossos profissionais da área

    também não dominam essa tecnologia. Caso puder nos orientar,favor enviar

    telefone que entrarei em contato com sra . Marize Porto – Faz Sta Brígida.

    Estamos situado em Mato Grosso,região de pecuária -Porto Esperidião.

    Fico grato,aguardo resposta.

    Hélio A Silva   tel65  9989 3333

  2. WILLIAM PARRIÃO VASCONCELOS disse:

    Muito interessante, temos muito o que fazer, a agropecuaria tem q ser conduzida é dessa forma, integrando uma atividade com a outra aí sim torna – se uma atividade sustentavel.

  3. Fernando Penteado Cardoso disse:

    Dar nome a sistemas é um modismo que agrada os proprietários. Os seguintes procedimentos vêm dando certo embora não batizados:

    1-Pasto de inverno no intervalo de culturas sucessivas de soja.

    2-Pasto de inverno formado em consorciação no milho.

    3-Adubação de pasto pouco produtivo,   mas bem formado.

    Nos dois primeiros casos tem-se obtido até 2.000 l/ha  de leite ou 300 k/ha de ganho de peso, mais 4/5 t/ha  de matéria seca para o plantio direto subseqüente.

    No 3o. caso os experimentos provam que é econômico adubar com nitrogênio quando 1 kg de N custa menos que 2 kg. de peso vivo. Essa equação vem desde os tempos do IRI na década de 1950 e foi repetida pela Manah-Brotas nos anos 1980.

    Com relação à formação de pasto sombreado com eucalipto ou outro, a melhor observação foi da Votorantim nos anos 1990 em MG, experimento interrompido por orientação de obter a máxima fitomassa de lenho por ha para carvoaria.

    Os pastos sombreados podem suprir forragem palatável mais verde e tenra durante a seca, mas devem ter menor capacidade de sustento durante o verão, pois a sombra é redutora da fotossíntese. Falta medir as capacidades.

    No MS comprovou-se que a melhor espécie para sombra é a B.decumbens em rotação com a arbustiva leucaena. Eucalipto no espaçamento para celulose ou combustível deverá dificultar a pastagem por excesso de sombra. Todavia, após desbaste, árvores esparsas para produção de madeira de serraria permitem pastoreio concomitante, cuja capacidade por ha não é bem conhecida.

    O plantio de renques de árvores para madeira é uma tentativa um tanto romântica com sérios problemas de manejo. Boa observação pode ser feita na Faz. Gamada em Nova Canaã do Norte/ MT, onde várias espécies estão sendo testadas, com resultados ainda não determinados

    Fernando Penteado Cardoso- ESALQ-USP 1936- agrolida@uol.com.br

  4. Marcelo Alcantara Whately disse:

    Caro Sr. Fernando,

    Muito obrigado pelos comentários, é um prazer recebê-los de quem é referência no setor.

    Grande abraço,
    Marcelo Whately

  5. Fabio da silva fernandes disse:

    É muito importante difundir tecnologia.

    PARABEMS A TODOS

  6. EPAMINONDAS DE ANDRADE disse:

    Caro Fernando, observaçoes muito oportunas.

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