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Fazenda Futuro: como a startup que aposta em carne de planta para superar frigoríficos já vale R$ 715 milhões

Marcos Leta é um empreendedor obcecado com produtos – mais especificamente, com produtos no setor de alimentos e bebidas.

Sua primeira empreitada foi a Do Bem. A marca de sucos em conservantes foi fundada em 2007, e vendida para a gigante Ambev em 2016. Leta decidiu apostar em um segmento mais ousado no negócio seguinte: investiu nas proteínas plant based, que usam elementos vegetais para imitar cor, gosto e textura da carne bovina e do frango.

“Pensamos em de que forma poderíamos fazer algo maior no Brasil. A gente sabe operar no país e podemos usar cada vez mais tecnologia, cada vez mais nossos vegetais e frutas. Foi aí que pensamos em entrar no mercado de carne de planta”, contou Leta em entrevista ao podcast Do Zero Ao Topo.

A Fazenda Futuro foi criada em abril de 2019. Além de um hambúrguer feito com plantas, a startup de comida (ou foodtech) têm emulações de almôndegas, carne moída, frango em pedaços e linguiça de pernil. Alguns ingredientes usados são beterraba, ervilha, gordura de coco, óleo de canola e soja. Todos são naturais, não transgênicos e sem colesterol, glúten ou gordura trans.

O objetivo é atrair não apenas os vegetarianos e veganos, mas também consumidores da carne comum. “A gente criou a Fazenda Futuro para competir com frigoríficos, não com as empresas que fabricam produtos vegetarianos ou veganos“, disse Leta.

Hoje, a Fazenda Futuro está avaliada em R$ 715 milhões e vende seus produtos em 24 países. Além do trabalho de divulgação com supermercados e da parceria com food services como a rede Spoleto, o fundador atribui a expansão da foodtech ao tempo.

“A gente pode botar todo o capital do mundo, fazer todos os investimentos de marketing possíveis, imagináveis. Mas a cultura de consumo tem um tempo para a mudança. Você tem que continuar seu trabalho de criar, organizar e evoluir a categoria. Precisa oferecer produtos cada vez mais gostosos e mais inovadores.”

Enquanto a empresa recebe tempo, o fundador recebe pragmatismo. “Eu sempre fui um cara sonhador. Se você não for sonhador, não monta nada. Mas, ao longo do tempo, eu fui incluindo um pouco mais de objetividade”, afirmou o cofundador da Fazenda Futuro. “Sempre acreditei em todos os negócios que criei porque fiz um pouco a mais do dever de casa, para entender onde que eu estava entrando. Nunca perdi o sonho grande ou desanimei em relação à categoria em que atuamos, mas o pragmatismo veio para tornar a operação mais eficiente. (…) Quando você é realista, acaba evoluindo seu sonho.”

O mercado a transformar é grande: o Brasil é um dos cinco maiores produtores de carne do mundo, ao lado de China, Estados Unidos, União Europeia e Rússia. Mas o potencial também é enorme: o país também é o quinto mercado no mundo para a comida saudável, segundo o The Good Food Institute, organização global pela inovação na indústria de alimentos.

Uma pesquisa realizada pelo The Good Food Institute em maio de 2020 mostrou que 49% dos brasileiros reduziu seu consumo de carne nos 12 meses anteriores, ante 29% no estudo anterior do GFI (2018). Boa parte da substituição feita por esses consumidores, chamados de flexitarianos, é feita com vegetais comuns (47%), mas as carnes vegetais têm participação relevante (12%). A depender dos esforços da Fazenda Futuro, essa fatia de proteínas alternativas só tende a aumentar.

Fonte: Podcast Do Zero ao Topo, Infomoney.

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