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Guerra de Trump chega ao Comitê de Agricultura da OMC

A guerra comercial de Donald Trump chegará nesta terça-feira também ao Comitê de Agricultura da Organização Mundial do Comércio (OMC), ilustrando sua ramificação nas trocas globais.

Diversos exportadores agrícolas querem explicações de Washington sobre o pacote de US$ 12 bilhões anunciado pelo presidente dos Estados Unidos para ajudar agricultores do país afetados por retaliações de outros países. O anúncio da Casa Branca foi em julho, na véspera de uma viagem de Trump ao Iowa, Estado que lidera a produção americana de soja.

É que União Europeia (28 países), China, Canadá, México e outros parceiros comerciais dos EUA responderam à imposição unilateral de Trump de sobretaxar importações de aço e alumínio com o aumento de suas próprias alíquotas contra produtos americanos. Na agricultura, a reação atingiu soja, carne suína, açúcar, suco de laranja, cereja e outros produtos.

Do pacote anunciado pela Casa Branca, cerca de US$ 6 bilhões começaram a ser liberados em meio à suspeita de parceiros comerciais de que também na agricultura o governo Trump poderia estar atropelando acordos internacionais de limite nos subsídios.

Mesmo nos Estados Unidos há questionamentos sobre o pacote para a agricultura, sobretudo no Congresso. Um dos argumentos é que os produtores de soja, trigo e milho podem perder cerca de US$ 13 bilhões com a guerra comercial de Trump, mais do que todo o pacote anunciado. Ou seja, defendem congressistas, o melhor mesmo seria não aprofundar os confrontos.

Como Washington não forneceu detalhes à Organização Mundial do Comércio sobre o pacote de US$ 12 bilhões anunciado, a ajuda se tornou “o elefante na sala” do Comitê de Agricultura do órgão. Na sessão que será realizada na terça e na quarta-feira, vão surgir as primeiras indagações.

UE e Austrália querem saber, por exemplo, se essa ajuda específica para produtores americanos afetados pelo “tratamento injusto” de parceiros, como diz os EUA, será usada para subsidiar exportações a ganhar terceiros mercados.

O Japão, por sua vez, perguntará se os Estados Unidos podem confirmar que o programa de ajuda não visa cobrir perda de produção causada pela incapacidade de exportar. E a Nova Zelândia vai indagar se o pacote se limita a um ano ou se vai ser garantido nos próximos anos.

Ao mesmo tempo, a Índia vai querer esclarecimentos sobre como os US$ 12 bilhões se enquadram nos limites de subsídios que os EUA podem conceder, pelas regras em vigor. E mesmo o Brasil, que não costuma fazer perguntas, poderá entrar no debate por seu peso como terceiro maior exportador mundial – e Brasília garante estar monitorando as ações americanas.

Fonte: Valor Econômico.

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