Confiança e compras de carne dos EUA em níveis recordes
26 de março de 2021
Inspetorias de defesa agropecuária receberão 62 novos veículos no RS
29 de março de 2021

Iniciativa prevê assegurar US$ 3 bi à produção no campo sem desmatamento

Uma ação conjunta de organizações internacionais pretende catalisar US$ 3 bilhões em financiamentos para a produção de soja e a criação de gado que garantam zero impacto sobre as vegetações nativas de três biomas da América do Sul: Amazônia, Cerrado e Chaco. A ação está sendo organizada pela Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma FI), pela Tropical Forest Alliance (TFA), braço do Fórum Econômico Mundial voltado à preservação de florestas, e pela The Nature Conservancy (TNC).

A iniciativa – batizada de Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês) – pretende apoiar o desenvolvimento de novos instrumentos financeiros que incentivem investimentos no Brasil, no Paraguai e na Argentina sem desmate. A meta de curto prazo do grupo é assegurar, até 2023, US$ 200 milhões em financiamentos com os novos instrumentos.

“Queremos trazer capital público e privado para fornecer diferentes tipos de incentivos e financiar formas de manter habitats naturais. A ideia é aliar o desenvolvimento sem desmatamento, mantendo habitats e garantindo as atividades econômicas”, disse Eric Usher, chefe do Pnuma FI.

Segundo o executivo, a maior parte dos instrumentos deverá ser impulsionada pelo setor privado e deve consistir na criação de novos incentivos para a produção que não desmate. A ação pretende engajar não apenas bancos, mas também investidores e empresas, com apoio da rede de contatos do Pnuma FI, e dos eventos como a COP 26 e o UN Food Systems Summ

O assunto já começou a ser tratado em encontros com o setor privado, como na reunião realizada na semana passada com CEOs de companhias do agronegócio organizada pelo Pacto Global da ONU, braço das Nações Unidas voltadas ao engajamento do setor privado. No Brasil, as empresas do setor têm sido cada vez mais pressionadas por clientes, investidores e países contra o desmatamento não só em seus sistemas de produção, mas em toda a cadeia em que atuam.

A iniciativa das três organizações internacionais resulta também de uma mobilização iniciada há dois anos, quando 130 bancos, incluindo quatro brasileiros, assinaram uma carta com os Princípios de Iniciativa Financeira para responsabilidade bancária.

O Pnuma FI já vem atuando no desenvolvimento de avaliações de risco ambiental para instituições financeiras e em formas de mensuração de impacto. No ano passado, a organização treinou bancos para avaliar práticas de gestão de risco relacionadas a riscos de desmatamento. Segundo Usher, os bancos já têm mais capacidade de avaliação de risco, e é preciso agora avançar na medição de impacto – negativo ou positivo.

Usher defende que a comunidade financeira – bancos e também investidores – tem que ter uma “abordagem holística” aos negócios que apoiam, e não apenas a projetos de investimento isolados classificados como sustentáveis. “Devemos mudar o foco de transações verdes para instituições verdes”, sustentou. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que é preciso ter uma visão para a transição verde ao longo do tempo, compreendendo toda a atividade da companhia.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress