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Ferramenta digital reduz até 20% dos custos

As transformações da chamada agricultura 4.0 devem se intensificar nos próximos anos. A conectividade no campo, por meio de sensores e internet das coisas (IoT) auxilia nos processos de irrigação e manejo de equipamentos agrícolas; blockchain e big data, no rastreamento e certificação da produção; e aplicativos e softwares ajudam o produtor na gestão da propriedade rural. Essas tecnologias, combinadas, podem levar a uma redução de custos para o produtor da ordem de 20%, de acordo com Bruno Brasil, da secretaria de pesquisa da Embrapa. “Hoje mais de 60% dos produtores têm celulares com acesso à internet, embora o acesso à rede no campo ainda seja um desafio”, diz.

A produção de insumos biológicos em substituição aos de origem fóssil na agricultura é outra área onde a tecnologia está se expandindo rapidamente. De acordo com o pesquisador da Embrapa, a agricultura brasileira se beneficia com a substituição de adubos fosfatados ou nitrogenados por microrganismos inoculantes, que ajudam a fixar os nutrientes às plantas. O caso mais conhecido é a fixação biológica de nitrogênio na cultura de soja, que eliminou a necessidade de usar adubo nitrogenado e proporciona uma economia de US$ 13 bilhões por ano no Brasil. Este ano, estão sendo lançados no mercado brasileiro também inoculantes que tornam o fósforo disponível para o milho, o que deve reduzir ou eliminar o uso de fertilizantes fosfatados, tecnologia que já vem sendo empregada nos EUA e Austrália com bons resultados.

A tecnologia da edição gênica traz a promessa de revolucionar a agricultura. A técnica consiste na criação de uma planta melhorada, mas sem a inclusão do DNA de uma espécie diferente, como ocorre com os organismos geneticamente modificados. A inovação, conhecida como CRISPR – repetições palindrômicas curtas inter-espaçadas regularmente em agrupamentos -, permite incorporar características como resistência a doenças, produtividade maior, tolerância à seca ou melhor composição nutricional. Também reduz o tempo do desenvolvimento de sementes de uma média de oito anos para cinco anos, com os mesmos protocolos de campo.

“Essa é uma entre tantas tecnologias que estão a caminho e serão importantes para o Brasil estar na fronteira da competitividade agrícola”, diz Sandra Milach, líder de pesquisa genética da Corteva, empresa de biotecnologia resultado da união das áreas agrícolas das multinacionais Dow Chemical e DuPont, e uma das patrocinadoras do evento da “Globo Rural”.

Sandra trabalha há oito anos nos Estados Unidos, onde identifica, junto com sua equipe, os genes das plantas que podem ser modificados com a tecnologia CRISPR. Culturas como milho, soja, arroz, sorgo, canola e girassol estão na mira das pesquisas. A Corteva planeja lançar este ano no mercado americano o primeiro produto com a tecnologia CRISPR, um híbrido de milho ceroso, ainda como projeto piloto. No Brasil, será preciso esperar alguns anos. Mas primeiros passos foram dados – em abril, a Corteva assinou um termo de compromisso com a Embrapa para desenvolver pesquisas com a técnica para a cultura da soja. O objetivo é desenvolver sementes do grão tolerantes à seca e resistentes a nematoides.

Fonte: Valor Econômico.

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