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EUA: vendedores dos melhores touros estão semeando o futuro da carne bovina

Essa é uma reportagem especial lançada junto à “Seedstock BEEF 100”, uma lista dos produtores de genética Top na indústria de carne bovina classificados por volume de vendas de touros feita pela revista BEEF. Veja mais sobre essa lista aqui.

“Alguns aproveitarão a oportunidade para se posicionar para obter melhores recompensas na estrada, se o mercado estiver bom ou ruim”, disse John Burbank, diretor executivo da Seedstock Plus, de Missouri.

Burbank está falando sobre a oportunidade única de um fluxo de caixa sem precedentes – cortesia de preços historicamente altos de bezerros e bovinos para engorda – que está permitindo que os produtores comerciais e produtores de touros reforcem a base e se posicionem para o caminho incerto pela frente.

“As principais oportunidades para produtores comerciais incluem maiores preços e capacidade de gerar algum dinheiro para colocar sua operação em uma melhor posição de equidade”, disse Vaughn Thorstenson da Thorstenson Gelbviehand Angus, de Selby, Dakota do Sul.

“O aumento nos preços é uma excelente oportunidade para melhorar equipamentos, instalações e bovinos”, disse Jim Butcher, da Gateway Simmentaland Lucky Cross, Lewistown,Lewistown, Montana. Nas áreas mais atingidas pela seca, seria uma grande oportunidade para substituir animais vendidos com melhores qualidades genéticas. Se os negócios de produção de genética estivessem fazendo seu trabalho, a reposição do rebanho deveria ser melhor”.

Para alguns, estende-se a oportunidade de expansão, mas com muitas ressalvas. “Eu acho que a expansão pela aquisição de mais terras será provavelmente limitada devido à competição, mas obviamente haverá oportunidades para obter mais animais confinando novilhas ou suplementando mais vacas”, disse Thorstenson.

Burbank acredita que os operadores que tiveram sua base de forragens e mão de obra resolvidas terão oportunidades significativas para expandir. “Se você está lutando com questões como forragem e mão de obra, acho que você lutará para manter junto o que está fazendo atualmente. A maioria das pessoas que eu conheço já está fazendo tudo o que podem com o que tem”.

Com relação aos desafios para produtores comerciais e de genética, Thorstenson disse que quando os preços declinam, o que sempre acontece, é frequentemente difícil reduzir os custos rápido o suficiente, particularmente porque os produtores de carne bovina tendem a ter somente um dia de pagamento a cada ano. Ele listou outros desafios, incluindo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e “outras agências do governo que tendam regulamentar nossas terras”.

Butcher disse que “descobrir como lidar com maiores pagamentos de aluguel, economizando dinheiro para a próxima queda de preços, e ser capaz de se ajustar a menos receita quando ela vier” são desafios que ele vê. “Quando os lucros estão grandes, é fácil esquecer os velhos dias e ficar muito agressivo e otimista. Os mesmos desafios de antes do último movimento de preços permanece: predadores, controle do governo, impostos e direitos de propriedade”.

Brett DeBruycker da DeBruycker Charolais, Dutton, Montana, acredita que os desafios e as oportunidades são similares para produtores comerciais e produtores de genética. “Você tem a oportunidade de melhorar a qualidade do rebanho. Com o aumento do fluxo de caixa, há a oportunidade de melhorar a genética do rebanho mais rapidamente do que antes”, disse ele. Porém, ele rapidamente acrescenta que “quando você vê fluxo de lucratividade na indústria, o foco fica às vezes na quantidade ao invés de na qualidade”.

Galen Fink da Fink Beef Genetics, Randolph, Kansas, alerta contra a concentração mais no número de bovinos do que no potencial produtivo deles. “Atualmente, vejo muitos produtores comerciais comprando qualquer coisa com quatro pernas e chance de se reproduzir”, disse ele. “Isso leva muitos animais de baixa qualidade ao mercado. Se você estiver reconstruindo, precisa usar genética sólida”.

Thorstenson acredita que, à medida que os preços dos grãos aumentarem por causa do ciclo, a necessidade de criar mais eficiências na indústria pecuária retornará. “As indústrias de suínos e frangos têm feito grandes ganhos em eficiência, enquanto a indústria de carne bovina não tem. Temos um sistema Grow Safe em nossa fazenda para testar a eficiência alimentar e estamos testando nosso rebanho há quatro anos. Eu acho que a indústria pecuária precisa adotar essa tecnologia para competir no futuro com maiores custos da terra e dos insumos”.

