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Indicador vai comparar esforços da cadeia da carne para evitar desmatamento na Amazônia

Um novo indicador vai comparar os esforços de frigoríficos e redes varejistas que atuam na Amazônia para desvincular a criação de gado do desmatamento no bioma. A iniciativa, batizada de Radar Verde, será conduzida pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e pelo Instituto O Mundo Que Queremos, e pretende manter os consumidores informados sobre as ações da inciativa privada.

O índice será calculado anualmente com base em questionários enviados a todos os frigoríficos com inspeção sanitária federal (SIF) ou estadual (SIE) e a varejistas da Amazônia Legal. Neste primeiro ano, serão convocados a responder o questionário cerca de 113 empresas donas das plantas frigoríficas que atuam na região e os 70 maiores supermercados, de acordo com lista da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

“O índice visa diferenciar as empresas mais avançadas em transparência e governança. Vamos destacar as melhores práticas e ajudar consumidores, investidores e reguladores a diferenciar as empresas”, afirmou Alexandre Mansur, diretor do Instituto O Mundo Que Queremos, em apresentação virtual de lançamento da iniciativa. 

O Radar Verde é mais uma iniciativa que tenta coibir a derrubada de florestas para dar lugar a pasto. Há 13 anos, o Ministério Público Federal (MPF) deu início ao Carne Legal, que levou diversos frigoríficos a assinarem Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) comprometendo-se a não comprar gado de áreas desmatadas. 

Segundo Ritaumaria Pereira, diretora executiva do Imazon, 56% da capacidade frigorífica instalada na Amazônia está sob o TAC da Carne, o que leva os abatedouros que não assinaram o compromisso a uma “concorrência desleal” com os que assinaram. Ela lembrou que pesquisas mostram que, desde 2009, os fornecedores diretos na região reduziram seu desmate em até 85%, mas ainda assim o desmatamento continuou crescendo a partir de 2012, em parte por causa da invisibilidade dos fornecedores indiretos. 

No Radar Verde, as empresas terão que responder as questões e apresentar evidências de suas ações com relação a fornecedores diretos e indiretos de gado. Serão questionados, por exemplo, o percentual de compras aderentes às políticas sustentáveis de compra e o resultado das auditorias. 

Serão avaliadas tanto a existência de políticas para evitar o desmate na cadeia de fornecimento quanto a execução destas políticas. A nota final de cada companhia será composta pela avaliação da existência de políticas, com peso de 20%, e pelo desempenho da efetivação dos compromissos, com peso de 80%. 

A nota das empresas vai variar de 0 a 100. Notas abaixo de 30 serão consideradas “muito baixas”, de 30 a 49 serão “baixas”, de 50 a 69 serão “intermediárias”, de 70 a 89 serão “altas”, e acima de 90, “muito altas”. O resultado do Radar Verde deste ano será divulgado no segundo semestre. 

A iniciativa é financiada pelo governo da Noruega e pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), e também contou com parceria do ReclameAqui e do portal “O Eco”.

Fonte: Valor Econômico.

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