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20 de abril de 2005

Fontes dietéticas de ferro e zinco, crescimento físico e desenvolvimento cognitivo em crianças lactentes

O ferro e o zinco são elementos críticos para o crescimento normal, hematopoiese e desenvolvimento neurológico durante a infância. Os requerimentos nutricionais, incluindo os de micronutrientes, são geralmente supridos pelos bebês exclusivamente através do leite materno até cerca dos primeiros seis meses de vida. A introdução e seleção de alimentos complementares então se tornam importantes, além da amamentação, para suprir as necessidades dos bebês.

Uma importante consideração para suprir os requerimentos de ferro no início da vida do bebê é a contribuição do leite materno. A concentração de ferro no leite humano é relativamente baixa, 0,2-0,4 mg/L, e as concentrações declinam somente modestamente durante o curso da lactação. A eficiência da absorção de ferro pelo leite humano é bastante alta, em média em cerca de 50% (1). O ferro corpóreo total é relativamente estável do nascimento até cerca de quatro meses de idade, mas a distribuição modifica um pouco à medida que os estoques são utilizados para dar suporte ao crescimento. Entre quatro e 12 meses, existe um aumento substancial na massa de eritrócitos e, em uma menor extensão, na mioglobina no tecido magro (1). Este aumento dos requerimentos de ferro entre os quatro e 12 meses de idade não podem ser supridos diretamente pelo ferro disponível no leite materno, e outras fontes dietéticas de ferro se tornam cada vez mais importantes dos seis meses até um ano de vida (9).

Os bebês novos têm requerimentos relativamente altos de zinco para dar suporte ao rápido crescimento desta fase da vida. As concentrações de zinco do leite são bastante altas nas primeiras semanas pós-parto, ficando em média em >3 mg/L em 2 semanas, mas então declinando severamente durante as primeiras semanas da lactação (12). Apesar de as concentrações de zinco em mulheres bem nutridas serem relativamente resistentes às mudanças na ingestão maternal deste elemento, existe uma considerável variabilidade nas concentrações de zinco no leite materno entre as mulheres. Também existe uma forte correlação entre as concentrações de zinco no início da lactação (suas semanas após o parto) e no meio para o final da lactação (5-7 meses) (12). Apesar dos aumentos no volume da ingestão de leite durante as primeiras semanas após o parto, um maior declínio nas concentrações de zinco resulta em uma queda longitudinal na ingestão deste elemento (13). Como mostrado na figura 1, as estimativas fatoriais dos requerimentos longitudinais para a absorção líquida de zinco também são maiores nas primeiras semanas de vida (11). O intervalo entre a ingestão e os requerimentos diminui consideravelmente entre duas semanas e cinco meses de idade; mas aos sete meses, a ingestão de leite materno é quase igual aos requerimentos estimados para absorção líquida (Figura 1). Nestas circunstâncias, a eficiência de absorção teria que estar próximo de 100% para suprir os requerimentos estimados (11).

Figura 1: Ingestões longitudinais de zinco pelo leite materno por crianças exclusivamente lactentes, baseado em um teste de pesagem de 72 horas (13). Os valores são média + SEM (Erros Padrões de Medida). A linha de baixo indica os requerimentos calculados por método fatorial da absorção líquida de zinco por bebês (11).


O momento e a escolha da introdução de alimentos complementares são influenciados por uma série de fatores, incluindo a maturação do bebê, as crenças e percepções dos pais e as considerações nutricionais. Do ponto de vista nutricional, os alimentos complementares oferecem fontes adicionais de energia, proteína e micronutrientes, os quais podem se tornar limitados em crianças lactentes mais velhas. Como notado acima, o ferro e o zinco são exemplos importantes. A preferência natural dos bebês por sabores doces resulta em uma pronta aceitação de frutas como um complemento alimentar inicial (4). Outros alimentos, que podem ter até mais relevância nutricional, são menos prontamente aceitos. Isso combinado com a neofobia (medo de coisas novas) dá frequentemente aos pais a impressão de que a rejeição inicial pelo bebê indica um desgosto por alimentos particulares (5).

