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Grande banco privado amplia fatia no crédito

Os bancos privados ganharam espaço e representavam 70,1% da carteira de crédito somada de Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil (BB) no fim de junho, retomando uma participação que não alcançavam desde o segundo trimestre de 2009.

Os quatro grandes bancos de capital aberto chegaram à metade deste ano com R$ 2,3 trilhões em empréstimos e financiamentos, um aumento de 4,7% em relação a junho de 2018. O crescimento teria sido de 7,1% se excluído da conta o BB, que encolheu no período.

Os números são emblemáticos do recuo estratégico do governo no mercado de crédito, objetivo declarado do ministro da Economia, Paulo Guedes. Os outros bancos estatais também estão mudando suas políticas. O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, já disse que o volume de desembolsos da instituição deve ficar em torno de R$ 70 bilhões por ano, menos da metade do que chegou a ser em 2013 e 2014. Na Caixa, a orientação é sair de operações com grandes empresas e concentrar o foco em pessoas físicas e pequenas companhias — segmentos para os quais anunciou cortes nas taxas de juros de diversas linhas.

Dados do Banco Central (BC) mostram que, em junho, as instituições financeiras de controle estatal somavam 49,4% do total de R$ 3,3 trilhões em empréstimos e financiamentos do país. Essa fatia chegou a 56% em 2015, auge da política de uso de bancos públicos para incentivar o consumo e os “campeões nacionais”.

O olhar para a segunda metade do ano sugere que esse movimento tende a se intensificar. Apesar do crescimento econômico menor que o esperado, Itaú e Bradesco mantêm projeções de forte crescimento em suas carteiras neste ano. “Estamos bastante otimistas com o futuro. O bom encaminhamento da reforma da Previdência deve permitir que empresários finalmente possam pensar no longo prazo”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr, que disse esperar uma retomada dos investimentos nos próximos meses. O banco cresceu 8,7% no crédito em 12 meses até junho, e prevê alta de 9% a 13% no ano todo.

Enquanto isso, o BB reduziu suas estimativas para o crédito, e agora prevê que o volume de operações oscile entre queda de 2% e aumento de 1%. A projeção anterior era alta de 3% a 6%. “Estamos com a expectativa de que no fim do ano a economia volte forte, e que esse período até lá vai ser encoberto pelas medidas tomadas agora de estímulo à demanda”, disse o presidente do banco, Rubem Novaes, citando a liberação das contas de FGTS e PIS/Pasep.

O Banco do Brasil atribuiu a desaceleração nos empréstimos a uma mudança de estratégia no crédito rural e nas operações com empresas. Maior provedor de crédito agrícola do país, o BB diminuiu o volume de financiamentos para o setor. A carteira do agronegócio somava R$ 181,2 bilhões em junho, queda de 3,6% em um ano. No total, o banco fechou o semestre com R$ 686,6 bilhões em operações de crédito, queda de 0,4% frente a junho do ano passado. A instituição cresceu em pessoas físicas e pequenas companhias, em linha com o plano de se concentrar em segmentos com melhor relação entre risco e retorno. “Estamos tendo desempenho excepcional, apesar da economia devagar”, afirmou Novaes.

Embora tenha ficado aquém dos privados no crédito, o BB jogou para cima o lucro dos grandes bancos. O resultado combinado de Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander foi de R$ 21,6 bilhões no segundo trimestre, alta de 21,1% frente ao mesmo período do ano passado. Sem a instituição estatal, o resultado combinado teria avançado 17,6%, para R$ 17,1 bilhões. A instituição comandada por Novaes foi bem em receitas de tarifas e no controle de despesas, enquanto busca avançar na digitalização de suas operações.

Os bancos, de forma geral, têm procurado investir nos negócios digitais para aumentar a eficiência, reduzir despesas e se preparar para uma concorrência mais forte das fintechs e entre as próprias instituições financeiras.

O presidente do Itaú, Candido Bracher, disse que uma economia mais favorável torna “bastante provável” um aumento da competição entre os bancos. “Há um bom tempo tenho dito que não temos feito restrição adicional ao nosso apetite de risco na concessão. Se [a carteira] não cresce mais é porque não há demanda”, afirmou em teleconferência na semana passada.

O Itaú trabalha com a projeção de crescimento entre 8% e 11% na carteira de crédito em 2019, embora tenha avançado 5,9% até junho em termos anualizados. Isso significa que conta com um segundo semestre mais forte.

O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, afirmou não saber se há espaço para uma melhora mais forte no crédito no segundo semestre. “Não acredito que será pior, não sei se será necessariamente melhor”, disse.

Fonte: Valor Econômico.

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