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GO: rastreabilidade de bovinos causa impasse

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) não assume qualquer responsabilidade pelo atraso na implantação do sistema nacional de rastreabilidade de bovinos. Embora sem apontar culpados, o Sindicato das Indústrias de Carnes do Estados de Goiás (Sindicarne) e executivos de frigoríficos reclamaram da demora na implementação do programa. Eles manifestam o temor de que o setor venha a sofrer dificuldades na exportação de carne bovina, a partir de julho, quando vence o prazo dado pela União Européia para encerrar as importações de carnes não rastreáveis.

O coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte, da CNA, Antenor Nogueira, diz concordar com a opinião de que a implantação da rastreabilidade bovina brasileira poderia estar mais avançada, mas aponta os próprios frigoríficos como os principais responsáveis por essa demora. “Até agora, os dirigentes do setor não se dispuseram a sentar com as entidades de pecuaristas para discutir o assunto, que inclui questões vitais, como a de quem assumirá os custos da rastreabilidade”, diz o coordenador do fórum.

Compensação

Segundo Nogueira, para o pecuarista a rastreabilidade tem de funcionar como elemento de agregação de valor ao seu produto, já que, pelas normas do Ministério da Agricultura, a adoção do programa não é obrigatória. “É claro que se a rastreabilidade terá um custo financeiro e se é de livre adesão para o produtor, ele não vai adotá-la se não receber algum tipo de compensação”, argumenta. Segundo ele, os frigoríficos deveriam ser os maiores interessados em apressar essa discussão, pois é a indústria que necessitará de carne rastreável para suas exportações.

Para o coordenador, não há qualquer possibilidade de o produtor, que já se debate em grave crise gerada pelos baixos preços da carne, ainda assumir o ônus do programa de rastreabilidade. Mas, segundo ele, a proposta de muitos frigoríficos é para que se mantenham as cotações atuais para os animais rastreáveis e se defina um porcentual de deságio para os que não forem incluídos no programa. “Essa não é uma postura de parceiros, e não se conhece nenhuma cadeia produtiva em nossa economia que tenha se desenvolvido sem a prevalência de um forte espírito de parceria”, protesta.

O presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Maurício Faria, também critica a imobilidade dos frigoríficos com relação à discussão do programa. Segundo ele, os frigoríficos não demonstram qualquer interesse na discussão do assunto, especialmente se o tema é a relação custo/benefício para o produtor. “Mas, esse debate é inevitável, pois é preciso que fique bem claro quem arcará com o custo da rastreabilidade e, se há ganhos, quais serão os beneficiários”, exige Faria.

Queda no preço do boi cruzado gera protestos

A Associação Brasileira de Criadores de Girolando (ABCG), com sede em Uberaba (MG), protestou hoje contra declarações do presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado de Goiás (Sindicarne), José Magno Pato, justificando a depreciação do boi cruzado da raça holandesa, em relação ao boi das raças específicas para corte.

Respondendo aos protestos dos produtores, o presidente do Sindicarne argumentou que os frigoríficos são obrigados a diferenciar os preços dos dois tipos de animais. Segundo ele, isso se justifica porque o boi cruzado não apresenta o mesmo rendimento de carcaça e nem o sabor e a conformação ideal de cortes, principalmente frente às exigências do mercado internacional.

Fonte: O Popular/GO (por Edimilson de Souza Lima), adaptado por Equipe BeefPoint

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