Considerações sobre os padrões anteriores de introdução de alimentos complementares indicam uma gama extremamente ampla de práticas (8). Durante séculos, mingaus de cereais foram comumente introduzidos para bebês muito jovens. No início do século XX, caldo de carne bovina e carnes foram introduzidos em crianças com um ano de idade, mas vegetais verdes foram evitados até os três anos. Um dos mais radicais grupos de recomendações foi aquele dos anos cinqüenta, que promoveu a introdução de alimentos de todos os principais grupos de alimentos a partir de três semanas de idade (8). Atualmente, a Academia Americana de Pediatras (AAP) recomenda que a introdução de sólidos seja adiada para bebês lactentes até os seis meses de idade (2). Outras recomendações da AAP são que, se os alimentos complementares são evitados até os seis meses de idade, a ordem na introdução de alimentos específicos não é crítica (2). Em um relatório sobre o suprimento dos requerimentos de ferro durante a infância, o Instituto de Medicina dos EUA recomendou a introdução de sólidos dos quatro aos seis meses. O relatório sugeriu que as necessidades de ferro do bebê podem ser supridas ou pela introdução de cereais fortificados (especialmente sendo fonte também de vitamina C) ou pela introdução de carnes vermelhas nesta idade (9).

As atuais práticas para introdução de alimentos complementares foram examinadas recentemente (17). Em quase 100 bebês estudados de seis meses de idade, os cereais foram consumidos pelo maior número de crianças, seguido de perto por vegetais, com consideravelmente menos quantidade de frutas. Carnes vermelhas não foram consumidas por nenhum bebê de seis meses de idade. A partir de um ano de idade, mais da metade dos bebês consumiram cereais e frutas, mas menos da metade consumiram carnes vermelhas ou misturas contendo esse alimento. Somente 10% dos bebês consumiam carne bovina aos 12 meses de idade. Os autores deste estudo comentaram da grande popularidade e freqüência de certos alimentos no consumo de bebês de 12 a 16 meses de idade: “bananas, aveia, queijos, frango, biscoito cream cracker, batata e iogurte”. Essas observações sugerem que, como recomendado, cereais fortificados com ferro foram consumidos no início da complementação alimentar e, desta forma, contribuíram de forma importante para suprir as necessidades de ferro dos bebês. As ingestões calculadas de nutrientes entre seis e 12 meses foram iguais ou excederam a Quantidade Dietética Recomendada de ferro e da maioria dos outros micronutrientes, mas com o zinco, houve uma notável exceção. Entre os 12 e os 24 meses de vida, a ingestão média de zinco foi estimada em cerca de 50-60% da quantidade recomendada (15,17).

As implicações nutricionais das diferentes escolhas de alimentos complementares são notáveis. O teor de proteína, ferro e zinco de frutas, cereais fortificados com ferro, carne bovina e de frango é mostrado na Figura 2 (16). Apesar de as frutas serem comumente introduzidas no início da dieta sólida do bebê, elas contribuem muito pouco com proteína, ferro e zinco; elas fornecem fibras e certas vitaminas. Os cereais infantis fortificados com ferro obviamente contribuem com substanciais quantidades de ferro. A carne bovina e a de frango contribuem com grandes quantidades de proteína e uma quantidade moderada de zinco. Também pode ser visto na figura que, apesar de tanto a carne vermelha como a de frango serem boas fontes de proteína, a carne bovina tem uma quantidade consideravelmente maior do que a de frango de zinco e uma quantidade aproximadamente equivalente de ferro (16).

Figura 2: Comparação do teor de proteína, ferro e zinco de alimentos complementares selecionados (16).


