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31 de outubro de 2009

Influência da expressão de estro na taxa de concepção de vacas de corte submetidas à IATF

No artigo "Fatores associados à resposta ovariana e à fertilidade de vacas de corte submetidas à IATF" publicado no dia 30 de setembro de 2008, apresentamos fatores que podem afetar a resposta aos protocolos para inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Neste mês iremos apresentar outro trabalho desenvolvido pelo nosso grupo de pesquisa, cujo objetivo foi estudar o efeito da exibição de estro (cio) na taxa de concepção de vacas Nelores submetidas à IATF.

No artigo “Fatores associados à resposta ovariana e à fertilidade de vacas de corte submetidas à IATF” publicado no dia 30 de setembro de 2008, apresentamos fatores que podem afetar a resposta aos protocolos para inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Neste mês iremos apresentar outro trabalho desenvolvido pelo nosso grupo de pesquisa, cujo objetivo foi estudar o efeito da exibição de estro (cio) na taxa de concepção de vacas Nelores submetidas à IATF.

Sabe-se que o uso de ferramentas práticas que possibilitem maximizar a produtividade da fazenda é de extrema necessidade na atualidade. Assim, a avaliação do efeito da exibição de estro em protocolos de IATF em vacas Nelore (Sá Filho et al., IRAC 2009) pode esclarecer a importância desse parâmetro na eficiência de resposta a esses protocolos, potencializando seu uso em situações específicas.

Nesse estudo, três experimentos foram realizados. No Experimento 1 foram utilizadas 638 vacas tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona associado ao benzoato de estradiol no início do protocolo (D0). No dia 8, o dispositivo intravaginal foi removido e PGF2α, eCG e cipionato de estradiol (CE) foram administrados. Neste mesmo momento, todos os animais foram marcados dorsalmente com bastão marcador entre a tuberosidade sacral e a inserção da cauda e, 54 horas após, foram inseminados em tempo fixo. Os animais que apresentaram remoção da tinta na região marcada (exibição de estro) apresentaram taxa de concepção maior (62,5%; 283/453) que os animais que não exibiram estro (40,6%; 69/170; P<0,0001). No Experimento 2 foram utilizadas 286 vacas para avaliar o efeito do uso de estradiol na taxa de exibição de estro. Os animais foram tratados com um dispositivo intravaginal de progesterona associado ao benzoato de estradiol no início do protocolo (D0). No dia 8, todas as vacas tiveram o dispositivo intravaginal removido e receberam uma dose de PGF e eCG. Neste mesmo momento, os animais foram divididos em três grupos: Grupo GnRH (n=99; uma dose de GnRH no momento da FTAI), Gupo CE (n=93; 0,6 mg de cipionato de estradiol no momento da retirada do dispositivo de progesterona) e Grupo CE+GnRH (n=94; ambos os tratamentos). Assim como no Experimento 1, todos animais foram marcadas com bastão marcador e inseminados em tempo fixo. Após a análise dos dados, observou-se que o uso do cipionato de estradiol aumentou a porcentagem de vacas que exibiram estro [CE=74,1% (69/93); CE+GnRH=66,0% (62/94) e GnRH=33,3% (33/99); (P<0,0001)]. Entretanto, a taxa de concepção foi semelhante entre os três grupos [CE=49,5% (46/93), CE+GnRH=51,1% (48/94) e GnRH=38,4% (38/99); P=0,84]. No Experimento 3 foram utilizadas 726 vacas para avaliar o efeito do uso de GnRH e da taxa de exibição de estro associados ou isoladamente. Os animais foram tratados com o mesmo protocolo do Experimento 1 e foram marcados da mesma maneira e no mesmo momento. No momento da IATF, metade dos animais que exibiram estro e metade dos que não exibiram receberam uma dose GnRH, já a outra metade não recebeu GnRH. A taxa de concepção dos animais que exibiram estro foi maior (61.9%; 258/417) que dos animais que não exibiram (41.4%; 128/309, (P<0,0001)). Entretanto, o tratamento com GnRH não afetou a taxa de concepção [com GnRH = 53.7% (197/367) vs. sem GnRH= 52.6% (189/359), P=0,55]. Em conclusão, o aumento da expressão de estro pode ser uma estratégia interessante para aumentar as taxas de prenhes após IATF em vacas Bos indicus lactantes. O uso de bastões marcadores pode ser uma alternativa prática e econômica para detectar a expressão de estro durante programas de IATF. Ainda, o registro da expressão de estro pode ser usado como importante ferramenta para otimizar o uso de doses caras de sêmen ou no emprego de sêmen de qualidade superior ou ainda de sêmen sexado.

0 Comments

  1. RONNIE VALDO MENDES BRITO disse:

    Ayres na prática seria o caso de observar o cio com rufiões apos retirada do dispositivo e inseminar somente as vacas que apresentaram cio ? Este manejo pode economizar aplicação de doses de semen aumentando a taxa de serviço ?

  2. Douglas Cavalheiro Pfau disse:

    Opa, importante este trabalho, pois já tinha observado isto aqui na prática, parabéns…….

    Tenho colocado rufiões, mais vejo q eles ficam um pouco “perdidos”, pois sabemos q tem algumas fmeas q aceitam a monta varias vezes….ok

    Como seria este bastões marcadores ?

  3. Douglas Cavalheiro Pfau disse:

    Outra coisa, este animais q foram observados em estro foram inseminados antes dos q não entram em estro, houve um aparte pra insemina-los, ou não…???

  4. Henderson Ayres disse:

    Prezado Douglas Cavalheiro Pfau

    obrigado pelas consideracoes.

    Como foi comentado no artigo, todos os animais foram inseminados em tempo fixo 54 horas apos a retirada do dispositivo de progesterona.

  5. Enrico Lippi Ortolani disse:

    Prezado Henderson e Roberta
    Gostaria de cumprimentá-los pelo excelente artigo. Este assunto está na crista da onda e muito se discute sobre ele. Suas colocações são muito elucidativas.

    Parabéns !!!

    Enrico Lippi Ortolani
    Prof. Titular da FMVZ-USP
    São Paulo

  6. Henderson Ayres disse:

    Prezado Enrico Lippi Ortolani
    Muito obrigado pelas colocações.

  7. Ronaldo Mendonça dos Santos disse:

    Qual a explicação endocrinofisiologica para este aumento na taxa de prenhez? A manifestação deste cio não poderia ser “mascarado” pela aplicação de ECP? Este medicamento não poderia levar a manifestação de cio acompanhado ou não de ovulação?

    Atenciosamente,
    Ronaldo Mendonça dos Santos.

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