Equipe do governo gaúcho vai à China buscar habilitação de frigoríficos para exportação
27 de março de 2023
Exportações de carne bovina à China devem crescer em 2023, diz Fávaro
27 de março de 2023

Fim do embargo chinês deve ter impacto no preço da carne

O fim do embargo para a venda de carne bovina para a China pode afetar a queda dos preços de carne para o consumidor brasileiro. Os preços do boi gordo já começaram a se recuperar com a notícia, mas deve ocorrer um período de ajuste e depende da capacidade de compra do consumidor.

Além disso, outros fatores colaboram para a continuidade da queda de preços, como alta expressiva acumulada nos últimos anos, redução de custo de rações e aumento de abates. Na previsão da LCA Consultores, os preços de carnes fecham 2023 com queda de 3,5%. Pela inflação oficial do governo, houve alta de 32,4% em 2019, 18% em 2020, 8,5% em 2021 e 1,8% em 2022. Isso significa, portanto, que a previsão é de preços a partir de patamares elevados.

Para o economista Fábio Romão, responsável pelas projeções, a volta das exportações para a China deve contribuir para uma queda menos intensa dos preços no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechado de março que na prévia medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15). Ele diz que a questão das exportações era mais um fator para a queda da carne bovina, mas não o único.

“Também tem barateamento do custo de rações, com milho e soja, aumento de abate em 2022, o que não acontecia há dois anos, e altas expressivas de anos anteriores. Essa queda de 3,5% não devolve essas altas monumentais, mas é uma mudança de tendência frente aos últimos anos.”

No IPCA-15 de março, os preços de carnes caíram 0,91%, a maior queda desde novembro de 2021 (-1,15%). Alguns cortes tiveram redução ainda maiores: picanha (-1,43%), contrafilé (-2,04%) e patinho (-1,37%).

No resultado acumulado em 12 meses até março, o preço das carnes acumula queda de 2,23%.

Em comunicado a clientes, o Monitor Agro, do Bradesco, informou que os preços de boi gordo no mercado doméstico tendem a se recuperar com a volta das vendas da China.

A suspensão das vendas da carne brasileira à China vigorou por um mês, entre 23 de fevereiro e 23 de março, por causa de um caso de mal de vaca louca no Pará. O fim do embargo ocorreu na quinta-feira (23), na véspera da viagem do governo Lula ao país asiático.

Para o pesquisador da área de pecuária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP Thiago Bernardino de Carvalho, a tendência é de recuperação dos preços da carne no atacado, movimento já iniciado imediatamente após o anúncio do fim do embargo. Ele diz, no entanto, que deve ocorrer um período de ajuste e a carne já vinha de altas intensas de preços.

“Com o anúncio da China, já tem uma valorização dos animais e pode sim ser um termômetro de uma valorização da carne. Mas pode ter uma valorização rápida e depois se ajusta. A gente teve ao longo de 2020, 2021 e 2022 uma forte valorização da carne. E a inflação como um todo também ficou elevada, ultrapassou 10%, isso tira o poder de compra do consumidor”, afirma.

Ele lembra, por exemplo, das trocas do consumidor da carne bovina de cortes mais nobres por outros e também a substituição por carne suína, frango e até ovo.

Fonte: Valor Econômico.

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress