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Fabiano Vaz: melhor sucedidos serão aqueles que a profissionalização da atividade pecuária é baseada em boas informações

No dia 5 de abril foi realizado o Beef Summit Sul, em Porto Alegre – RS. O evento foi organizado pelo BeefPoint, em parceria com a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB). O Beef Summit Sul reuniu nomes de sucesso do agronegócio para discutir e debater os rumos da pecuária de corte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

No dia do evento, o BeefPoint homenageou as pessoas que fazem a diferença na pecuária de corte no Sul do Brasil através de um prêmio. Houve vários finalistas, em 19 categorias diferentes.

Os nomes foram indicados pelo público; em uma primeira etapa, através de um formulário divulgado pelo BeefPoint. Na segunda etapa, o público escolheu através de votação, o vencedor de cada categoria. Para conhecer melhor essas pessoas, o BeefPoint preparou uma entrevista com cada um deles.

Confira abaixo, a entrevista com Fabiano Nunes Vaz, um dos indicados ao Prêmio BeefPoint Edição Sul, na categoria Professor pesquisador.

Fabiano Nunes Vaz

Fabiano Nunes Vaz mora em Santa Maria – RS. É professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), zootecnista e doutor em Agronegócios. É pesquisador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Cadeias Produtivas do Pampa (PECPAMPA).

BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte do sul do Brasil hoje?

Fabiano Nunes Vaz: Vou citar dois que afetam de forma diferente os sistemas de produção: o desafio de planejar a atividade e o desafio de comprometer e treinar o pessoal de campo. O planejamento é fundamental para quem almeja bons níveis produtivos e ao mesmo tempo sustentáveis.

Muitas vezes o planejamento é bom, mas as tecnologias falham na operacionalização. O desinteresse pelo trabalho no meio rural tem aumentado, e a solução mais palpável para esse problema da pecuária é remuneração e/ou premiação das pessoas mais comprometidas, como acontece na agricultura e no meio urbano.

BeefPoint: Qual o exemplo de pecuária do futuro no sul do Brasil hoje? Quem você admira por fazer um excelente trabalho?

Fabiano Nunes Vaz: Se eu citar um único nome seria injusto, até porque não acredito que exista um nome único, mas todos aqueles produtores rurais que tem sua atividade administrada de forma planejada e organizada são referências para a pecuária do futuro.

Não se pode mais admitir erros de planejamento, como as perdas significativas de peso por deficiência nutricional na estação fria, verminoses, baixas taxas de repetição de cria por falta de condição corporal dos ventres ou mesmo falta de treinamento da mão de obra.

BeefPoint: Como podemos vender a carne do sul do Brasil de forma diferente e especial, em outras regiões do Brasil e no exterior?

Fabiano Nunes Vaz: Além de boa qualidade, temos sistemas de produção com poucas agressões ao meio ambiente e ao bem-estar animal. No entanto, precisamos vender isso.

As iniciativas como APROCCIMA e APROPAMPA, além dos programas de carne de qualidade ligados às raças são muito boas iniciativas e com bom resultado.

Porém, não podem ser esperados resultados tão significativos no curto prazo. O consumidor precisa de tempo para conhecer um produto, re-experimentar, criar uma percepção de qualidade, avaliar o quanto quer pagar por essa melhor qualidade para, só depois, criar o hábito de consumo. Isso será melhor percebido, acredito, somente na próxima década.

BeefPoint: Qual inovação / novidade na pecuária de corte você mais gostou dos últimos anos? O que estamos precisando em inovação?

Fabiano Nunes Vaz: Acredito que a irrigação é um bom exemplo de tecnologia que começa a se consolidar na pecuária. Alto investimento, mas com retorno garantido, principalmente pela garantia de produção. Essa condição é importante quando existe uma organização com objetivos e metas bem definidos.

BeefPoint: O que o setor poderia / deveria fazer para aumentar sua competitividade no sul do Brasil?

Fabiano Nunes Vaz: O setor primário precisa se organizar. Se a palavra for “competitividade” ela não pode ser alcançada de forma isolada, pois os setores do complexo agroindustrial da carne bovina possuem melhor informação sobre a demanda e melhor condição de competir.

BeefPoint: O que você implementou de diferente na sua atividade em 2012?

Fabiano Nunes Vaz: Na atividade docente, a aplicação de situações práticas que desafiam os acadêmicos a buscar na teoria a solução para os problemas. Na atividade de pesquisa, o uso de ferramentas de trabalho com planilhas eletrônicas e internet, cujos resultados de pesquisa são interativos e trazem respostas mais rápidas aos problemas de pesquisa.

BeefPoint: O que você fez em 2012 que te trouxe mais resultados?

Fabiano Nunes Vaz: Talvez eu não saiba avaliar ainda. Além disso, as boas iniciativas são aquelas que trazem resultados mais consistentes no futuro do que agora.

BeefPoint: O que você pretende fazer de diferente em 2013? E porquê?

Fabiano Nunes Vaz: Talvez nada de diferente, mas a constante busca por aprender faz com que as pessoas possam evoluir. Na área de pecuária de corte, a listagem de pessoas indicadas ao Prêmio BeefPoint Edição Sul mostra a quantidade de pessoas que podem nos ensinar, pois cada um faz a sua atividade de maneira especial e destacada. Gosto sempre de me informar sobre como essas pessoas fazem suas coisas.

BeefPoint: Qual sua mensagem para os pecuaristas?

Fabiano Nunes Vaz: Vivemos na era da informação. Melhor sucedidos serão aqueles que a profissionalização da atividade se dá baseada em boas informações de mercado, genética, pesquisas e treinamento das pessoas que colaboram com o sistema produtivo. Essas pessoas são muito carentes de informação, treinamento e reconhecimento.

BeefPoint: Qual sua mensagem para a indústria frigorífica e varejo?

Fabiano Nunes Vaz: Acredito que a indústria frigorífica e o varejo têm papel importante em traduzir ao produtor as demandas dos consumidores, mas também em vender a qualidade que a produção sul brasileira oferece ao consumidor.

Bem-estar animal, produções sustentáveis e qualidade de carne diferenciada precisam ser melhor enfatizados, visando agregar valor ao produto final. Isso resulta em melhor remuneração para todos os agentes da cadeia de produção.

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