Holding familiar – sucessão em empresas rurais familiares

Empresa Familiar é o somatório dos elementos racionais e irracionais em uma convivência baseada simultaneamente, em emoções e na sobrevivência da empresa.

Todo o amor, carinho e exemplos que transmitimos aos nossos filhos, muitas vezes precisam conviver lado a lado com a eficiência da empresa, que necessita de uma gestão competente, eficiência e liderança na condução dos negócios.

Na agricultura brasileira, não podemos fugir desta situação, pois a quase totalidade das propriedades rurais e dos negócios agrícolas brasileiros, tem a sua gestão feita pelos pais e filhos, o que lhes torna como verdadeiras empresas rurais familiares.

O que se observa ainda, em algumas empresas rurais brasileiras é a falta de uma gestão profissional, que leve em consideração não só a parte da produção agrícola, mas o conjunto das ações, como a parte financeira, contábil, fundiária e societária, onde mais de uma geração está presente no negócio.

A empresa rural familiar tem ainda uma gestão individual, muito personalizada, onde os pais além de proprietários tomam as decisões sozinhos, embora a segunda geração representada por seus filhos já exerçam suas atividades profissionais na mesma empresa e no mesmo negócio.

Certamente, como tudo ocorre muito rápido na vida das pessoas e das empresas, os pais não se dão por conta que seus filhos já cresceram, tornaram-se adultos, casaram e também tiveram filhos, e que esta relação do poder de somente uma parte da família gerir tudo sozinha, tem que mudar, para que numa gestão profissional, a relação de amor entre as gerações possa ser mantida.

Conduzir esta empresa familiar, onde se misturam relações de amor e de dinheiro, não é uma tarefa fácil, nem para pais e nem para filhos.

Vários fatores contribuem para dificultar esta nova relação, que deixa de ser somente de pais e filhos e passa também a ser de uma Sociedade Empresarial Familiar.

• Pais não tem segurança que os filhos tenham condições de conduzirem os negócios da empresa como eles o fizeram.
• Pais, não conseguem dialogar com os filhos, já que não aceitam novas ideias.
• Filhos acham que os pais são retrógrados, pois não aceitam suas ideias.
• Pais acham os filhos muito teóricos e tem medo de ir passando parte da gestão para os mesmos.
• Filhos que querem trabalhar pouco e ganhar muito, pensando muitas vezes, que foi fácil chegar ao sucesso que a empresa tem hoje.
• Disputa de poder entre os filhos e falta de definições de funções, junto a empresa, o que torna um grande foco de atritos entre os mesmos.
• Intromissão dos cônjuges nos negócios da empresa, o que muitas vezes faz aumentar o atrito entre os irmãos e os pais.
• Objetivos pessoais diferentes dos objetivos da empresa.

Muitos outros fatores poderíamos citar que dificultam estabelecer uma nova relação nas Empresas Rurais Familiares, onde a Família e o Negócio, tem que serem tratados de forma diferente, para que a empresa possa seguir crescendo e a família se dando bem.

A solução para resolver esta situação passa necessariamente, por uma nova Organização do Negócio Familiar e uma Estruturação Planejada da Sucessão, onde os pais não perderão os seus direitos de proprietários, e gestores, mas seus filhos passarão a fazer parte desta nova Sociedade Empresarial Familiar, onde serão estabelecidas várias regras de convivência que estabelecerão as relações entre a Família x Propriedade x Negócio.

Modernamente é o que vem sendo adotado pelas Empresas Rurais Familiares de sucesso no Brasil, independente do seu tamanho.

Na moderna e bem sucedida agricultura brasileira, o tema de Sucessão Familiar, vem tendo destaque, através das ações de, entidades de classe, associações de produtores, cooperativas, empresas do agronegócio, fundações e universidades, que estão levando informações técnicas às famílias dos produtores rurais brasileiros, com o objetivo de orientá-las, de como podem trabalhar lado a lado, gerações tão diferentes, numa mesma empresa, num mundo tão dinâmico e competitivo e que jamais deixarão de serem, pais, filhos, e irmãos.

Todos que estão trabalhando com o tema de Sucessão Familiar, sabem que os conflitos existem, mas que terão que ser diminuídos, para que as empresas rurais possam continuar crescendo, as famílias se relacionando, e com isto as escalas de produção não serão diminuídas, pois a manutenção e crescimento das mesmas são fundamentais para o sucesso dos negócios agrícolas.

Nós da Safras & Cifras, que atuamos junto ao setor agropecuário e as famílias que nele trabalham, através das nossas Consultorias e Assessorias, temos implantado um novo modelo de gestão nas Empresas Rurais Familiares, que leva em consideração a Família e o Negócio, estabelecendo e regrando uma nova Sociedade Empresarial Familiar.

