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IATF: fatores que contribuem e otimizam resultados em fazendas de corte

Por Renato W. Girotto – Diretor RG Genética Avançada e José Nélio Sales – Professor adjunto da Universidade Federal da Paraíba

Na pecuária moderna, a busca pela alta produtividade se esbarra na eficiência reprodutiva. Dados do ANUALPEC (2010) demonstram que o rebanho brasileiro apresenta baixos índices reprodutivos, sendo o intervalo de partos de aproximadamente 17 meses, muito aquém do ideal que seria a produção de um bezerro por ano. No entanto, atualmente existem biotecnologias que aumentam a eficiência reprodutiva do rebanho de corte, com destaque para inseminação artificial em tempo fixo (IATF).

Os protocolos de IATF já estão bem estabelecidos e com suas particularidades conhecidas das diferentes categorias animais. Para a realização de um protocolo de IATF três premissas devem ser observadas para promover a sincronização da ovulação e controle da função luteínica. A primeira premissa consiste em sincronizar a emergência de uma nova onda de crescimento folicular por indução da ovulação (GnRH, LH ou hCG) ou por atresia folicular (progesterona e estradiol), essa última mais utilizada em gado de corte.

A segunda premissa consiste em controlar a concentração de progesterona por do uso de agentes luteolíticos (prostaglandina F2a e estrógenos) e pela administração exógena de progesterona por meio de dispositivos/implantes de liberação lenta. Por fim, a terceira premissa é induzir a ovulação sincronizada do folículo dominante ao final do tratamento com estrógenos (benzoato ou cipionato de estradiol). Apesar de atendida tais premissas, alguns fatores ainda interferem no resultado da IATF, como estação de monta com IATF, mês de parição e categoria animal.

Dados de campo em algumas fazendas tem demonstrado que o uso da IATF interfere positivamente no resultado da próxima estação de monta (Figura 1). Tais observações se devem a sucessivas antecipações no momento da concepção promovido pelo uso da IATF. Além disso, as fazendas, que adotam tal técnica, começam a apresentar maior controle sobre todos o processo produtivo, identificando os pontos críticos e propondo novas ações que aumenta a eficiência do sistema.

Figura 1: Taxa de prenhez de vacas nelore submetidas a programa de IATF de acordo com a estação de monta. Faz. Sto Antônio, Araguaiana/MT

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.03.48

Outro fator que pode interferir na taxa de prenhez da IATF é o mês da parição. Na figura 2, observa-se que as vacas que tem o parto durante a estação apresentam redução na taxa de prenhez em relação as que pariram antes ou no início da estação de monta. Porém, essa relação não se aplica a vacas primíparas, pois a antecipação do parto em relação ao início da estação de monta pode comprometer os resultados na IATF devido aos efeitos mais pronunciados do balanço energético negativo nessa categoria animal.

Figura 2 – Taxa de prenhez de vacas nelore submetidas a IATF de acordo com o mês de parição na estação de monta 2013/14. Faz. Sto Antônio, Araguaiana/MT

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.04.14

Em vacas primíparas submetidas à pastejo extensivo, a ingestão de nutrientes no período pós parto não é suficiente para atender às exigências metabólicas de mantença, crescimento corporal e lactação, o que acentua o anestro pós parto e o torna ainda mais prolongado. Atualmente, estratégias nutricionais no pré e pós parto podem interferir positivamente nos resultados da IATF em primíparas.

Na figura 3, observa-se a evolução positiva na taxa de prenhez entre estações de monta de uma fazenda no qual foram adotadas medidas nutricionais e estratégias de manejo como ajuste do período de estação de monta (Fig. 4) e nota de corte para ECC (Escore de Condição Corporal) no terço final da gestação (Fig. 5) que alavancaram os índices reprodutivos nessa categoria animal que normalmente observamos grande comprometimento na eficiência reprodutiva.

Figura 3: Taxa de prenhez de vacas nelore primíparas submetidas a IATF de acordo com a estação de monta. Faz. Sto Antônio, Araguaiana/MT. 2014

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.04.53

Gráfico 4: Distribuição de parição de vacas nelore primíparas submetidas a IATF de acordo com a Estação de monta. Faz. Sto Antônio, Araguaiana/MT 2014

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.05.07

Gráfico 5: Distribuição de ECC de vacas nelore primíparas submetidas a IATF de acordo com a Estação de monta. Faz. Sto Antônio, Araguaiana/MT 2014

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.05.18

E uma opção de manejo que vem se destacando na atualidade é a ressincronização. Esta tem despertado o interesse de muitos técnicos e pesquisadores que trabalham com manejo reprodutivo de fêmeas de corte (Marques et al., 2012). Tal técnica consiste no uso do protocolo de IATF, associado ao diagnóstico precoce de gestação (próximo de 30 dias após IA) e à subsequente ressincronização das fêmeas vazias. Dentre as vantagens podemos citar a maximização do número de matrizes gestantes de IA no início da estação de monta e a possibilidade de reduzir o número de touros necessários ao repasse após a ressincronização (Fig. 6).

Gráfico 6: Vacas nelore submetidas a programa de IATF ressincronização. Faz. São João, Cocalinho/MT 2014

Captura de Tela 2014-10-28 às 14.05.44

Por Renato W. Girotto – Diretor RG Genética Avançada e José Nélio Sales – Professor adjunto da Universidade Federal da Paraíba.

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