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FAMASUL lança a Campanha “Só à vista”

Os estados do Centro-Oeste do Brasil juntaram forças para defender a ideia de uma nova comercialização do rebanho bovino, mais justa, com menos riscos e "Só à Vista". A campanha, liderada em Mato Grosso do Sul pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado - FAMASUL, é feita em parceria com as Federações de Mato Grosso e Goiás. Os três estados terão campanha em rádio, televisão, sites, veículos impressos e outdoors que orientam o produtor rural a não vender a prazo, muito menos para frigoríficos em processo de recuperação judicial.

Os estados do Centro-Oeste do Brasil juntaram forças para defender a ideia de uma nova comercialização do rebanho bovino, mais justa, com menos riscos e “Só à Vista”. A campanha, liderada em Mato Grosso do Sul pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado – FAMASUL, é feita em parceria com as Federações de Mato Grosso (FAMATO) e Goiás (FAEG). Os três estados terão campanha em rádio, televisão, sites, veículos impressos e outdoors que orientam o produtor rural a não vender a prazo, muito menos para frigoríficos em processo de recuperação judicial.

A decisão do lançamento da campanha foi tomada após reunião em Goiânia, no último dia 25 de maio. Os produtores começaram a restringir a oferta de animais e a indústria sentiu os reflexos do movimento em suas escalas de abates.

Desde o final de outubro do ano passado, quando os reflexos da crise mundial começaram a abalar setores econômicos nacionais, os pecuaristas foram envolvidos pelos problemas da recessão. O gado fornecido pelo produtor à indústria para abate não foi pago. Uma série de pedidos de recuperação judicial de grupos frigoríficos começou a se espalhar pelo país. Frigoríficos pararam suas operações, funcionários foram demitidos e credores não pagos. Somente nos três estados do Centro-Oeste são mais de 40 indústrias que estão paradas, encerraram atividades ou estão em recuperação judicial.

Nas relações comerciais entre indústria e pecuarista, comumente, não são utilizados instrumentos garantidores do recebimento do gado fornecido. “Quando vamos vender uma propriedade, um equipamento, não vendemos sem o mínimo de garantias. Mas, um boi que leva cerca de três anos para chegar ao ponto de abate, comercializamos de forma simplória e sem garantias jurídico-comerciais”, diz o presidente da FAMASUL, Ademar Silva Junior.

Ademar explica que a assessoria jurídica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está estudando instrumentos reais que o produtor possa utilizar como forma de garantia ao gado comercializado com o frigorífico. Um dos estudos que está sendo realizado é em relação à viabilidade da nota promissória rural, por exemplo.

Para o presidente da FAMATO, Rui Prado, é hora de mudanças de paradigmas. “Quem tem que dar prazo aos frigoríficos são os bancos e o não produtor. Se o frigorífico precisa de capital de giro naquele mês, que recorra ao agente financeiro. Mas, parece que virou obrigatoriedade o pecuarista ter de ceder seu capital de giro à indústria”, comenta. Prado admite que se trata de um processo de transição de costumes de mercado e como toda mudança os pecuaristas precisarão de um tempo para absorvê-la. Mas é consenso entre os titulares das Federações dos estados do Centro-Oeste o fato de que, após essa crise, não será mais admissível relações comerciais tão frágeis como as travadas atualmente.

Fundo garantidor

Uma das propostas também defendida pelas três Federações é a criação de um Fundo Garantidor da Pecuária de Corte. A viabilidade da proposta ainda vem sendo estudada, mas consiste na criação de um fundo que permita o pagamento de credores em casos de problemas com a indústria como os vividos atualmente. Ele funcionaria da seguinte forma: a cada montante de recursos obtidos pela indústria em agentes financeiros federais, um porcentual seria destinado ao fundo que serviria de lastro. Com o fundo, seria possível consolidar e fortalecer as alianças mercadológicas entre os elos do setor.

A diferença do sul

No Rio Grande do Sul, até 1970 o gado era vendido “a olho”, de acordo com a Federação de Agricultura do estado, a Farsul. As coisas mudaram por lá, e o preço do animal é definido por meio de uma conta simples: peso x preço do quilo vivo, que gira em torno dos R$ 2,60. A arroba não é usada, e o peso é conferido na balança que a maioria dos pecuaristas tem na propriedade. As marchanterias – pequenos abatedouros municipais ou estaduais – tomam conta de 50% do mercado no RS, o que torna o mercado interno forte. Apenas um frigorífico, com quatro plantas, exporta carne para a União Europeia.

Na próxima sexta-feira, dia 12 de junho, haverá um encontro de lideranças na FAMASUL com participação de representantes dos 68 Sindicatos Rurais de Mato Grosso do Sul. Na ocasião eles receberão informações e passarão a ser multiplicadores da campanha “Só à vista”.

