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Giampaolo Buso, da Pari Passu, fala sobre sistemas de rastreabilidade, gestão e acompanhamento em pecuária de corte

Nesta entrevista Giampaolo Buso, responsável pelo marketing e atendimento ao cliente da Pari Passu, fala sobre sistemas de rastreabilidade, gestão e acompanhamento em pecuária de corte.

Nesta entrevista Giampaolo Buso, responsável pelo marketing e atendimento ao cliente da Pari Passu, fala sobre sistemas de rastreabilidade, gestão e acompanhamento em pecuária de corte.

Miguel da Rocha Cavalcanti: O que a Pari Passu está desenvolvendo para a pecuária de corte?

Giampaolo Buso: Nosso foco principal é o desenvolvimento de softwares voltados para a rastreabilidade, estamos a cinco anos trabalhando nesse mercado e temos o diferencial que é a integração dos elos da cadeia. Não estamos utilizando a rastreabilidade apenas como uma informação úncia, mas unindo as informações do produtor e varejo, eventualmente de algum distribuidor, até chegar no consumidor.

Miguel da Rocha Cavalcanti: Vocês estão atuando com o projeto da carne Taeq, do Grupo Pão de Açucar. O que vocês fazem neste trabalho específico?

Giampaolo Buso: O Pão de açúcar já tinha um trabalho em desenvolvimento com um grupo de produtores, que são 40 produtores que tem um contrato, num modelo bastante interessante. Nesse sistema existe uma prestação de serviço do frigorífico e a remuneração parte direto do varejo.

O objetivo do projeto é posicionar no mercado uma carne que tem um apelo, que neste caso uma carne sem gordura para atender um grupo de consumidores.

A nossa tarefa é integrar a informação do produtor. Os animais que nascem são identificados, entram no sistema e é efeito acompanhamento de pesagens. Com esse sistema integrando a área técnica e comercial eles conseguem enxergar o desenvolvimento deste grupo de animais e conseguem com isso também agendar os abates. Assim eles conseguem visualizar as escalas e saber como e quando serão realizados os abates para abastecer as lojas.

Miguel da Rocha Cavalcanti: Esse sistema em que o produtor lança os dados de pesagem e manejo foi desenvolvido por vocês?

Giampaolo Buso: Sim, esse sistema foi desenvolvido por nós. O sistema tem níveis de controle. Muitos dos produtores já tem o controle em planilhas ou outros sistemas, fazendo controles paralelos, mas se o produtor quiser ele pode ir no nível de manejo, suplementação ou sanidade.

Ele tem a flexibilidade de usar aquilo que lhe interessa, mas tem o mínimo necessário que é controle de nascimento, identificação e pesagem dos animais.

Miguel da Rocha Cavalcanti: A base do trabalho é coletar todas essas informações na fazenda e no frigorífico também?

Giampaolo Buso: Essa é a parte seguinte. Esse é um trabalho colaborativo, porque o produtor tem que fazer essa tarefa.

O frigorífico recebe essa informação e ele tem sistemas internos que geram por exemplo desempenho do abate e índices de desossa com a identificação dos animais e dos lotes. Esses arquivos, com as informações dos abates, voltam para nós e a gente joga no sistema, permitindo correlacionar com o desempenho ou andamento da propriedade.

Assim o produtor começa a ter maior visibilidade do que está acontecendo com o animal dele no frigorífico e começa a correlacionar com o sistema de produção dele. Isso é bem interessante e é algo que não tem até agora acontecendo, essa integração com o frigorífico.

Miguel da Rocha Cavalcanti: Uma das coisas que eu vi aqui e achei muito bacana, é que você tem um sistema que na embalagem da carne existe um código que você com iPhone consegue tirar uma foto e conseguiria identificar esse corte. Explica esse processo do consumidor interagindo com a embalagem da carne e vendo o histórico do produto.

Giampaolo Buso: O produto Taeq é fracionado na loja, ele vem em peça embaladas a vácuo e tem os cortes específicos da marca. Como a gente tem os dados que vem da fazenda e do frigorífico, a gente consegue levar essa informação até a loja, onde são impressas as etiquetas da embalagem.

A gente está trabalhando com um código 2D que fora do país já é relativamente normal e traz mais informação que um código de barra normal. Em alguns celulares é possível baixar um aplicativo e consegue fazer a leitura dessa informação, que levam ao consumidor imagens e origens do produto.

Nós fomos questionados sobre quem teria interesse nessa informação. O importante é ter a opção, quem quiser pode acessar a informação pelo site, quem for um pouco mais curioso pode olhar pelo celular. Ou quem não quiser olhar também, mas simplesmente ler na etiqueta da embalagem.

A disponibilização dessa informação também tem a ver com a questão da sustentabilidade. O passo seguinte desse projeto é conseguir com os produtores dados da situação de APP e área de reserva nas propriedades, e também disponibilizar essa informação.

Miguel da Rocha Cavalcanti: Vocês também estão desenvolvendo um trabalho com outros criadores, outros programas. Eu sei que vocês estão desenvolvendo um trabalho para a Conexão Delta G, que projeto é esse?

Giampaolo Buso: Nós estamos num processo relativamente inicial, mas o objetivo principal da Delta G é a genética. Eles já tem um sistema que funciona com o pessoal da Gensys e ideia é fazer com que esse sistema traga dados mais rápidos e informações e painéis de controle que eles possam olhar, se informar e decidir com mais dinamismo e também integrar o sistema com a rastreabilidade.

O que acontece hoje é que muito produtores tem o controle da porteira para dentro, mas em muitos casos não é possível o consumidor acessar ou o elo seguinte da cadeia acessar essas informações e a intenção é integrar as informações para que a pessoa veja aquilo que é feito ao longo d e todo o ciclo produtivo.

Miguel da Rocha Cavalcanti: Acho que uma das coisas mais interessantes que a gente está vendo na pecuária é que cada vez mais o que acontece dentro da fazenda, a história do gado, a história do processo, o cuidado, o trabalho é o diferencial. E cada cada vai encontrar o seu jeito de contar essa história, mas eu vejo que coisas nesse sentido que vocês estão desenvolvendo, que viabilizam uma transparência e mostrar de onde veio aquele produto vai ser um diferencial e é um caminho a ser perseguido.

Giampaolo Buso: Sem dúvida. Isso também expõe de uma maneira bem produtiva o produtor, que tem a chance de aparecer também e ter uma identidade, algo que até então não se conhece. O produtor ainda está muito distante do consumidor e isso é interessante para o setor.

O desenvolvimento deste projeto só foi possível graças ao apoio da Allflex, In Vitro Brasil e Pioneer Sementes, que confiaram no trabalho da Equipe BeefPoint e viabilizaram a produção das entrevistas gravadas na Feicorte 2010.

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