O preço médio do frete do agronegócio ficou em R$ 1,02 por quilômetro rodado por eixo em agosto, segundo o Índice FreteBras do Preço do Frete (IFPF), criado pela plataforma de transportes Fretebras. O valor é 3,26% maior que o praticado em julho e 0,27% inferior à média de agosto de 2020.
O aumento do custo do transporte entre um mês e outro foi mais forte no agro do que em outros setores da economia, como indústria e construção, segundo a FreteBras. “O agronegócio é um setor bastante aquecido. Em nossa plataforma, registramos um aumento de 184% no volume dos fretes desta categoria no período entre julho e agosto. Esse cenário foi impulsionado pela etapa final da safrinha do milho, que demandou mais viagens dos caminhoneiros. Isso acabou puxando o valor do frete para cima”, explica o diretor de operações da empresa, Bruno Hacad.
Depois do agronegócio, o frete mais caro foi o de produtos industrializados, com custo médio de R$ 0,97 por quilômetro rodado por eixo. O transporte de insumos para construção, que custou R$ 0,96, em média, apareceu em terceiro lugar nesse ranking.
A despeito do aumento do preço do frete entre julho e agosto, o valor do serviço continua não acompanhando os sucessivos aumentos no preço do óleo diesel S500. Entre agosto de 2020 e agosto deste ano, o custo nacional do transporte por quilômetro rodado por eixo subiu apenas 1,58%, enquanto o preço do diesel, no mesmo período, teve alta de 37,25%, segundo a análise da FreteBras.
Regiões
Os dados do levantamento mostram que o valor médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil em agosto foi de R$ 0,98. A região Norte é a que apresentou o quilômetro por eixo mais caro (R$ 1,04), seguida por Nordeste (R$ 0,99) e Centro-Oeste (R$ 0,98). No Sul e no Sudeste, o preço ficou em R$ 0,97.
Na comparação entre julho e agosto deste ano, a maior alta, de 1,95%, ocorreu no Centro-Oeste. “Isso aconteceu muito em função da crise hídrica, que levou à paralisação da hidrovia Tietê-Paraná e também ao declínio das estimativas da produção nos Estados da região. Assim, para o transporte de grãos do percurso entre o Centro-Oeste e o Sudeste, os produtores tiveram que usar como alternativa o modal rodoviário, que é dois terços mais caro que o hidroviário”, analisa Hacad.
Nesse intervalo, a maior queda de preços ocorreu no Nordeste, com declínio de 3,27%. O número de veículos registrados na plataforma cresceu quase 6% na região, o que ajudou a puxar para baixo o valor do frete.
No intervalo de 12 meses até agosto, o maior aumento no preço do frete ocorreu na região Sul do país (+2,07%). Nesse período, a maior demanda por caminhoneiros para o escoamento da produção de grãos – a colheita cresceu 6,5% na região, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – teve um ligeiro impacto no aumento do preço do frete.
Já a maior queda foi registrada no Norte (-4,84%). “Em agosto, tivemos em nossa plataforma 43% mais caminhoneiros disponíveis do que fretes na região Norte, e isso fez com que o mercado pagasse menos para realizar os transportes ”, afirma Hacad.
Estados
Na análise por Estado, Alagoas apareceu com a maior alta no preço do frete (+13,02%) no intervalo de 12 meses até agosto, reflexo do crescimento de 87% no volume de fretes cadastrados na FreteBras. O Piauí também teve um aumento considerável no custo do serviço, de 11,53%, puxado pelo aumento de 8% da área plantada, que resultou em um crescimento de cerca de 10% na produção de grãos (milho e soja), avalia a Fretebras. Em ambos os Estados, o preço do diesel subiu mais de 40% em 12 meses.
As maiores quedas no custo do transporte ocorreram no Rio Grande do Norte e no Ceará, que registraram declínios de 16,88% e 7,95%, respectivamente, em 12 meses. Nesse período, o preço do diesel aumentou 39,38% nesses Estados.
“Depois que lançamos o IFPF, confirmamos que o preço médio do frete não acompanha a alta dos custos do diesel, mas também entendemos que o poder de negociar está nas mãos dos caminhoneiros. Por isso, lançamos o programa CalculaFrete, que tem como carro-chefe a calculadora de custos. O objetivo é apoiar esses profissionais na gestão dos custos do transporte”, diz o executivo.
Os dados que compõem o índice da FreteBras baseiam-se na avaliação de mais de 5 milhões de fretes cadastrados até agosto de 2021, com mais de 580 mil caminhoneiros e 14 mil empresas assinantes da plataforma. Na análise do valor do diesel, a empresa considerou os preços de combustíveis publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Fonte: Valor Econômico.