A chamada inflação de “porta de fábrica”, sem impostos e fretes, subiu 19,40% em 2020, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em 2014. Em 2019, o aumento tinha sido de 5,19%. Até novembro de 2020, o resultado acumulado em 12 meses era de 18,91%.
Em dezembro, os preços subiram 0,41% frente a novembro. O movimento aponta desaceleração da alta. Em outubro, o indicador tinha alcançado 3,41%, a maior alta da série. Em novembro, a variação ficou em 1,38%. O IBGE informou hoje revisão do número: a variação tinha sido de 1,39% na divulgação do mês passado. Em dezembro, 17 das 24 atividades tiveram alta de preços, contra 18 no mês anterior.
O IPP da indústria é formado por dois índices: o da indústria de transformação e o da indústria extrativa. A taxa na indústria de transformação ficou em 18,18% em 2020 – com alta de 0,51% em dezembro. O IPP da indústria extrativa foi de 45,35% em 2020 – com deflação de 1,28% em dezembro.
Alimentos
A indústria de alimentos foi a que mais pressionou o IPP em 2020.
Da alta de 19,40% do IPP da indústria geral em 2020, os alimentos responderam por 7,11 pontos percentuais, o que corresponde a cerca de 36% da variação. Com impacto do aumento de demanda durante a pandemia e das altas na cotação do dólar, os preços do setor de alimentos pelo IPP avançaram 30,23% em 2020. Esta valorização também é a maior da série histórica da pesquisa, que no caso da indústria de alimentos começou em 2010.
O IBGE citou o problema de abastecimento de arroz, o câmbio e particularidades no comportamento do mercado internacional para os derivados de soja e de cana-de-açúcar e as carnes de modo geral para o comportamento dos preços de alimentos em 2020. Em dezembro, os preços do setor tiveram deflação de 1,17%, o primeiro resultado negativo desde junho (0,73%).
A segunda maior influência para o IPP da indústria geral em 2020 veio das indústrias extrativas, que responderam por 2,04 ponto percentual do índice, com alta de 45,35%, também a maior da série histórica. No resultado de dezembro, houve deflação de 1,28% – a segunda seguida – puxada pela queda no preço de minério de ferro, que tem peso de 37,68% no setor. A metalurgia, por sua vez, foi terceira maior influência para o IPP geral, com parcela de 2 pontos percentuais e variação de 34,36%, também recorde.
Quando se considera a influência por categoria de uso, o maior peso veio de bens intermediários, com alta de 24,41% (13,05 pontos percentuais), seguido por bens de consumo, cujos preços subiram 13,18% (impacto de 5,15 pontos percentuais). Já os bens de capitais tiveram variação de 16,10% nos preços, com influência de 1,20 ponto percentual
Fonte: Valor Econômico.