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Gedeão Avancini Pereira: com a terra valorizada e a alta dos grãos, a única saída é a integração dos sistemas

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Gedeão Avancini Pereira, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul na categoria Produtor nova geração.

Expo Bagé 2009 Hereford e Braford 1152

Gedeão Avancini Pereira tem 38 anos, mora em Bagé – RS. É engenheiro agrônomo, formado pela Urcamp (Universidade da Região da Campanha), especializado em marketing do agronegócio (Usen – Universidade do Sebrae) e MBA em gestão empresarial pela FGV (Fundação Getulio Vargas, Porto Alegre – RS).

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Gedeão Avancini Pereira: Posicionar-se, temos uma grande diferença do Brasil, que é qualidade de carne. Com as raças britânicas temos este caminho.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Gedeão Avancini Pereira: O maior exemplo são sistemas que diversificam, onde temos integração lavoura-pecuária, empresas que através do boi (tanto terminação, quanto cria e recria), da soja, do milho, do arroz e também da floresta integrados buscam maior rentabilidade ao seu negócio. Com este perfil existem vários produtores, homenageio a todos.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Gedeão Avancini Pereira: Dentro deste pacote, podemos colocar qualidade (textura, maciez, marmoreio), tradição, bem estar animal, qualidade de vida, saúde.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Gedeão Avancini Pereira: O pacote tecnológico disponível é muito grande, hoje fazemos qualquer sistema que necessitarmos. Mas a integração lavoura-pecuária que parece óbvia, no Rio Grande do Sul ainda está em processo de descobrimento, existem regiões com grande potencial que ainda são monocultoras. Utilizando este caminho, a produtividade e agregação de valor no RS será muito maior, temos que utilizar ao máximo nosso potencial produtivo que ainda tem muito a mostrar.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Gedeão Avancini Pereira: Trabalhar forte na integração de seus sistemas, inverno e verão. Temos o diferencial do resto do país, podemos explorar o melhor do clima temperado e o melhor do clima tropical, produzindo o ano inteiro através de variedades de plantas de inverno e verão para a pecuária e ainda os cultivos de verão, soja, arroz, milho, sorgo etc. Nos tornando competitivos através da escala de produção.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?

Gedeão Avancini Pereira: A integração que tanto falo já é cotidiana em nossa empresa, o novo produto é a soja que através de novas variedades e tecnologias vem se adaptando ao nosso sistema. Contudo, é na irrigação que vamos buscar o seguro do processo. Explorando soja, milho e pecuária vamos buscar eficiência com segurança e rentabilidade.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Gedeão Avancini Pereira: O que sempre traz e trará mais resultado é a integração dos sistemas, neste ano em especial foi a soja que remunerou mais a atividade.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E porque?

Gedeão Avancini Pereira: O ano de 2013 será marcado pelo avanço agrícola em nossa empresa e verticalização da pecuária. O grande desafio é agregar valor sem sair da pecuária, que é a atividade de menor agregação de valor frente ao arroz e soja, mas em contrapartida, de menor risco.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

Gedeão Avancini Pereira: Temos que verticalizar! Com a terra valorizada e a alta dos grãos, a situação de uma pecuária tradicional não se sustenta, a única saída é a integração dos sistemas. Traz competitividade, evolução produtiva e agregação de valor. Temos que arregaçar as mangas.

BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?

Gedeão Avancini Pereira: Temos que ter a indústria como parceira da cadeia e não oponente, faz parte do sistema. O que falta muitas vezes é entendimento de produto diferenciado, caso do Rio Grande do Sul com as britânicas. É nesse nicho que a indústria gaúcha tem de se apoiar como diferencial, caso Argentina e Uruguai. Para isso, tem que se comunicar com o produtor para dizer o que quer e consequentemente pagar por isto.

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2 Comments

  1. ADROALDO POTTER disse:

    Atual, real e objetiva a entrevista do Dr. Avancini, parabéns!

  2. Cecilia Gabriela Rubert Possenti disse:

    Gedeão

    Concordo com você nas tuas colocações. Realmente é preciso mudar, ao sair nas propriedades levando esse pensamento, acabamos ouvindo muito aquela velha frase “Trabalho nesse sistema porque meu pai e meu avô sempre fizeram assim”. As tecnologias estão aí para serem utilizadas. O uso dos pacotes tecnológicos deve ser incentivado aos produtores por técnicos da área. A valorização da terra é visível, na minha região (Cruz Alta/RS) inflacionou em torno de 140% nos últimos 10 anos, ou seja, precisamos utilizar a terra com novas variedades e sistemas, como você mesmo disse, temos o privilégio das estações bem distintas, portanto podemos produzir o ano inteiro.

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