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Influência do local de deposição do embrião e da morfologia do corno uterino sobre a taxa de concepção de receptoras bovinas

O emprego de biotecnologias tem auxiliado e acelerado muito o ganho genético de bovinos. Dentre tais biotécnicas destaca-se a transferência de embriões (TE), que vem sendo largamente utilizada em grande número de países. De acordo com Land e Hill (1975), o emprego da múltipla ovulação e transferência de embriões (MOET) aumenta em quase duas vezes a taxa de ganho genético obtida com as estratégias de cruzamento tradicional em um rebanho. Embora haja controvérsias quanto ao local da deposição do embrião no momento da TE (porção mais adequada do corno uterino), Pieroni et al. (2008) não verificaram diferença na taxa de concepção de receptoras quando embriões foram inovulados nas porções cranial, média ou caudal do corno uterino ipsilateral (mesmo lado) ao corpo lúteo.

O emprego de biotecnologias tem auxiliado e acelerado muito o ganho genético de bovinos. Dentre tais biotécnicas destaca-se a transferência de embriões (TE), que vem sendo largamente utilizada em grande número de países. De acordo com Land e Hill (1975), o emprego da múltipla ovulação e transferência de embriões (MOET) aumenta em quase duas vezes a taxa de ganho genético obtida com as estratégias de cruzamento tradicional em um rebanho. Neste contexto, a receptora tem um importante papel para o sucesso dos programas de TE, sendo que o melhor aproveitamento destes animais tem grande impacto econômico nas propriedades, especialmente devido ao seu alto custo de manutenção.

Embora haja controvérsias quanto ao local da deposição do embrião no momento da TE (porção mais adequada do corno uterino), Pieroni et al. (2008) não verificaram diferença na taxa de concepção de receptoras quando embriões foram inovulados nas porções cranial, média ou caudal do corno uterino ipsilateral (mesmo lado) ao corpo lúteo. Com base neste aspecto, o objetivo deste artigo será discutir dois trabalhos nos quais foram avaliados 1) o efeito do local de inovulação na taxa de concepção de receptoras de embrião (Pieroni et al. 2008; Experimento 1) e 2) a morfologia comparativa dessas porções uterinas para verificação de fatores morfofuncionais que pudessem interferir no ambiente uterino no momento da TE (Pieroni et al. 2009; Experimento 2).

No Experimento 1, foram utilizadas 600 receptoras (vacas Holandesas repetidoras de serviço, com ≥ 4 serviços) divididas aleatoriamente em 6 grupos experimentais (100 animais/grupo), seguindo um delineamento em fatorial 2×3, no qual foram considerados o tipo de embrião (fresco ou congelado/descongelado) e o local de inovulação no corno uterino (porção cranial, média ou caudal). Para a produção dos embriões, foram selecionadas doadoras Holandesas da mesma fazenda, as quais foram submetidas à múltipla ovulação seguida de inseminação artificial em tempo fixo e colheita de embriões. Foram transferidos embriões de qualidade I, II e III, dentre os quais 62,2% eram mórulas e 37,8% blastocistos. Como receptoras dos embriões, foram utilizadas fêmeas que apresentaram cio natural, induzido por aplicação de prostaglandina ou que foram sincronizadas para transferência de embrião em tempo fixo (TETF). Todas as transferências foram realizadas por um único veterinário experiente. O diagnóstico de gestação foi realizado por ultrassonografia 20 dias após a TE e a confirmação de prenhez foi efetuada por palpação transretal aos 50 dias de gestação. Os resultados estão apresentados nas tabelas abaixo (Tabela 1 e 2).

Tabela 1. Taxa de concepção de vacas Holandesas repetidoras de serviço utilizadas como receptoras de embriões frescos, de acordo com o local de inovulação (porção cranial, média ou caudal; adaptado de Pieroni et al., 2008)

Tabela 2. Taxa de concepção de vacas Holandesas repetidoras de serviço utilizadas como receptoras de embriões congelados, de acordo com o local de inovulação (porção cranial, média ou caudal; adaptado Pieroni et al., 2008)

No experimento 2, nove novilhas mestiças, sincronizadas pela administração de 150 μg de d-cloprostenol, foram abatidas entre o 6º e 8º dia do ciclo estral, simulando as condições uterinas (fase do ciclo) de uma receptora de embrião no dia da TE. Fragmentos das porções cranial, média e caudal do corno uterino ipsilateral e contralateral ao CL foram colhidos e submetidos à avaliações histológicas (do grego hystos = tecido + logos = estudo) pelas técnicas de microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura.

