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Inflação da carne perde força e núcleos indicam cenário tranquilo

A forte descompressão nos preços das carnes em janeiro e o comportamento favorável dos núcleos dos índices reforçam um horizonte benigno para a inflação, apesar do choque no fim de 2019. Alívios na conta de luz e em combustíveis devem oferecer contribuição adicional já nos próximos meses, segundo analistas. Em 12 meses, a média de sete núcleos, medidas que buscam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis, está abaixo de 3%, bastante inferior à meta deste ano, de 4%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,21% em janeiro, após avançar 1,15% em dezembro. O resultado veio bem abaixo da mediana de 0,35% das projeções colhidas pelo Valor Data e foi o menor para o mês desde o início do Plano Real, em 1994.

O preço das carnes recuou 4,03%, após subir 18,08% em dezembro, e representou o maior impacto negativo do índice, retirando 0,11 ponto percentual. “O choque no fim de 2019 foi intenso, mas também restrito no ano calendário. Já começamos 2020 de um patamar mais baixo e devolvendo um pedacinho do choque”, afirma Julia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

No acumulado em 12 meses até janeiro, a inflação passou para 4,19%, ante 4,31%. O índice segue acima do centro da meta deste ano, de 4%, mas medidas acompanhadas para avaliar tendências e reflexos da atividade sobre os preços operam abaixo disso. “Essa alta para 4,3% no ano passado pode ter assustado, mas o importante é destacar que entre março e abril vai voltar a rodar entre 3% e 3,3%. Vamos tirar da conta a alta de 0,75% de março de 2019 e incluir março deste ano, para o qual, por ora, projetamos 0,10%”, diz Julia.

A média de sete núcleos de inflação desacelerou de 3% para 2,87% nos 12 meses até janeiro, segundo a Rosenberg Associados. O IPCA-EX2, que reúne serviços, alimentos e bens industriais mais sensíveis ao ciclo econômico, passou de 2,67% para 2,55%. Já o IPCA-EX3, que descarta os alimentos dos itens que fazem parte do IPCA-EX2, foi de 2,88% a 2,71%.

A inflação dos serviços, por sua vez, desacelerou de 3,51% para 3,28%, enquanto serviços subjacentes, que não contabilizam itens de cursos, comunicação, serviços domésticos e turismo, foi de 3,55% para 3,40%. “É o quadro de recuperação devagar, principalmente no mercado de trabalho, que tem informalidade ainda muito alta, com trabalhadores que ganham menos. Há um quadro de demanda enfraquecida, o que ajuda a manter os serviços sensíveis à atividade em nível abaixo da inflação”, diz Márcio Milan, da Tendências Consultoria Integrada.

Em fevereiro, contribuições baixistas devem vir dos grupos de alimentação e de transportes, com destaque para recuos nos preços das carnes e dos combustíveis, este último refletindo a redução anunciada pela Petrobras nas refinarias. Além disso, haverá bandeira verde para energia, o que não impõe cobrança extra à conta de luz e ajuda a retirar 0,10 ponto percentual do IPCA do mês, nas contas do Itaú. O banco projeta inflação de 0,17% em fevereiro e de 3,3% no ano.

As sinalizações de janeiro fizeram a LCA Consultores cortar a projeção de IPCA para este mês de 0,05% para 0,01%, e o economista Fabio Romão não descarta chance de deflação. A previsão para 2020 foi de 3,2% para 3,1%. “Havia discussão no mercado se ficaria mais perto de 3,5% ou 3%, entendo que pode haver migração para apostas mais perto de 3% .

Fonte: Valor Econômico.

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