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Exportações agropecuárias do Brasil para a União Europeia têm forte alta

O Brasil foi o país que mais ampliou as exportações agropecuárias para a União Europeia entre janeiro e agosto deste ano, e se tornou, assim, o segundo maior fornecedor de alimentos para os 27 países do bloco, atrás apenas do Reino Unido. O avanço refletiu sobretudo um aumento de 64% nos embarques de soja, em parte graças à queda de 47% das vendas americanas do grão.

Os dados do Serviço de Estatísticas da EU (Eurostat) ilustram a que ponto a Europa se apoia nas importações de alimentos originárias do Brasil, ao mesmo tempo em que produtores europeus não cessam de pedir freios à entrada dos produtos do país e seus vizinhos do Mercosul. O Brasil passou a ter uma fatia de 8,8% no fornecimento agroalimentar para a UE, à frente dos Estados Unidos (8,4%). Já a participação do Reino Unido, agora fora do bloco europeu, atingiu 13,7%. No passado recente, com os britânicos ainda na UE, os EUA eram o principal fornecedor e o Brasil vinha em segundo lugar. 

Nos primeiros oito meses de 2020, mesmo em meio ao intenso debate sobre desmatamento e à pressão para a Europa frear importações de produtos supostamente vindos de áreas de desmatamento, as exportações agroalimentares brasileiras continuaram a aumentar para a UE. Foram 7,9 bilhões de euros no período, 8,5% mais que entre janeiro e agosto de 2019. No caso dos EUA foram 6,3 bilhões de euros, uma retração de 8,8%.

Em termos absolutos, o Brasil também foi o fornecedor agroalimentar que mais aumentou suas vendas para o mercado comunitário entre janeiro e agosto (623 milhões de euros). O Canadá veio em seguida, com alta de 590 milhões de euros, ou 59%. Embora lidere o ranking, o Reino Unido viu suas vendas agroalimentares à UE até agosto caírem 10%, ou 1,033 bilhão de euros. Isso mostra a dificuldade que os agricultores britânicos terão na concorrência com o Brasil e outros fornecedores, apesar da vantagem de serem vizinhos dos clientes. 

Especialmente relevante é o avanço das exportações brasileiras de soja. Com o aumento de 64%, foram 2,319 bilhões de euros nos primeiros oito meses do ano. Em contrapartida, a queda de 47% levou os embarques do grão dos EUA à UE para 771 milhões de euros. Segundo analistas, os EUA, em parte por causa das disputas com a China, diminuíram muito a produção no ano passado. E este ano voltaram a exportar mais ao país asiático, para cumprir a fase 1 do acordo bilateral, o que tornou menor seu excedente exportável. 

Nos últimos meses, graças ao início da colheita desta safra 2020/21, os EUA voltaram a exportar mais soja para a UE. Em setembro, a receita alcançou 183,7 milhões de euros, quase o dobro que a do Brasil (97,2 milhões de euros), que já via seu próprio excedente começar a diminuir depois de meses de embarques aquecidos. Em outubro, as vendas americanas chegaram a 270,2 milhões de euros, enquanto as brasileiras se limitaram a 50,7 milhões. 

Conscientes da dependência em relação à soja brasileira e do resto do Mercosul, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, reitera que o bloco comunitário precisa reduzi-la. O comissário agrícola da EU, Janusz Wojciechowski, diz que essa redução não virá da noite para o dia, mas que é preciso apoiar a produção doméstica de proteínas – o bloco também importa soja para produzir biodiesel. 

Se houve forte aumento na soja, no caso das carnes os embarques do Brasil para a UE recuaram 20% de janeiro a gosto, para 352 milhões, enquanto as exportações de tabaco caíram 8%, para 325 milhões de euros, e as de frutas e nozes registraram queda de 5%, para 303 milhões de euros. No caso das vendas de café, chá, mate e tempero houve alta de 2%, para 1,284 bilhão de euros. 

Entre janeiro e agosto, o comércio agroalimentar global dos 27 países da UE alcançou 200,7 bilhões de euros, 1% mais do que em 2109. As exportações somaram 119 bilhões de euros e as importações ficaram em 81,6 bilhões de euros. A maior alta nas exportações agrícolas da UE continuou a ter como destino a China – 2,7 bilhões de euros a mais no intervalo, ou 33% de crescimento. Os europeus venderam muita carne suína e trigo para os chineses.

Fonte: Valor Econômico.

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