Projeto Montana Premium Beef é lançado em São Paulo
16 de abril de 2002
ConAgra deve anunciar venda das unidades de produção de carnes
18 de abril de 2002

EUA: programas de certificação garantem a qualidade dos alimentos

Os Estados Unidos vêm instalando uma série de medidas com o objetivo de garantir, cada vez mais, a qualidade dos alimentos. Bons exemplos disso são os programas que permitem um controle da produção dos alimentos – programas de certificação de processos e de produtos.

Os programas de certificação de produtos referem-se às especificações, colocadas em prática durante a produção, que servirão para alcançar requerimentos nos produtos terminados, como por exemplo, a marmorização da carne ou a contagem de células somáticas no leite. O programa Certified Angus Beef é, talvez, o mais famoso exemplo de um programa de certificação dos produtos.

Os programas de certificação de processos servem para atingir os requerimentos para a produção e/ou para o sistema de processamento, apesar de não necessariamente para o produto terminado. Exemplos disso são os produtos orgânicos, ou as carnes produzidas livres de antibióticos.

Em qualquer um dos programas, ter uma terceira parte funcionando como um auditor independente é crucial para a credibilidade do produto. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem programas de certificação de processos e de produtos em funcionamento, agindo então como um auditor.

Verificando a qualidade da carne suína

O primeiro programa na certificação de processos na produção de carne suína instalado pelo USDA foi o Premium Standard Farms (PSF), em novembro de 1998. O programa – que foi o primeiro a receber o selo de reconhecimento de certificação de processo do USDA – demorou mais de 1 ano para ser implementado, apesar do PSF já ter grande parte de sua produção e práticas de gerenciamento em funcionamento.

O programa PSF contou com a participação de especialistas em nutrição de suínos, veterinários, geneticistas e outros profissionais envolvidos na produção para ser desenvolvido, disse a vice-presidente de segurança de alimentos e tecnologia do PSF, Collette Schultz Kaster.

Uma das razões pela qual o PSF resolveu instalar um programa de certificação de processos foi a vantagem que a carne suína poderia obter no mercado de exportação, segundo Kaster. O programa garante que o produtor tenha as informações que os exportadores demandam.

O PSF dedica sua unidade de processamento de carne suína – Milan, Mo. – inteiramente para o programa. O PSF tem 12 pontos do processo que são certificados pelo USDA, os quais estão sumarizados abaixo:

* Todas as carnes são rastreadas até a propriedade rural de origem;

* Todas as fases de produção são gerenciadas usando um sistema de controle baseado na segurança dos alimentos, incluindo o programa de controle de resíduos, o qual não permite que antibióticos contendo sulfas sejam utilizados durante a produção;

* Os animais comercializados são alimentados com uma dieta baseada em grãos, oriunda de fábricas de ração com o processamento controlado;

* A qualidade dos tratamentos, a higiene dos processos e os sistemas ambientais são continuamente avaliados e melhorados.

Além disso, alguns pontos podem facilmente ser acrescentados neste programa, como por exemplo, em caso de produtos livres de antibióticos, quando este ponto adicional do processo pode ser certificado.

Rastreabilidade da carne bovina

Para o PM Beef Group, a rastreabilidade de um programa de certificação de processos foi o que levou o programa a se tornar pioneiro na indústria de carnes dos EUA. Como o PSF, o PM Beef já tinha muitas das especificações para o programa em execução. No entanto, a certificação do programa por terceiros permite que a companhia obtenha vantagens de mercado.

A PM Beef documenta todas as práticas de produção, incluindo o histórico de saúde dos animais, requerimentos nutricionais e os dias de alimentação dos animais, da propriedade rural até a fábrica de processamento, segundo o membro da PM Beef, LeAnn Saunders.

O grupo está localizado em Kansas City, e, atualmente, inclui 9 propriedades certificadas, com um raio de 563,27 km, e cerca de 35 produtores em todo o país, mas este número deverá crescer, segundo Saunders. A carne produzida pela PM Beef é comercializada principalmente na região.

O programa passou a ser certificado pelo USDA em janeiro de 1998, e incluiu especificações que também fazem parte da certificação ISO 9000, que poderá ser outro passo para o programa. “O programa do USDA nos permite mostrar o que estamos fazendo, mas é um processo bastante trabalhoso. A documentação não é tão fácil quanto parece”.

Unindo a cadeia de produção de leite

Na indústria de lácteos, a empresa Clover Stornetta tem um programa chamado North Coast Excellence Certified (NCEC), que certifica ambos, o produto e a produção. A certificação do USDA não se estendeu aos programas de produção de lácteos, mas o programa NCEC é muito semelhante ao programa de certificação deste órgão, e inclui garantias nos produtos e na produção.

De acordo com o presidente da Clover Stornetta, Dan Benedetti, o programa tem 4 fases. Os passos de certificação do programa incluem:

* Qualidade do leite, que é baseada em resultados de laboratórios certificados, incluindo características como contagem de células somáticas;

* Aparência da propriedade rural, baseada em avaliação feita por terceiros;

* Produção livre de somatotropina bovina, com base em um certificado assinado pelos produtores a cada ano;

* Uso de agricultura sustentável, que inclui um novo projeto por ano com ações benéficas ao meio-ambiente, práticas socialmente responsáveis e economicamente viáveis.

Todos os passos do programa são anualmente verificados por um auditor independente.

O programa NCEC enfatiza o benefício simbiótico para todas as partes da cadeia de produção de alimentos, dos produtores aos consumidores. Benedetti disse que os produtores estavam, inicialmente, cautelosos em relação ao programa, e que houve então um grande aumento na confiança dos produtores e dos processadores. O programa conseguiu aumentar a confiança ao oferecer incentivo para produtos de alta qualidade.

“É importante para os produtores e processadores que trabalhem juntos. É responsabilidade dos processadores permitir que os produtores obtenham lucros com este programa, de forma que, como conseqüência final, todos os membros da cadeia saem ganhando”, disse Benedetti.

Consumidores estão vendo os benefícios destes programas

“A certificação permite que os consumidores sintam-se mais confiantes em relação aos produtos, porque estes têm o respaldo de auditores independentes”, disse Benedetti.

Ambos os programas, de certificação de produtos e de processos, exigem um grande trabalho e não podem ser aplicados por todos. A manutenção de registros é de vital importância para o sucesso de qualquer programa, de forma que, sem ela, não há como estes serem instalados.

“Você terá que fazer uma pesquisa para ver as necessidades do mercado, além de determinar se você tem condições e se quer realmente fazer isso”, disse o veterinário da Universidade do Estado de Iowa, Jim McKean. “Você precisa determinar também se você pode fazer isso de forma que continue obtendo retorno de seus investimentos. Para isso, você precisa trabalhar com as pessoas para quem você está vendendo o produto – os consumidores”.

Apesar das dificuldades assustarem alguns produtores e processadores, os programas podem ser uma opção viável para o futuro, equanto os consumidores, os varejistas e os demais serviços de distribuição de alimentos continuarem requerendo informações e garantias, como segurança dos alimentos e bem-estar animal. Os programas de certificação oferecem uma forma de fornecer essas garantias.

Maiores informações podem ser obtidas através dos sites: www.pmglobal.com, www.psfarms.com e http://cloverstornetta.com.

Fonte: Pork Magazine (por Tyler Kelley), adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.

plugins premium WordPress