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Frigorífico Rodopa é vendido a seus diretores

A captação externa de US$ 100 milhões realizada ontem pela Rodopa Alimentos, quarto maior frigorífico de bovinos do país, tornou viável uma pretendida mudança no controle da companhia. Com a transação, a Selo Consultoria, do diretor-executivo da Rodopa, Sérgio Longo, adquiriu a empresa, numa operação conhecida como “management buyout”.

A transação foi fechada por cerca de R$ 200 milhões. O montante inclui a assunção de dívidas financeiras de R$ 160 milhões. Na prática, a aquisição será paga com os recursos do caixa da própria Rodopa, reforçado pela captação. Os novos acionistas não entrarão com dinheiro novo no negócio.

Pouco usual no Brasil, o management buyout é bastante difundido na Inglaterra. A operação consiste na aquisição da empresa por parte de seus próprios diretores. No caso da Rodopa, o principal acionista passará a ser o próprio Sérgio Longo, fundador da Selo Consultoria, empresa especializada na reestruturação de frigoríficos em recuperação judicial. Os outros diretores da Rodopa também assumem a empresa, uma vez que são sócios da Selo.

Fundada em Limeira (SP) pela família Bindilatti no ano de 1958, a Rodopa – dona da marca Tatuibi – era controlada por Paulo Bindilatti, presidente do conselho de administração da companhia até o fim de setembro, quando passou bastão para Longo, de 57 anos. O executivo foi diretor-financeiro da JBS.

A venda da empresa era um desejo de Bindilatti, que não queria permanecer no negócio. Foi nesse contexto que surgiu a proposta do então diretor-executivo da Rodopa. Para concretizar a aquisição, no entanto, executivo impôs como condição a captação externa de US$ 100 milhões em bônus. A cláusula, prevista no acordo de compra e venda, foi a maneira com que Longo encontrou para se defender do endividamento de curto prazo da empresa, que totalizava 80% de sua dívida total.

Coordenada pelo sul-africano Standard Bank, a captação foi fechada no início da noite de ontem (10). Com uma taxa de juros de 12,5% ao ano, os títulos emitidos vencem em 2017. O frigorífico paulista buscava uma janela no mercado financeiro para essa captação externa desde o ano passado. As tratativas haviam esfriado no primeiro semestre deste ano por causa das incertezas da economia mundial.

Com a operação, a Rodopa pretende alongar sua dívida e elevar a participação das exportações em sua receita. No segundo trimestre deste ano, a companhia reportou uma dívida líquida de R$ 146,6 milhões, sendo 80% desse total no curto prazo. A dívida bruta da companhia é estimada em cerca de R$ 160 milhões.

Entre janeiro e setembro, a Rodopa obteve faturamento de R$ 759,2 milhões, salto de 21,1% sobre os R$ 626,791 milhões apurados no mesmo período do ano passado. Atualmente, cerca de 20% das vendas da companhia são geradas nas exportações de carne bovina. A empresa planeja ampliar essa fatia para 30%

Além de alongar o perfil de sua dívida e ampliar as exportações, a captação dá fôlego para a companhia dobrar sua capacidade de abate das atuais 3 mil cabeças diárias para 6 mil cabeças. Para atingir essa capacidade, a Rodopa negocia a aquisição ou arrendamento de duas novas unidades de abate.

Atualmente, empresa detém quatro frigoríficos, em Ipuã (SP), Santa Fé do Sul (SP), Goiás (GO) e Cassilândia (MS). A Rodopa possui, ainda, uma unidade de cortes “porcionados” voltados para o food-service em Cajamar (SP).

O novo controlador do frigorífico contou que conheceu a Rodopa em 2010, quando prestava consultoria a frigoríficos em recuperação judicial – entre 2008 e 2009, o excesso de capacidade detonou uma crise no setor. “Era uma empresa redondinha, mas que precisava encontrar um caminho”, disse Longo à época.

De lá para cá, Longo liderou o processo de profissionalização da empresa, marcadamente familiar até então. No ano passado, a receita da Rodopa alcançou R$ 860 milhões, avanço de 10,5% sobre os R$ 778,5 milhões registrados em 2010, ano em que a empresa iniciou o processo de profissionalização. A expectativa da empresa é atingir um faturamento de cerca de R$ 1 bilhão ao final neste ano.

No comando da empresa, Longo tem planos de abrir o capital da Rodopa conforme já informou o Valor. O IPO, no entanto, só deve tomar forma quando a empresa atingir uma receita anual de R$ 3 bilhões, o que depende de maior capacidade produtiva. Com esse intuito, o frigorífico conta com uma linha de R$ 120 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Fonte: jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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