A análise histológica mostrou padrão morfológico similar em todas as porções uterinas avaliadas, sendo que o endométrio apresentou epitélio cilíndrico simples ciliado e não ciliado intercalado com áreas de pseudoestratificado. No tecido sub-epitelial de ambos os cornos uterinos notou-se grande quantidade de glândulas endometriais. Não se observou diferença na quantidade de vasos sanguíneos no corno do mesmo lado do corpo lúteo. Entretanto, ao comparar a vascularização de cada porção dos dois cornos, os autores constataram menor vascularização na porção cranial e caudal do corno contralateral em relação ao ipsilateral ao corpo lúteo (Tabela 3).

Tabela 3. Contagem de vasos sanguíneos (média ± erro padrão), de acordo com as porções cranial, média e caudal do corno uterino ipsilateral e contralateral ao corpo lúteo (adaptado Pieroni et al., 2009)

Quando os autores avaliaram os resultados obtidos pela análise com microscópio eletrônico de varredura, não foi observada diferença entre as três porções uterinas analisadas, tanto do lado adjacente quanto do lado oposto ao CL. A superfície epitelial revelou-se revestida por células secretoras e em menor quantidade por células ciliadas.

Os autores concluem que para receptoras Holandesas repetidoras de serviço, as taxas de concepção após a transferência de embriões produzidos in vivo, sejam eles frescos ou congelados/descongelados, não sofreram influência do local de deposição dos embriões no corno uterino ipsilateral ao corpo lúteo. Assim, sugere-se que a TE pode ser realizada em qualquer porção do corno uterino adjacente ao ovário contendo o corpo lúteo, com semelhante eficiência em termos de concepção. Esse resultado foi também confirmado pelas análises histológicas.

Em conclusão, foi possível verificar que o local de inovulação do embrião pouco alterou a taxa de concepção. Esse resultado é de extrema importância prática quando se está utilizando embriões de alto valor econômico, a inovulação está um pouco dificultosa, ou se tem pouca prática de TE, pois assim podemos supor que é melhor depositar o embrião em porções mais caudais do útero do que tentar avançar para porções mais craniais exercendo exagerada manipulação uterina e até mesmo causando lesões na mucosa do corno uterino e sangramento, o que acarretará em menor taxa de concepção. No entanto, deve-se também ter consciência que mais estudos com esse enfoque são necessários para a confirmação total desses dados.

0 Comments

  1. Ronaldo Mendonça dos Santos disse:

    Parabenizo pelo excelente artigo é isso ai precisamos de inovações nas biotecnologias da reprodução.

    Att.,
    Ronaldo Mendonça do Santos.

  2. Henderson Ayres disse:

    Prezado Ronaldo Mendoça dos Santos
    muito obrigado

  3. pedro henrique dos santos vieira disse:

    Caro Henderson. Excelente trabalho. Talvez, esses dados alterem alguns pré conceitos existentes sobre o melhor local para se inovular o embrião.

  4. João Vicente Teixeira Granero disse:

    Muito bom… e obrigado por ajudar na minha formação
    João Vicente T. Granero

  5. ANdre Jose Diegoli disse:

    ola. gostaria de saber se há algum trabalho referete à transporte de embrioes a fresco e sobre a inovulação de embrioes de doadoras leiteiras em receptotas zebu, mais especificamente nelore.

    des de já agradeço.

  6. Henderson Ayres disse:

    Prezado ANdre Jose Diegoli

    desconheço trabalho cientifico onde foi estuda o transporte de embriões fresco. Quanto ao uso de receptoras zebu, realizamos pesquisas em uma fazenda comercial de leite, onde o produtor mantem um plantei de Nelore, onde são inovulados embriões de vacas Holandesas, as taxas desta fazenda são muito boas e superiores quando comparado com receptoras Holandesas. Também, a utilização receptoras meio sangue pode ser uma boa alternativa.

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