Vários estudos avaliaram os efeitos dos alimentos complementares no status de ferro e zinco dos bebês. Em um estudo longitudinal feito na Dinamarca no qual os bebês foram acompanhados do nascimento até 12 meses de idade, o status de ferro foi examinado com relação aos padrões de alimentação. Entre seis e nove meses de idade, a ferritina sérica esteve negativamente associada com as ingestões de pães e leite bovino. Houve uma tendência de associação positiva entre a ferritina sérica e a ingestão de carnes vermelhas e peixe (14).

Um estudo de intervenção examinou os efeitos da maior ingestão de carnes como alimento complementar (7). Neste estudo, bebês de oito meses parcialmente alimentados com leite materno, foram aleatoriamente divididos em um grupo com baixa ingestão de carnes (10g/dia) e um de alta ingestão (27g/dia) durante um período de dois meses. O purê de carnes oferecido aos bebês continha carne bovina, ovina, frango e peixes. O restante, a ingestão de energia (leite, cereais, pães, frutas), era escolhido livremente pelos pais. A ingestão de fórmulas fortificadas com ferro não foi controlada. Os resultados indicaram que as ingestões de proteína e de ferro foram maiores no grupo de maior consumo de carnes. As ingestões totais de ferro e zinco não foram significantemente diferentes entre os grupos, uma descoberta atribuída ao fato de o grupo de baixa ingestão de carnes ter consumido mais alimentos fortificados com ferro. A comparação entre os índices bioquímicos do status de ferro e zinco no final do estudo indicou que no grupo com menor ingestão de carnes, a hemoglobina caiu significantemente, enquanto no grupo com alta ingestão de carnes, a hemoglobina foi minimamente menor. Não houve diferenças na ferritina ou no zinco plasmático entre os dois grupos. Dado que as ingestões de ferro não foram diferentes, os autores concluíram que o ferro nas carnes foi melhor absorvido resultando em um melhor status hematológico (7).

Esses pesquisadores também avaliaram o efeito da adição de carnes na absorção do ferro não-heme de purê de vegetais em um sub-grupo de bebês de 10 meses. A absorção de ferro foi estudada com a incorporação de um isótopo estável do ferro nos eritrócitos. A absorção do ferro não-heme foi significantemente maior dos purês de vegetais contendo carnes; a adição de 25 gramas de carnes para 100 gramas de purê de vegetais levou a um aumento de 2,7 vezes no total de ferro absorvido. A quantidade de ferro absorvido dos purês vegetais enriquecidos com carnes foi aproximadamente 30% o requerimento diário de ferro; a quantidade de ferro absorvida do purê de vegetais foi cerca de 12% da quantidade diária recomendada (6).

Outros pesquisadores usaram um método diferente para testar os efeitos da introdução de carnes na dieta de bebês, examinando os efeitos no crescimento, status de zinco e ferro, desenvolvimento e absorção de zinco da carne bovina versus os de cereais fortificados com ferro como primeiro alimento complementar. O estudo incluiu bebês alimentados exclusivamente com leite materno, de três a quatro meses de idade, que foram selecionados aleatoriamente para receber purê de carne bovina ou cereal de arroz fortificado com ferro como primeiro alimento complementar, a ser introduzido entre cinco e sete meses de idade. A ingestão de outros alimentos testes não foi permitida até depois dos sete meses, mas não houve restrição com relação à ingestão de alimentos com baixo teor de zinco e ferro, como purê de frutas e vegetais. Os bebês foram acompanhados até um ano de idade.

O estudo resultou em uma ingestão dietética significantemente maior de proteína e zinco no grupo de carne bovina dos cinco aos sete meses, mas essas diferenças desapareceram dos nove aos 12 meses de idade. A ingestão de ferro foi significantemente maior no grupo que consumiu cereais fortificados aos sete meses, mas não houve diferenças depois disso. As mães também foram solicitadas a registrar durante o período do estudo a “aceitação” dos alimentos pelos bebês. Não houve diferença entre os grupos de cereais e carne bovina com relação à aceitação. Não foi detectado efeito no crescimento, desenvolvimento ou índices bioquímicos no status de ferro e zinco aos nove meses (18).

