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Frigoríficos brasileiros mostram melhora em bem-estar de suíno

A partir de janeiro de 2045, as granjas de suínos não poderão ter celas de gestação individuais no país, conforme instrução normativa publicada pelo Ministério da Agricultura no fim do ano passado. Os principais frigoríficos do Brasil se comprometeram publicamente a exigir baias coletivas em 100% de seus fornecedores entre 2025 e 2029, e metade já tem mais de 50% das porcas alojadas em instalações coletivas. É o que aponta a ONG Alianima a partir de consultas às empresas ou cooperativas Alegra, Aurora, BRF, Frimesa, JBS e Pamplona . 

As celas individuais são apertadas e restringem a movimentação dos animais – o que, segundo a organização, traz problemas físicos e sofrimento. Além de ficarem desconfortáveis, as fêmeas não conseguem interagir, explorar o ambiente ou construir o ninho para o parto, comportamentos naturais importantes. 

O percentual de porcas alojadas em instalações coletivas chega a 81% entre os integrados da Pamplona, segundo a própria companhia. Na Aurora e na JBS (Seara), são 60% e 61%, respectivamente. Alegra e Frimesa estão mais atrasadas em relação às demais, com 38% e 36%. Na cadeia de fornecimento da BRF, maior produtora de suínos do Brasil, o percentual chega a 46% – considerado positivo pela Alianima, pelo fato de os integrados da empresa reunirem, em conjunto, o maior plantel de suínos do país, com cerca de 400 mil cabeças. 

A ONG afirma que reconhece o esforço das empresas e incentiva que elas mantenham metas individuais, a despeito da instrução normativa. Para a Alianima, a legislação está defasada e pode ser encarada como um “atraso” na adoção de critérios de bem-estar animal. 

Falta financiamento 

Os seis grupos consultados relataram que a falta de financiamento, principalmente para os pequenos produtores, é um desafio para acelerar o processo. Além disso, a alta dos insumos dificulta a transição. Alguns produtos importados, inclusive, tornaram-se escassos durante a pandemia da covid-19.

Outro ponto de discussão é o tempo que as porcas devem permanecer em celas individuais após serem inseminadas e antes de serem encaminhadas a baias coletivas. A ONG defende o sistema “cobre e solta”, em que os animais são transferidos logo após a inseminação. A Alianima argumenta que a prática não reduz a produtividade e pode diminuir índices de aborto e de repetição de cio. 

A Alegra Foods e a Pamplona já operam com parte des seus planteis no sistema “cobre e solta”, em que os animais vão para baias coletivas em até sete dias, mas parte ainda fica isolada em celas por até 35 dias. Na Aurora e na Frimesa, são 35 e 42 dias, e a BRF trabalha com até 28 dias. A JBS, por sua vez, estuda três tempos: sete (“cobre e solta”), 28 e 35 dias. 

“Felizmente, dois terços dos fornecedores têm planos ou metas de reduzir os períodos que adotam atualmente. A Pamplona, por exemplo, afirmou que todos os seus novos projetos estão sendo planejados para implementar o sistema cobre e solta”, afirma a presidente da Alianima, Patrycia Sato. 

A Alianima também questionou os frigoríficos sobre a continuidade de procedimentos cirúrgicos em leitões, como castração e corte de cauda sem uso de analgésicos e anestesia. Em nota à ONG, a JBS afirmou que não faz mais castração cirúrgica sem anestesia. As outras empresas ainda pretendem banir a prática, assim como o corte/desgaste de dentes e a mossa (corte das orelhas para identificação). 

Fonte: Valor Econômico.

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