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Fazendas urbanas conquistam consumidor

As fazendas urbanas estão colhendo mais do que ervas e verduras. Quatro operações ouvidas pelo Valor, que receberam R$ 7 milhões de investidores desde 2017, comprovam que o modelo pode dar resultados mesmo em tempos de covid 19.

Baseadas principalmente na produção hidropônica de folhosas (alface, rúcula e espinafre) em estruturas verticalizadas ou áreas reduzidas de 56 a 300 m2, as unidades funcionam em galpões, lajes de restaurantes e até no interior de supermercados, e ampliaram as apostas em ferramentas digitais e mídias sociais para chegar aos consumidores.

Dependendo do tamanho do plantio, as unidades conseguem distribuir até 3 toneladas de alimentos por mês, para redes de varejo, restaurantes e consumidores finais.

Em algumas empresas, a quantidade de culturas saltou de duas para 13 em menos de um ano. E a possibilidade de oferecer mercadorias frescas em áreas vizinhas, sem intermediários e com controle desde o manuseio das colheitas até a entrega, é um trunfo para ganhar mercado.

Com uma área de 56 metros quadrados no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), a Fazenda Cubo fez a primeira colheita em junho de 2019. Começou apenas com alface e rúcula, e hoje conta com 13 cultivos diferentes. Só de alface são seis tipos, além de variedades como a rúcula “selvática”, com sabor menos picante que a tradicional.

O plantio é feito em estantes com prateleiras e calhas onde as plantas crescem, explica Paulo Bressiani, fundador e CEO da Cubo. Entre uma prateleira e outra, painéis de LED fornecem luz para a plantação.

A produção mensal beira 800 quilos, distribuídos na capital paulista, e a maior parte é vendida diretamente para consumidores finais. Há uma loja no local e o comprador pode ver a fazenda funcionando por uma janela. Bressiani afirma que a pandemia não travou as entregas. “Crescemos 230% nesses últimos meses”, diz, sem detalhar números.

Logo no início da crise sanitária, a Cubo passou a aceitar pedidos via WhatsApp e hoje tem um bot que interage com os clientes na ferramenta. O empresário planeja introduzir novas espécies na categoria de temperos e uma segunda unidade produtiva, maior que a atual.

“Estamos próximos de atingir a capacidade máxima”. A empresa recebeu R$ 850 mil, de investidores anjo, no início de 2019.

A Fazu-Rede de Fazendas Urbanas também recebeu aporte no ano passado, de valor não revelado. Em atividade desde 2019, funciona na laje de um restaurante e dentro de uma ONG, na capital paulista. São mais de 300 m2, com estruturas verticalizadas que potencializam o uso das áreas plantadas, explica o CEO Gabriel Cano.

A produção inclui mais de dez culturas, como agrião e espinafre, e a venda atinge uma tonelada de alimentos, ao mês. “O diferencial é colher e entregar para o cliente em até uma hora”, diz Cano, que tem uma carteira de mais de 100 consumidores finais e 20 restaurantes.

Nas primeiras semanas da pandemia, o empresário sentiu uma queda de até 40% nas entregas, com o fechamento dos estabelecimentos. Passou a explorar mais a venda B2C (para o consumidor final), fez parcerias com aplicativos de entrega e criou um e-commerce. Entre agosto e setembro, o faturamento aumentou 20%, impulsionado pela retomada gradual dos comércios.

Geraldo Maia Neto, CEO e fundador da PinkFarms, que está no mercado há pouco mais de um ano, vende na Grande São Paulo, Jundiaí e Vinhedo (SP) – 95% das entregas seguem para varejo e food service.

Com uma produção de cerca de três toneladas por mês, principalmente folhosas e ervas, ocupa 300 metros quadrados em um galpão no bairro da Vila Leopoldina.

“Em setembro, com a volta dos restaurantes, já tivemos um faturamento 50% maior do que em agosto”, diz Maia. Até o fim do ano, ele pretende introduzir até seis novos produtos nas colheitas. Em 2018 e 2019, a PinkFarms recebeu aportes que somaram R$ 4 milhões, liderados por SP Ventures e Capital Lab.

Na capital do Rio de Janeiro, os empresários Thomas Oberlin e Rodrigo Meyer mantêm a Fazenda Urbana, que vende 4 tipos de cogumelos e 15 microverdes (vegetais em estado jovem), como repolho e coentro, com a marca MightyGreens.

Com duas unidades, inclusive dentro de um supermercado na Barra da Tijuca, têm capacidade para colher até 2,5 toneladas de cogumelos em um espaço de 30 m2. Os contratos com supermercados representam mais de 80% do negócio.

Desde 2017, a companhia recebeu duas rodadas de investimentos que somaram US$ 400 mil, de investidores do Brasil e também dos Estados Unidos.

Uma terceira captação deverá ser usada para ampliar a produção de cogumelos em até 300%. “A pandemia reforçou a importância de focar no atendimento aos supermercados”, diz Oberlin.

Fonte: Valor Econômico.

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