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Exportações de carne bovina ao Irã: situação atual e perspectivas (slides e artigo)

As perspectivas para o ano de 2010 em relação à produção mundial de carne bovina não se alteram muito em relação os anos anteriores, com o Brasil sendo o segundo maior produtor de carne. Um dos mercados de maior aumento no consumo foi o Irã, que atingiu 20% do total das importações da carne bovina brasileira em 2010, ocupando a segunda posição de importadores do Brasil. Apesar desse grande crescimento, o Irã é um país de relações delicadas que a qualquer momento pode sofrer embargos e possíveis sansões comerciais, como por exemplo, a restrição das operações bancária.

As perspectivas para o ano de 2010 em relação à produção mundial de carne bovina não se alteram muito em relação aos anos anteriores, com o Brasil sendo o segundo maior produtor de carne, superado apenas para os EUA, e seguido pela União Europeia.

Em relação à evolução das exportações, O Brasil apresentou um crescimento, atingindo um pico em 2007, seguido de uma queda devido à crise econômica internacional.

A Austrália se manteve estável e os EUA tiveram uma queda em 2004 devido aos problemas dos casos de vaca louca, mas retomou as exportações, com tendência de voltar a ser um grande competidor. A Argentina apresentou uma estabilidade com tendência a um declive, correndo o risco de passar a ser importadora de carne nos próximos anos.

O rebanho brasileiro, em 2009, representava 20% do rebanho mundial, com 193 milhões de cabeças – apesar de ser o dado oficial, ainda faltam informações melhores sobre o tamanho do rebanho.

Em 2009, a cada 4kg de carne exportada no mundo, 1kg (25%) era proveniente do Brasil. Isso, considerando apenas os frigoríficos locais, se considerarmos os frigoríficos operados por empresas brasileiras no mundo, esse valor chega a ser superior a 50%.

Em menos de dez anos as exportações de carne bovina brasileira tiveram um aumento de US$500 milhões para US$5 bilhões. Devido à crise, em 2009 houve queda de 24%, mas já observamos uma recuperação positiva em 2010, apesar das incertezas do mercado internacional.

Os dez principais mercados da carne in natura brasileira em 2009 foram: Rússia, Irã, Hong Kong, Egito, Venezuela, Argélia, Itália, Líbano, Holanda e Arábia Saudita, sendo quase todos países em desenvolvimento e produtores de petróleo.

Já o mercado de carne industrializada foi composto principalmente pelos EUA e Reino Unido, seguidos por: Itália, Holanda, Alemanha, Japão, Bélgica, França, Porto Rico e Jordânia.

As exportações no primeiro quadrimestre de 2010 apresentaram crescimento de 20% no valor (US$), 1% no volume (toneladas) e 19% no valor médio (US$/ton), em relação a 2009. Esse crescimento foi significativo, indicando uma recuperação, mas ainda não atingiu os níveis de 2008.

Um dos mercados de maior aumento no consumo foi o Irã, que atingiu 20% do total das importações da carne bovina brasileira em 2010, ocupando a segunda posição de importadores do Brasil. A escolha do Brasil para ser o principal fornecedor de carne para o Irã foi basicamente pela influência e alinhamento político dos dois países. Outros fatores como a crise Argentina e o alto custo da carne australiana, também influenciaram.

Analisando a evolução desse mercado, vemos que em 2003, o Irã era o 12º na lista de importadores de carne in natura do Brasil, teve queda em 2005 devido ao problema de febre aftosa no Brasil e voltou a subir em 2009, se tornando o 3º maior mercado e nos primeiros 4 meses de 2010 chegando ao 2º. Lugar.

Apesar desse grande crescimento, o Irã é um país de relações delicadas que a qualquer momento pode sofrer embargos e possíveis sansões comerciais, como por exemplo, a restrição das operações bancárias. Os EUA e a UE podem forçar a negociação passar por um banco americano ou europeu, encarecendo nossos produtos.

Uma das formas de se evitar esse problema é através de uma nova política monetária do comércio internacional, que já está sendo discutida, chamada de countertrade. Essa prática é baseada na compensação de mercadorias e serviços, na qual, os compradores requerem de seus fornecedores a compensação das suas despesas, através da compra de seus produtos e serviços.

O Irã também poderá exigir inspeções em todas as produções e meios de transporte, além da já exigida certificação Halal, adicionando custos ao nosso produto.

Em relação às questões políticas, poderá haver uma retaliação por parte dos EUA, Rússia e UE, na tentativa de criar barreiras para o Irã receber as exportações brasileiras.

Há, ainda, o período do Ramadã, de 11 de agosto a 9 de setembro, no qual os iranianos jejuam e não há desembarque de carne bovina no país.

Apesar dessa expansão de mercado, o Brasil ainda tem muitos desafios pela frente: aumentar a produção para acompanhar a demanda global; as limitações climáticas; a instabilidade econômica; a falta de perspectivas nas negociações com a OMC; a volta dos subsídios nos países desenvolvidos; as barreiras tarifárias, técnicas e sanitárias; e o protecionismo baseado em regras ambientais.

Para superar esses desafios será fundamental a formação de associações, para defender os interesses dos produtores e exportadores, fortalecendo a cadeia da carne, tornando-a mais sólida e respeitada.

Esse artigo é baseado na palestra Exportações de carne bovina ao Irã: situação atual e perspectivas, apresentada por Otávio Cançado, diretor-executivo da, no Workshop BeefPoint Mercado do Boi, realizado pela AgriPoint em 20 maio 2010.

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