As informações são da Famasul, adaptadas e resumidas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Willian de Souza Lima Nery disse:

    Otima esta iniciativa da FAMASUL. Agora os produtores não sofreram mais com os pagamentos atrasados por parte dos frigorificos, pois muitos fecham negócio para 30 dias e recebem somente apartir do 35º dia.
    Gado Só à Vista.

  2. Alexandre de Arujo Freitas disse:

    temos que ter cuidado, pois existem frigorificos, que vao trabalhar com um desconto muito alto, isso fara com que os captalisados sejam mais agressivos.

  3. agnaldo alves disse:

    Aos responsáveis pela FAMASUL , FAMATO e FAEG , meus sinceros parabéns pela ótima iniciativa que tiveram, e pelo amor de Deus, espalhem a notícia para todo o Brasil o mais urgente possível.

  4. Herne Moreira Alves disse:

    Gostaria de perguntar para to o Brasil,como ficará a situaçao dos produtores que possuem gado de corte no estado do Pará… Pois recentemente conversei com meu pai que possui Fazenda na regiao sul do Pará, ele me disse que “a maioria dos frigorificos estao fechados por problemas ambientais, por compra de boi pirata, por compra de boi de regioes onde teve desmatamento e outros” agora os pecuarista e mais uma serie de pessoas e toda uma economia de uma parte de um Estado devem pagar amargamente pelos problemas mentasi do Sr Ministro Minc… Isso é um caso serio, estamos falando de milhoes de pessoas que vivem nessa regiao e de certa forma dependem da pecuaria pra viver… tanto os comerciantes como os trabalhadores rurais.
    Produtores desse Brasil nao aceitem essa situaçao…

  5. Carlos Villaca disse:

    Caros senhores

    A venda so a vista é uma boa alternativa, porém o preço pago pelos frigoríficos na venda a vista é cerca de 4 % abaixo do valor pago a vista.
    O melhor seria os bancos terem linhas de crédito pra desconto de duplicatas com juros menores que o de mercado para favorecer os produtores.

  6. Túlio Ferreira Caetano disse:

    Parabéns à iniciativa da FAMASUL, FAMATO e FAEG!

    Esse é o momento de fortalecer um pouco mais o elo que sempre foi o mais fraco da cadeia, o que arca com a maior parte dos riscos da atividade sem normalmente ter capacidade para isso.

    O Produtor sempre foi e é refém das flutuações no preço da arroba, agora ter que arcar com risco de não pagamento jà é demais.

    Chega de “engolir sapo” e vamos buscar nossos direitos! Boi gordo, Só à vista!!!

  7. Antonio Carlos Moura Andrade disse:

    Finalmente o começo de uma guinada positiva para o Produtor Rural !!
    Parabéns pela iniciativa !

  8. Darci Júnior disse:

    Vamos ver ate onde isso vai? nao tem tanto frigorifico capitalizado hje em dia para sustentar mais de 60 dias o processo inteiro nao, vamos fazer uma simples conta : frigorifico que mata mil boi dia x 26 dias : total de + ou – 30 milhoes!!! sei nao em…acho que alguem vai ter que vender gado para o ministro minc fazer espetin e dar para os indios , ou para nosso primo rico e socio do bnds o famoso “j b n d s ” pois ele sim tem capital(nosso claro atravez de seu socio com 19% bnds) mas deixa para la ,alem de que nos dos medios e pequenos frigorificos sempre pagamos avista mas com descontos de ate 6%.
    Resumo: nos os pequenos e medios frigorificos estamos pagando pelos gigantaes terem bagunçado a casa!
    Fraternal abraço a todos.

  9. Gladston Machareth disse:

    Parabéns a FAMASUL , FAMATO e FAEG pela iniciativa, afinal o produtor não pode ser avalista de um frigorífico, no desconto de suas duplicatas.
    Uma campanha válida e que haja adesão de toda a classe produtora !

  10. Leonardo Rodrigo Sallum Bacco disse:

    Também seria interessante lançar a campanha “só na minha balança”, para eliminarmos a “farra do peso do boi”. Nunca vi como com tanta evolução genética e de sistema de produção pecuária o rendimento de carcassa só diminui!!!
    Precisamos que cada elo da cadeia confie nos demias elos, pois a não confiança gera o não investimento que resulta em instabilidade de preço e de produção. Sempre há crise, ou para o pecuarista ou para o frigorífico. Quando há crise para o pecuarista ele quebra e quando há crise para o frigorífico o pecuarista fica sem receber e também quebra. é preciso mudar. Desse jeito que aí está não tem solução!!!

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