Esta nova Sociedade Empresarial Familiar, separa bem o que é Família do que é Negócio, através da criação de Pessoas Jurídicas que trabalham junto com as Pessoas Físicas, onde fica bem caracterizado e diferenciado, o que é a propriedade de terra do que é a exploração do negócio.

Estabelecemos relações de parcerias entre as Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas, regramos estas relações através de Contrato Social, Contratos de Parcerias, Protocolo Familiar, onde ficam bem estabelecidas as diferentes participações da Família na Propriedade e no Negócio.

As regras estabelecem as relações atuais e futuras, fazendo com que hoje todos fiquem sabendo de suas responsabilidades presentes e futuras, assim como as futuras gerações que poderão a vir participar desta Empresa Rural Familiar.

Como todo o regramento ficou estabelecido, nos diversos documentos que sustentam esta nova relação societária, as decisões deixam de ser personalizadas e passam a ser da empresa, onde todos os membros da família precisam respeitar as mesmas.

Esta nova estruturação que realizamos junto as Empresas Rurais Familiares, ao longo destes últimos doze anos, são planejadas e implantadas de acordo com cada família e os tipos de explorações que as propriedades rurais realizam, portanto ela difere bastante dos modelos que são adotados junto às empresas comerciais urbanas e o setor industrial.

Não é viável adotar modelos que não levem em consideração de como é explorada a nossa agricultura e pecuária, onde temos como fatores de produção, terra, água, estradas, matas, acessos, máquinas, insumos, mão de obra, fatores estes bem diferentes dos utilizados pelas atividades urbanas, além do clima que interfere diretamente na produção.

Portanto o modelo de Sucessão Familiar a ser implantado nas empresas rurais, difere bastante do implantado nas empresas urbanas, e se estas diferenças existentes não forem levadas em consideração no momento da estruturação, uma excelente ideia, tornara-se num total fracasso.

A implantação completa do processo de Organização do Negócio Familiar e do Planejamento da Sucessão Familiar, onde é estabelecido uma nova e sólida Sociedade Empresarial Familiar, não é uma tarefa simples de ser realizada em pouco tempo, pois se assim acontecer, o resultado poderá não ser o esperado.

É preciso que conheçamos bem o negócio que a empresa rural trabalha, assim como é formada a constituição da família, suas individualidades e suas relações, para que possamos a partir deste conhecimento, estabelecermos a nova estrutura que vai levar em consideração Família x Propriedade x Negócio.

Estamos procurando deixar bem claro, que nós da Safras & Cifras, separamos bem o que é Família do que é Negócio.

A partir desta nova estruturação, temos conseguido que a família consiga viver harmoniosamente, que os negócios continuem crescendo, que os esforços dos pais sejam perpetuados junto às novas gerações e que o processo de Sucessão ocorra dentro de uma normalidade, sem precipitações, sem atrito, dando segurança aos pais e permitindo que os filhos visualizem o seu futuro na empresa.

A nova estruturação também pode permitir em muitos casos, uma considerável redução da carga tributária da empresa e do negócio, embora esta não seja o objetivo principal, já que para nós da Safras & Cifras, o mais importante é que exista uma boa relação familiar, com crescimento dos negócios e consequentemente da Empresa Rural Familiar.

Os resultados positivos que a Safras & Cifras vem conseguindo através das suas ações, junto as famílias dos produtores rurais brasileiros nos mais diversos estados brasileiros, nos enche de satisfação e orgulho, pois não se resume em somente levarmos e implantarmos técnicas de gestão, mas fundamentalmente de termos contribuído para uma melhor relação de amor e de integração das famílias.

Os empresários rurais brasileiros precisam entender que assim como se modernizou a agricultura brasileira, através do uso de novas máquinas e equipamentos, sementes, defensivos, fertilizantes, etc., a gestão fora da área de produção também tem que ser modernizada, no que se refere às sociedades de pais e filhos, as áreas, Fiscal, Tributária, Fundiária e Ambiental, pois só assim suas empresas conseguirão ser exitosas, junto a um mercado extremamente dinâmico e competitivo.

Se assim agirmos estaremos projetando boas perspectivas para as novas gerações das nossas famílias, que são a continuidade da nossa vida e do nosso sangue.

Sem família, a vida e os negócios têm pouco ou nenhum sentido, pois são nossos filhos, nossos netos, que darão continuidade ao que construímos com tanta dedicação e carinho.

Cilotér Borges Iribarrem é Consultor em Sucessão Familiar em Empresas Rurais Familiares na Safras & Cifras.