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FAO terá plataforma sobre o uso de novas tecnologias

A transformação digital da agropecuária está na agenda de empresas, governos e também da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que planeja lançar uma plataforma internacional com diretrizes para equilibrar os benefícios e possíveis impactos negativos do uso dessas tecnologias no campo.

A proposta partiu de 74 ministros da Agricultura reunidos em fórum global na Alemanha no ano passado e foi abraçada pela Organização Mundial de Agricultores (WFO, na sigla em inglês), empresas de tecnologia como IBM e Microsoft e pelo próprio diretor geral da FAO, QU Dongyu.

Autoridade máxima no órgão, Dongyu defende que “ferramentas algorítmicas que usam inteligência artificial devem ser guiadas pelos direitos humanos e princípios de saúde animal, bem como por considerações relativas ao meio ambiente, biodiversidade e segurança alimentar”, como expressou em reunião virtual de alto escalão sobre a plataforma na quinta-feira passada.

Maximo Torero-Culler, economista-chefe da FAO, ressaltou que uma agricultura mais produtiva, sustentável e eficiente gera um “tremendo impacto” na redução da pobreza, e que as oportunidades do mundo digital são grandes, embora existam desafios regulatórios importantes principalmente no âmbito de privacidade de dados dos produtores.

“A internet das coisas gera uma série de informações que podem ser armazenadas e analisadas para suportar o avanço da inteligência artificial. O blockchain traz ganhos de segurança nas transações ao longo da cadeia. Somos a favor da inovação, da tecnologia, do Big Data, mas estamos cientes também da importância do papel de controle das instituições e governos”, afirmou ele.

Torero-Culler explicou que o objetivo da plataforma é abrir o diálogo sobre o caminho para a tecnificação da produção de alimentos e para a discussão de melhores práticas com a cadeia. “A plataforma é sobre políticas, recomendações e diretrizes. Não queremos chegar a uma regulação nacional ou internacional, mas dar instrumentos para guiar os legisladores”, resumiu.

Para o economista, existe um vácuo hoje na observação de temas centrais para agricultura e alimentação em fóruns obrigatórios de economia digital, e ainda há meandros que merecem atenção especial. Do ponto de vista do produtor, há questões de privacidade de dados. Em relação à inteligência artificial, de direitos humanos, segurança alimentar, preservação ambiental e bem-estar animal. Na automação, ainda é preciso um olhar sobre desemprego, economia rural e mudanças sociais.

“Queremos complementar o que já existe e dar ênfase na agricultura”, esclareceu, citando como aliadas nessa missão a União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês), que discute formas de viabilizar a infraestrutura para conectividade; o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, voltado à erradicação da pobreza; e o Fórum de Governança da Internet, que discute direitos humanos nas regulamentações.

Os próximos passos na construção da Plataforma para Alimentação e Agricultura Digital da FAO serão dados ao lado de toda cadeia. O compromisso é de mapear os desafios para a agricultura digital por meio de consultas online e preparar a agenda de prioridades, envolvendo doadores no desenvolvimento de um plano de financiamento sustentável para a iniciativa.

Fonte: Valor Econômico.

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