Em contrapartida, as emissões de gases-estufa decorrentes de mudanças do uso do solo medidas pela FAO – que contabiliza as variações no estoque de carbono relacionadas à transição, por exemplo, de florestas para pastagens, ou de pastagens para lavouras – foram negativas no Brasil no mesmo período. Nesse sentido, as mudanças de uso do solo no país resultaram em uma redução de 65% das emissões entre 1992 e 2014, de acordo com a pesquisa.
A metodologia da FAO é específica sobre as transições de uso do solo e difere de outras contabilizações de emissões de uso da terra, como a elaborada pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.
Segundo Vieira Filho, a redução das emissões relacionadas à mudança de uso da terra identificada pela FAO está ligada a uma política adotada em 2004, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) abriu os dados de satélite que permitiram o monitoramento e a fiscalização do território, o que intensificou as ações de fiscalização contra o desmatamento.
Em estudo de 2018, o pesquisador afirmou que as emissões relacionadas a mudanças de uso da terra no Brasil tiveram um pico em 2005, quando atingiram 1,9 milhões de gigatoneladas de gás carbônico equivalente, e depois passaram a cair, alcançando 233 milhões de gigatoneladas de gás carbônico equivalente em 2014.
Em termos de emissões de mudança de uso do solo medidas pela FAO, o desempenho brasileiro supera o da China, Índia e EUA, que tiveram emissão positiva, com destaque para o avanço de 363% da Índia.
Fonte: Valor Econômico.