A maioria dos produtores de genética mencionados aqui estão testando os bovinos para eficiência alimentar em nome de ajudar os clientes comerciais a colocarem mais animais no mesmo espaço ou o mesmo número em menos espaço. Vários também mencionam a contínua oportunidade disponível para produtores comerciais aproveitar a heterose – especialmente a heterose materna – através de cruzamentos.

Brecha econômica está aumentando

Junto com a guinada do dólar e com o fluxo de caixa, a diferenciação é uma oportunidade crescente. “Mesmo nesses períodos de preços sem precedentes, quando o boi gordo está gerando US$ 379,20/100 kg, nossos clientes estavam vendendo bovinos por US$ 24/US$ 28 por 100 quilos a mais por causa do que os bovinos são e como é seu desempenho”, explica Mark Gardiner, do Gardiner Angus Ranch (GAR), Ashland, Kansas.

Da mesma forma, em vendas superiores, Gardiner vê clientes vendendo bezerros por US$ 22-US$ 26/100 kg acima do mercado. “Embora a oportunidade esteja sempre lá, acho que estamos fazendo um trabalho melhor de diferenciação. A GAR foi membro fundador do U.S. Premium Beef (USPB), que recompensa os bovinos por cumprirem com especificações estreitas de carcaças demandadas para marcas específicas de carne bovina.

Dan Dorn, gerente de negócios da Powerline Genetics (PG) de Nebraska, vê a mesma oportunidade de aumentar a diferenciação, especialmente à medida que a concentração total da indústria e a consolidação continua. Dorn explica que a PG é focada em metas de criação de gado para o sistema de confinamento da PG e, nos últimos tempos, para a Cargill MeatSolutions (CMS).

“A PG trabalha com um grupo de multiplicadores para produzir touros que se sobressaem em desempenho, eficiência alimentar e mérito de carcaça. Hoje, a PG inclui 44 confinamentos afiliados em Nebraska, Colorado e Kansas, com gados terminados dedicados à CMS”.

“Quanto mais próximo você puder estar de um sistema verticalmente coordenado, será melhor para você”, acredita Dorn. “Se você não faz parte de um sistema, eu não sei como você pode competir”.

Para produtores comerciais, esse tipo de alinhamento pode abrir portas ao acesso a mercados de maior especificação e maiores pagamentos enquanto expandem o pool de licitantes.

A Seedstock Plus (SP) começou há 17 anos quando um grupo de produtores menores de genética se uniram para fornecer os números necessários par servir seus clientes de forma mais eficaz. Os membros utilizam genéticas similares e enviam touros qualificados para um teste comum de desempenho. Os touros que corresponderem são comercializados e servidos por uma organização SP maior.

Além da capacidade de oferecer serviços personalizados aos clientes, eles não poderiam prosseguir sozinhos, de forma que Burbank disse que a união de esforços permitiu a eles “identificar genética relevante à indústrias em raças com as quais trabalhamos que não seriam identificadas de outra forma. Isso oferece a nossos membros e clientes uma vantagem significativa”.

Cada vez mais, devido à oportunidade e à necessidade de se diferenciar, dados precisos têm um papel crescente no sucesso da produção de touros com excelente genética. “Vemos muitas oportunidades com o programa de carne bovina da marca Seminole Pride”, explicou o gerente geral da Salacoa Valley Farms Brangus (SVF) em Fairmount, GA, Chris Heptinstall. “Nós conseguiremos pendurar as carcaças desses bovinos e provar touros mais jovens mais rapidamente”.

Após 30 anos no negócio de genética Brangus, fornecer genética à SVF obteve um resultado maior quando a Seminole Tribe da Flórida – uma das maiores operações comerciais de bovinos do país – os comprou no ano passado. A compra transformou a Seminole Tribe – que produz, engorda e abate bovinos para seu próprio programa de carne bovina de marca, Seminole Pride – totalmente verticalmente integrado.

Como outros mencionaram, a SVF compra bezerros de volta dos clientes de touros. Além de apoiar seus clientes e reconhecer a crença em sua própria genética, isso os ajuda a avaliar o desempenho de engorda e carcaça de suas genéticas. Para se ter uma ideia, não é incomum para um animal descendente do um touro SVF ter classificação 82-83% Choice e 65% de aproveitamento da carcaça.

Junto com testes genômicos e testes de eficiência alimentar que eles fazem através da Universidade Auburn, Heptinstall disse, “se mantivermos nossos patos em fila, seremos capazes de construir os perfis genéticos que temos para gados em diferentes fazendas Seminoles e construir índices de seleção para outras coisas”.

