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Habilitação de frigoríficos pela China está mais perto

Depois da abertura chinesa aos lácteos do Brasil, anunciada na semana passada, Pequim deu sinais de que as aguardadas autorizações para que mais frigoríficos brasileiros exportem carnes ao país asiático podem ser concedidas dentro de dez dias. A informação é do secretário executivo do Ministério da Agricultura, o ex-deputado federal Marcos Montes, que estava interinamente à frente da Pasta na última semana e se reuniu com representantes do governo chinês.

Em entrevista concedida ao Valor, Montes avaliou que há grandes chances de que 30 unidades (abatedouros de bovinos, suínos e aves) sejam habilitadas. Nas últimas semanas, técnicos do Ministério da Agricultura estão testando um modelo novo de auditoria de frigoríficos, a pedido de Pequim. Esse modelo, realizado por videoconferência, tende a agilizar as decisões porque evita a necessidade de uma inspeção sanitária in loco dos técnicos sanitários chineses.

“As auditorias por videoconferência estão sendo muito bem-sucedidas e nossa percepção é que a China vai habilitar todas essas plantas dentro de 10 dias mais ou menos”, ressaltou Montes. Caso se confirme, a habilitação de frigoríficos ocorrerá antes da viagem da ministra Tereza Cristina à China, programada para 18 de agosto.

Antes das declarações de Montes, executivos do setor avaliavam que os chineses só anunciariam as habilitações durante a visita da ministra e, possivelmente, do presidente Jair Bolsonaro ao país. Na quinta-feira passada, o diretor de finanças e de relações com investidores da Minerva, Edison Ticle, disse ao Valor que havia esperança de um anúncio das autoridades chinesas durante a visita.

Para os frigoríficos, as habilitações representam uma oportunidade para aproveitar melhor a demanda criada pelo surto de peste suína africana que chacoalhou a China (ver matéria abaixo). Com os abatedouros atualmente autorizados a exportar, a capacidade de produção está bem perto do limite.

As habilitações devem tornar a China ainda mais importante para os frigoríficos. O país asiático já é o principal destino das exportações brasileiras de carne de frango, suína e bovina. No primeiro semestre, os embarques renderam US$ 1,4 bilhão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Se tudo ocorrer no ritmo previsto por Montes, a visita de Tereza ao país asiático servirá para tentar convencer os chineses a autorizarem mais do que as 30 plantas – na visita à China, a ministra também tratará de outras pautas comerciais, como a abertura do mercado chinês a frutas do Brasil.

Desde o ano passado, ainda na gestão do ex-senador Blairo Maggi, a pretensão do Ministério da Agricultura era que pudessem ser autorizados a embarcar para a China até 78 estabelecimentos de todas as carnes. De lá para cá, diversos obstáculos impediram o avanço, como a frustrada visita feita em novembro por técnicos chineses a 11 abatedouros. O resultado da missão foi conhecido neste ano, com a reprovação de uma planta e pedidos de correção de inconformidades detectadas.

Afora os problemas técnicos, declarações hostis à China feitas por Bolsonaro, durante a campanha eleitoral, e pelo chanceler Ernesto Araújo também provocaram tensão. A situação melhorou após o apoio brasileiro ao chinês Qu Dongyu, eleito em junho ao comando da FAO, o braço da Organizações das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.

No setor privado, o interesse em exportar à China chegou a provocar discórdia, com críticas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) à estratégia adotada pelo Ministério da Agricultura. Segundo Montes, a situação foi pacificada. “Tudo mudou agora e a ministra tem hoje uma arma na mão que é a credibilidade que construímos com as empresas e vai proporcionar à China abrir mais plantas que o previsto”, disse o secretário.

Fonte: Valor Econômico.

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