Gestora Nordea tira JBS de sua carteira de investimentos

A gestora de investimentos Nordea Asset Management retirou a JBS de sua carteira de investimentos. A empresa acaba de vender o último lote de ativos que tinha do frigorífico, estimado em 40 milhões de euros. A notícia foi adiantada pelo jornal britânico “The Guardian”. 

A gestora finlandesa não tem mais papéis da JBS em nenhum fundo, não apenas os ESG (práticas ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). A decisão, este mês, foi de excluir os investimentos em todos os fundos da JBS.

A decisão foi tomada pelo Comitê de Investimentos Responsáveis da Nordea, depois de um longo período de compromisso com a JBS. 

“Não sentimos que estávamos vendo a resposta que procurávamos”, disse Eric Pedersen, chefe de investimentos responsáveis da empresa. “Não foi apenas no risco de desmatamento na cadeia de suprimentos da empresas, mas também na saúde e segurança de funcionários em relação à covid-19”, seguiu Pedersen, citando ainda a o tratamento de cobranças de corrupção. 

Em entrevista ao Valor, ele disse que a gestora tem investimentos em outros frigoríficos, como a Marfrig. Ele elogiou o plano de sustentabilidade que a empresa divulgou na semana passada. 

A Nordea faz parte de um grupo de 29 investidores que gerenciam US$ 3,7 trilhões em ativos e que em junho enviou uma carta a embaixadas brasileiras de oito países manifestando preocupação com a alta do desmatamento no Brasil e a incerteza em relação a continuar investindo no país. 

Um grupo de investidores teve uma reunião virtual com o presidente do Conselho da Amazônia, vice-presidente Hamilton Mourão, e também com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. 

Pedersen diz não saber se a decisão de desinvestir na JBS será repetido pelos outros gestores de investimento. A empresa gerencia 230 bilhões de libras esterlinas em ativos, e os portfólios ESG compõem 30% da carteira. 

Procurada, a JBS afirmou que “não comenta decisões de investidores, mas lamenta não ter sido recentemente procurada pelo referido fundo para que pudesse apresentar de forma direta todas as suas ações e medidas comprovando seu total compromisso com a transparência das suas relações e com a sustentabilidade das suas operações”. 

Segundo a empresa brasileira, “todos os seus instrumentos de governança são rígidos e têm sido aprimorados e evoluído de forma robusta nos últimos anos. A JBS tem um consistente programa de compliance, e que, entre outras ações, realizou o treinamento de todos os mais de 130 mil colaboradores da empresa no Brasil e criou um sistema de due diligence para terceiros“, entre outras medidas recentemente implementadas”. 

A JBS também está totalmente comprometida com a erradicação do desmatamento em toda sua cadeia de fornecimento e foi uma das primeiras empresas do setor a investir em políticas e tecnologia para combater, desencorajar e eliminar o desmatamento na região da Amazônia. Esse trabalho se baseia em investimentos em sistemas e projetos de monitoramento e tem origem em uma rigorosa Política de Compra Responsável de matéria-prima, implementada desde 2009. As fazendas fornecedoras que não cumprem essa política da JBS são imediatamente bloqueadas em sua cadeia de suprimentos. 

Sobre os impactos da covid-19, a JBS informou que “tem empenhado todos os esforços para a garantia do abastecimento e da produção de alimentos dentro dos mais elevados padrões de qualidade e segurança e a máxima proteção dos seus colaboradores. Para isso, a empresa implementou um robusto protocolo com medidas eficazes para o controle, prevenção e segurança dos colaboradores em suas unidades e que está em conformidade com a Portaria interministerial nº 19, de 18 de junho de 2020 (ministérios da Saúde, Agricultura e Economia). As medidas implementadas seguem as orientações de especialistas e instituições de referência, como o Hospital Albert Einstein”. 

Fonte: Valor Econômico.