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Exportações: setembro termina com recorde de receita, mas crise pode comprometer desempenho nos próximos meses

Em setembro segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil enviou ao exterior, 103.700 toneladas de carne bovina in natura, que geraram uma receita de US$ 454 milhões, um novo recorde, com aumento de 8,86% em relação à receita do mês anterior e valor 55,85% superior ao registrado em setembro de 2007. Apesar disso, exportadores e agentes do mercado internacional não esperam resultados animadores para o mês de outubro.

Em setembro segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Brasil enviou ao exterior, 103.700 toneladas de carne bovina in natura, que geraram uma receita de US$ 454 milhões.

Tabela 1. Exportações Brasileiras de carne bovina in natura

As exportações brasileiras bateram novo recorde no mês passado, com aumento de 8,86% em relação à receita do mês anterior e valor 55,85% superior ao registrado em setembro de 2007.

O volume também apresentou crescimento, com os exportadores brasileiros enviando ao exterior 7,93% mais carne bovina in natura do que havia sido exportado em agosto e 5,28% acima do valor informado no mesmo período do ano passado. Apesar desse crescimento, a quantidade embarcada em setembro é 3,22% inferior à média mensal de 2007, que foi de 107.145 toneladas.

Gráfico 1. Exportações brasileiras de carne bovina in natura, receita e volume

Tabela 2. Exportações brasileiras de carne bovina in natura, receita e volume

No acumulado dos primeiros 9 meses do ano, o Brasil exportou 815.410 toneladas de carne bovina in natura, que corresponderam a US$ 3,171 bilhões. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a receita atingiu um valor 21,85% maior. Porém o volume embarcado diminuiu, ficando 18,88% abaixo do realizado nos 3 primeiros trimestres de 2007.

Esta situação ocorreu devido a valorização do produto brasileiro no mercado internacional. Em setembro, o preço médio da carne bovina in natura ficou em US$ 4.378/tonelada, registrando valorização de 0,86% em relação ao mês anterior e ficando 48,04% mais cara do que a carne vendida em setembro de 2007, quando o preço médio foi de US$ 2.957/tonelada.

Gráfico 2. Preço médio da carne bovina in natura exportada

A valorização do dólar durante setembro ajudou os exportadores. Em relação à média do mês de agosto, a cotação do dólar apresentou um aumento de 11,61%, e o indicador Esalq/BM&FBovespa em dólares teve média de US$ 49,40/@, um recuo de 13,53% no mês.

Desta forma, em setembro, a relação de troca arrobas por tonelada de carne exportada, que dá uma idéia de quantas arrobas de boi gordo foi possível adquirir com o valor de uma tonelada de carne vendida no mercado internacional, melhorou. Ficando em 88,62@/ton, um acréscimo de 16,62% em relação ao valor calculado no mês anterior, mas ainda abaixo (3,10%) do registrado em setembro do ano passado.

Gráfico 3. Relação de troca arrobas por tonelada de carne in natura exportada

Apesar das exportações de carne bovina brasileira terem registrado recordes em setembro, exportadores e agentes do mercado internacional não esperam resultados animadores para o mês de outubro. Mesmo com o dólar valorizado, fato que aumenta a competitividade do produto brasileiro, o agravamento da crise financeira deve diminuir a demanda mundial, piorando o desempenho dos exportadores brasileiros.

A escassez de crédito global já começa a mostrar seus efeitos no mercado de carne. Exportadores comentam que a Rússia, principal comprador da carne brasileira, está com problemas e tenta renegociar os preços dos contratos com as empresas brasileiras. Enquanto isso o volume de novos embarques destinados a este país caiu bruscamente e existem cargas paradas nos portos russos aguardando a solução deste impasse.

Segundo Luiz Carlos de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Carnes (Abiec), as empresas resolveram aguardar um pouco para realizar novos contratos com a Rússia até que os importadores liquidem os contratos que ainda estão em aberto. “Enquanto não houver pagamento ou renegociação de contratos com garantias, as indústrias não vão realizar novas vendas. Temos contâiners que já estão lá e que ainda não foram pagos”

O momento é de grande incerteza no setor, e do São Internacional de Alimentos (Sial), que terminou na semana passada, em Paris, não vieram boas notícias. Quem esteve lá comenta que o volume de negócios foi aquém do esperado e que todos estão esperando maiores definições do mercado sobre o desenrolar da crise. Assim o importador fica retraído, sem saber se ocorrerá uma forte recessão e consequentemente uma diminuição no consumo, e o exportador também aguarda com medo de queda na demanda, da oscilação do dólar e de uma possível inadimplência ou quebra de contrato.

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