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Executivos veem oportunidade para Brasil com peste suína na China

É inegável para o mercado de carnes no Brasil que o surto de peste suína africana na China cria uma grande oportunidade para as exportações brasileiras de proteínas, mas a dúvida de executivos do segmento é como o país vai tirar proveito dessa situação.

“Conseguiremos fornecer e estabelecer relações de longo prazo com os chineses? É uma oportunidade única para que o Brasil se torne fornecedor de longo prazo. Se não fizermos parcerias, podemos perder mercado”, disse Paul Fribourg, CEO e presidente do conselho da trading Continental Grain Company (CGC), durante evento promovido pela Syngenta em Campinas (SP).

Essa oportunidade também é questionada devido à pouca confiabilidade dos dados chineses. Não está claro o quanto existe de perda real do plantel de suínos do gigante asiático, nem quanto tem recuado o consumo interno, ponderaram executivos.

“Mas o ponto importante é que hoje a carne suína é um problema muito grave na China. Estimativas conservadoras apontam que 25% dos suínos do país vão morrer. Eles não têm sido autossuficientes em alimento nos últimos 30 anos e é um problema para eles, mas é uma oportunidade para o Brasil, EUA, Argentina e Austrália”, lembrou Fribourg.

Nesse contexto, os Estados Unidos perdem na competitividade em decorrência da guerra comercial estabelecida entre Pequim e Washington.

“Temos sorte de não estarmos no meio da confusão geopolítica entre China e Estado Unidos. É importante para estabelecermos ligações de longo prazo para suprir o mundo”, afirmou Pedro Parente, CEO e presidente do conselho da BRF — maior exportadora de carne de frango do mundo.

“É fundamental que a gente tenha um país altivo. Ter bom governo, boas regras que regulem a propriedade. Dessa forma, vamos tirar proveito dessa situação e tirar mais proveito da situação em que se meteram EUA e China. Eu acho que será extremamente benéfico no longo prazo”, completou Parente.

Para Erik Fyrwald, CEO da Syngenta — empresa de origem suíça controlada pela ChemChina —, a China procura hoje relações sólidas para garantir a segurança alimentar do país. Hoje, a China tem 13% da população mundial e 7% da terra agricultável em seu território.

“Somos uma empresa chinesa. A China nos comprou para ter a certeza de que nós vamos trazer a tecnologia necessária para que produtores ao redor do mundo possam produzir alimentos para todo mundo, inclusive, para os chineses. E o Brasil tem o potencial para a produção agrícola. Queremos ter a certeza de que vamos construir uma ponte forte entre o Brasil e a China e a Europa. E o Brasil tem uma capacidade tão grande”, avaliou Fyrwald.

Fribourg ponderou, contudo, que os negócios são feitos à base de confiança. “Negócios são feitos à base de confiança, e os americanos estão ferindo essa confiança”, lembrou o executivo.

Durante debate em evento, os CEOs destacaram que é importante lembrar que a China não tem capacidade para alimentar toda a população que segue em crescimento. “Lá falta água e terra para plantio. A China vai ser obrigada a importar mais comida e podemos mostrar que o Brasil é um país em que se pode confiar para isso. Eles precisam de nós assim como nós precisamos deles”, disse Fribourg.

“Temos a opção de investir em qualquer país no mundo e fizemos investimentos no Brasil, na Bunge, na cadeia de leite no Brasil, entre outros. Temos a oportunidade de criar uma grande rede de agronegócios no mundo. E vamos por mais dinheiro no Brasil”, continuou, ressaltando que os investimentos aconteceram apesar dos problemas econômicos enfrentados no país. “Investimos no Brasil mais que em qualquer lugar do mundo”, acrescentou.

Fonte: Valor Econômico.

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