Um estudo sobre a absorção de zinco foi feito com um grupo de bebês de sete meses de idade. Para este estudo, foram administrados isótopos estáveis do zinco durante dois dias consecutivos, um somente com alimentos complementares determinados (carne bovina ou cereal) e, no dia seguinte, com alimentos complementares determinados somados ao leite materno. Apesar da absorção fracional de zinco ter sido levemente maior no grupo de carne bovina do que no grupo de cereais, a diferença não foi significante. A absorção de ambos os grupos foi em média de 40%. A comparação da ingestão de zinco dos alimentos testes e a quantidade absorvida (ingestão X fração absorvida) mostrou uma quantidade significantemente maior de zinco absorvido das refeições de carne bovina comparado com as de cereais (P = 0,001). Tendo as diferenças na ingestão de zinco persistido além dos sete meses, parece que uma maior quantidade de ingestão de fontes altamente biodisponíveis de zinco resulta em um melhor status deste elemento. Esta conclusão foi baseada na medida do pool mutável de zinco, que esteve correlacionada com a ingestão de zinco (P < 0,05) (10). Conclusões

  • Em suma, essas investigações mostraram que não existe diferença de aceitação pelos bebês lactentes ao consumo de carnes, incluindo purê de carne bovina, com relação a outros alimentos complementares (7,18). Isso é consistente com a pesquisa que indicou que a exposição repetida a novos alimentos, especialmente àqueles que não são doces, é crítica para a aceitação por parte do bebê (5).
  • A ingestão de carnes está associada com maiores ingestões de zinco e proteína, mas em um efeito na ingestão de energia pelos alimentos complementares (18). A ingestão de carne está associada com uma maior absorção de ferro não-heme (6).
  • Apesar de a absorção de zinco não ter sido significantemente maior na carne bovina comparada com cereais, o maior teor de zinco contido na carne resultou em uma absorção significantemente maior de zinco da carne bovina, devido à maior quantidade (10).
  • A ingestão de carne esteve associada com o status hematológico que foi pelo menos equivalente (18), ou possivelmente melhorado (7), e com equivalente crescimento e desenvolvimento (18).
  • Esses estudos foram realizados em populações de bebês de famílias de rendimento médio e com ambientes relativamente protegidos. Desta forma, a disponibilidade de alimentos e o conhecimento sobre as práticas de alimentação foram favoráveis. Esses resultados poderiam não ser os mesmos em ambientes marginalizados, particularmente aqueles com maior morbidade infecciosa e menos opções de alimentos complementares.
  • Esses resultados sugerem que a introdução de produtos de carne como um componente da dieta de bebês pode beneficiar o status de micronutrientes nestes ambientes.

    Referências bibliográficas

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  • Este artigo foi apresentado no Simpósio “Zinco e Ferro Dietéticos – Perspectivas Recentes Relacionadas ao Crescimento e Desenvolvimento Cognitivo”, como parte da reunião de Biologia Experimental 99 realizada de 17 a 21 de abril em Washington DC. Este Simpósio foi patrocinado pela Sociedade Americana para Ciências Nutricionais e teve o apoio em parte das doações educacionais da Associação Nacional dos Produtores de Carne Bovina dos Estados Unidos (National Cattlemen’s Beef Association – NCBA). Os trabalhos de Simpósios são publicados como um suplemento no The Journal of Nutrition.
  • A pesquisa contou com o apoio da NCBA e da The Gerber Products Company; suporte adicional à pesquisa foi fornecido pelo Centro de Pesquisa Clínica Pediátrica da Universidade de Colorado.
  • Fonte: Baseado em artigo de Nancy F. Krebs (seção de Nutrição, Departamento de Pediatria, Escola de Medicina da Universidade de Colorado, Denver), publicado no The Journal of Nutrition, (2000;130:358S-360S), adaptado por Equipe BeefPoint

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