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Instituições têm programa para proteger Curraleiro

Um trabalho integrado entre a Embrapa, a Universidade Federal de Goiás e a Associação Brasileira de Criadores de Curraleiro – ABC Curraleiro, em Mara Rosa, GO, tenta livrar da ameaça de extinção, a raça bovina Curraleira, também conhecida como pé-duro. Essa foi a primeira raça efetivamente surgida no Brasil, resultante da miscigenação e adaptação aos diversos ecossistemas e, por ser um gado que habita o nosso país há mais de 400 anos, pode ser considerado um verdadeiro tesouro genético, já que traz características de adaptação e resistência às condições brasileiras.

Graças ao esforço desenvolvido em conjunto por diversas instituições, a raça Curraleira afasta-se cada vez mais do alto risco de extinção a que esteve submetida, uma vez que hoje já existem mais de 2 mil animais em todo o país, de acordo com levantamento feito pela ABC Curraleiro.

Mas ainda há muito a ser feito para garantir a sobrevivência dessa raça e, por isso, a Embrapa, a partir de quatro de suas 40 unidades de pesquisa – Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, DF; Meio Norte, em Teresina, PI; Gado de Corte, em Campo Grande, MS; e Pecuária Sudeste, em São Carlos, SP – em parceria com as instituições citadas acima, se lançou ao desafio de conservá-la desde a década de 80.

Duas recentes iniciativas nesse sentido foram a realização do I Seminário sobre a Raça Curraleira, organizado pela professora Maria Clorinda Fioravanti, da Universidade Federal de Goiás, em maio de 2005, e um dia de campo, coordenado pelo pesquisador Geraldo Magela Carvalho, na Embrapa Meio Norte, em São João do Piauí, no dia 31 de julho último.

No seminário, promovido por ocasião da Exposição Agropecuária de Goiânia, foram apresentados diversos resultados de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas com a raça, e também lançado o folheto “Gado Curraleiro: relação de criadores e aspectos gerais da raça”.

O dia de campo em São João do Piauí reuniu mais de 20 criadores da Associação dos Criadores Piauienses de Pé-duro e teve como objetivo divulgar as características positivas da raça para incentivar a sua criação no país, especialmente na região nordeste, já que é uma raça pequena e de baixo peso e, por isso, ideal para o semi-árido nordestino. Além disso, são animais dóceis, rústicos, resistentes a doenças e parasitas e, por isso, poderiam ocupar milhares de hectares de áreas desfavoráveis a outras raças, sem precisar de grandes investimentos por parte dos produtores.

Conservar é preciso

Mas nem mesmo tantos predicados favoráveis ao bovino Curraleiro foram suficientes para poupá-lo da ameaça da extinção. Essa e outras raças bovinas seculares, como Caracu, Mocho Nacional, Crioulo Lageano, e Junqueira, dentre outras, encontram-se no Brasil desde a colonização e, em função disso, foram adquirindo ao longo dos séculos características de rusticidade e adaptabilidade muito importantes para programas de melhoramento genético e cruzamentos industriais com raças especializadas para criação em regiões tropicais, subtropicais e semi-áridas do Brasil e de outros países.

Entretanto, foram sendo substituídas ao longo dos séculos por outras consideradas mais produtivas, o que quase causou o seu desaparecimento. Graças aos esforços de conservação desenvolvidos pela Embrapa, em parceria com associações de criadores e universidades, algumas dessas raças já estão livres do perigo de extinção, como a Caracu.

A Embrapa Meio Norte é responsável pela manutenção de um rebanho do gado Curraleiro, que hoje conta com cerca de 400 animais. Essa mesma Unidade, em parceria com a Embrapa Gado de Corte e a Embrapa Pecuária Sudeste, vem desenvolvendo também dois projetos de avaliação de cruzamentos, seleção, desenvolvimento ponderal e qualidade da carcaça.

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolve avaliações citogenéticas para a preservação dessa raça. A Unidade investe também na coleta e congelamento de sêmen e de embriões dos bovinos curraleiros para armazenamento em nitrogênio líquido do Banco de Germoplasma Animal, localizado em Brasília.

O pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Arthur Mariante, comenta o caso de uma fêmea Pé-Duro do Núcleo de Conservação da Embrapa Meio Norte, com vinte anos de idade, que ao longo de sua vida produziu um bezerro por ano, lembrando que a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia vai investir na avaliação genética dessa fêmea em particular.

“Quem sabe, em um futuro próximo, ela não possa ser incluída entre as candidatas à clonagem pela equipe de reprodução animal da nossa Unidade da Embrapa”, desafia o pesquisador.

Fonte: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, adaptado por Equipe BeefPoint

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