Brett DeBruycker disse que os confinamentos os ajudam a manter seu foco na genética que funciona em cada setor. Seu pai Lloyd administrou e foi co-proprietário de 1970 a 1990. Hoje, Lloyd, Brett e o irmão de Brett, Mark, são sócios em cerca de 25.000 clientes de bezerros para alimentar a cada ano.

Ao mesmo tempo, Fink disse que o serviço que mais importa para seus clientes é os ajudar a comercializar seu gado, sejam eles bezerros para confinamento ou para a cria de novilhas.

Integridade primeiro

Ao visitar esses produtores de genética que fazem parte da “Seedstock BEEF 100″, percebe-se que as genéticas úteis e relevantes são o preço de admissão para uma produção bem sucedida e sustentada de touros. Os serviços são o ponto de diferenciação.

“Nossa meta com o programa Charolais, desde o começo, tem sido fazer nosso melhor para produzir touros e genética que sairão e ajudar os produtores comerciais a serem rentáveis”, disse Brett DeBruycker. “Nossa atitude é que se nossos clientes comerciais estão rentáveis, então nós provavelmente seremos rentáveis”.

Estar por trás do produto é a cola que mantém tudo junto e determina se eles têm oportunidade de continuar.

“Se você tem gado, você sem dúvida tem dificuldades com touro”, disse Thorstenson. Se eu compro um touro e tenho dificuldade imediata, notifico o criador e ouço que ‘isso é realmente muito ruim’, então tudo o que posso fazer é concordar. Se isso acontece com um de nossos touros, tentamos obter do produtor um touro para substituir e cuidar de suas demandas. Eles apreciam um parceiro de quem possa depender”.

DeBruycker disse também que “os clientes esperam integridade e que serão tratados de forma justa, não importa qual seja a situação. Tentamos ser honestos e tratar nossos clientes da mesma forma que queremos ser tratados”.

“Tratamos os clientes com respeito e os ouvimos. Se eles têm um problema de qualquer tipo, então vemos isso como um grande problema que precisa ser resolvido”, disse Gardiner. “Essa é a regra de ouro. Todo mundo fala isso, mas eu tenho muitos novos clientes que vêm até nós por causa de experiências insatisfatórias que tiveram com outros criadores”.

Até onde os produtores de genética estão dispostos a ir para apoiar seu produto é outro ponto de diferenciação.

A Fink Beef Genetics, por exemplo, fornece garantias de seus touros por três anos. Se algo sair errado, eles substituem o touro ou fornecem crédito para outro. Além disso, eles permitem que o cliente mantenha qualquer valor residual no touro que está sendo substituído.

“Eu sempre fui da opinião de que se nosso cliente tem um touro de seis meses ou um ano e algo acontece ao touro, o cliente sempre tem algum custo nele, de forma que eles devem ficar com o dinheiro de resgate”, explica Fink.

Assim como honestidade é testada na maioria das vezes quando não tem ninguém olhando, a infinidade de doenças recessivas genéticas descobertas nos últimos anos tem proporcionado novos testes de integridade do criador. Por exemplo, quando os Gardiners descobriram que estavam em uma posição inevitável de ter parte de sua genética relacionada a alguma doença, eles simplesmente apoiaram sua garantia. “Se não estivermos dispostos a investir no futuro de nossos clientes, como podemos esperar que eles invistam no nosso”, disse Gardiner.

Oportunidades para produção de genética continuam

Apesar de não ter nada fácil no negócio de produção de touros de excelente genética, muitas oportunidades permanecem para indivíduos comprometidos a ter seu lugar nesse negócio.

Para os atuais produtores de genética, Burbank acredita que haverá mais diferenciação entre o que ele chama de fornecedores de touro de marca e fornecedores de touros commodity. Ele explica que os touros de marca vêm de organizações com uma reputação sólida que fornecem muitos serviços aos clientes e feedback baseado em dados precisos e significativos. Os touros commodity vêm de estabelecimentos com menor grau dessas coisas, oferecidos a preços relativamente baixos.

“Eu acho que há mais rentabilidade líquida no mercado de marcas, mas você tem que investir amplamente em genética e nos serviços aos clientes”, disse ele.

Para outros que contemplam o negócio de genética, Fink disse: “Não vire o nariz para nada antes de ter avaliado a coisa. Ainda há formas de começar nesse negócio sem ter milhões de hectares. Comece com uma vaca e trabalhe em seu mercado. Dentro de 10 anos, você pode construir um mercado e estar vendendo 40-50 touros ou mais por ano. Algumas dessas oportunidades não existiam no passado”.

Fonte: Revista BEEF, traduzida pela Equipe BeefPoint.

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