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Infecção umbelical em bezerros de corte

Iveraldo Dutra1 e Luiz Carlos Louzada Ferreira2

Uma das preocupações iniciais na criação de bezerros é com a ingestão de colostro pelos animais recém-nascidos e com a desinfecção do umbigo. A desinfecção correta do umbigo logo após o nascimento dos animais é um diferencial que pode significar bom desempenho, saúde e contribuir significativamente na diminuição da mortalidade de bezerros.

As infecções umbelicais (onfalites) mais freqüentes são provocadas por Staphylococcus, Streptococcus, Actinomyces pyogenes e outros microrganismos de menor importância. Em decorrência da onfalite, podem surgir casos de infecções nas articulações (artrite e poliartrite) dos animais e abscessos hepáticos, podendo inclusive levar o animal à morte.

Em decorrência da incorreta desinfecção umbelical podem surgir ainda miíases, causadas pela Cochliomyia hominivorax.

Dentre as espécies animais os bovinos são os mais susceptíveis à infecção umbelical. Praticamente inexistem trabalhos sistemáticos na literatura nacional sobre o registro da freqüência com que estas infecções ocorrem e os seus prejuízos econômicos. Relatos de Riet-Corrêa (1998) no Rio Grande do Sul apontam somente a ocorrência de miíases e artrites em até 10% dos animais. Em levantamentos ocasionais para avaliar a eficácia da desinfecção do umbigo em propriedades de corte situadas no Estado de São Paulo, até 35% dos bezerros apresentaram algum grau de infecção umbelical e eventualmente miíase.

Os sinais clínicos da onfalite são caracterizados pelo aumento de volume (Figura 1a), dor à palpação e eventualmente secreção purulenta. Na miíase ocorre, além do aumento de volume no local, o sangramento (Figura 1b). O bezerro apresenta-se deprimido e afasta-se do rebanho. Quando há o envolvimento das articulações, em função do desenvolvimento de artrite ou poliartrite, os animais apresentam dificuldade na locomoção com claudicação. No caso em que haja o desenvolvimento de abscessos hepáticos, somente a necrópsia pode revelar a infecção.

Figura 1. Infecção umbelical de bezerro, com formação de abscesso bacteriano (a) e miíase (b). Desinfecção do cordão umbelical de bezerro pela utilização de iodo

A profilaxia, tanto das infecções bacterianas como das miíases, pode ser realizada satisfatoriamente através da correta desinfecção umbelical com substância cáustica e que preferencialmente mumifique o cordão umbelical. Nesse sentido, solução de iodo a 5-10%, ácido pícrico (5%) ou mesmo produtos devidamente formulados, são eficientes quando a finalidade é realizar a cura do umbigo ao nascimento. A limpeza, corte do cordão, seguida da aplicação no seu interior da substância (Figura 1c e 1d) são operações necessárias para a correta desinfecção do cordão. A aplicação externa de repelente com larvicida ou a utilização de endectocida evita a miíase.

Os antibióticos e quimioterápicos de eleição para tratamento das infecções umbelicais e eventualmente artrites são a tetraciclina, as sulfas e a associação penicilina/estreptomicina. Em caso de miíase a utilização de endectocida facilita a recuperação, além da facilidade operacional.

Comentário Beefpoint: O treinamento de pessoal, com a finalidade de capacitá-los para a execução correta da desinfecção do umbigo do neonato, é um investimento que tem retorno garantido. Quando compreendido de maneira inteligente pelo administrador e pelos operadores e supervisores do gado e, executado corretamente, traz um diferencial importante na criação de bezerros. As conseqüências imediatas certamente refletirão sobre a diminuição do coeficiente de mortalidade, melhor desempenho dos animais e diminuição de gastos com o tratamento.

Literatura consultada: Riet-Correa et al. 1998. Doenças dos ruminantes e eqüinos. Editora Universitária, Pelotas, RS. 658 p.
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1Professor Adjunto do DAPSA, Unesp, Campus de Araçatuba, SP
2Médico Veterinário autônomo, Campo Grande, MS

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