As empresas de carnes têm flexibilidade financeira para cobrir os custos necessários para se adaptarem ao compromisso que diversos países, entre eles Brasil e Estados Unidos, assumiram de acabar com o desmatamento até 2030. Essa é a avaliação da agência de classificação de crédito Fitch Ratings, que divulgou um relatório sobre o tema.
Para a Fitch, ainda que seja difícil quantificar os efeitos de acabar com o desmatamento na oferta de gado, nos preços e nas margens, os efeitos de curto prazo são “provavelmente” neutros devido ao longo tempo que ainda há para implementação. Além disso, “baixa alavancagem [relação entre dívida e Ebitda] e maior flexibilidade financeira também vão mitigar os efeitos de crédito”, avaliou a agência.
A empresa lembrou que JBS, Marfrig e Minerva podem ter alguma proteção à compra de gado no Brasil devido à diversificação que operadores de fora do país asseguram. A Fitch também citou os investimentos que essas companhias estão fazendo em alimentos plant-based.
E, enquanto as ações para combater o desmatamento podem ter baixo impacto financeiro sobre as empresas de carnes, a inação definitivamente pode trazer prejuízos. A Fitch recorda que já há casos de restrições comerciais relacionadas com questões sanitárias no Brasil, como o recente embargo da China após a confirmação de dois casos atípicos de “vaca louca”, e que alguns países europeus já propuseram banir importações de carne brasileira devido aos incêndios na Amazônia.
As exportações de carne para a Europa representam cerca de 10% da divisão brasileira da Minerva, 6% da receita de exportação da JBS e 1% da receita da Marfrig. O principal destino é a Ásia. “Nós acreditamos que padrões ambientais elevados fortalecem o perfil de crédito dessas companhias”, defendeu a Fitch.
Fonte: Valor Econômico.