EUA: produtor questiona especialista como reconstruir o rebanho do país

Essa foi a questão feita para o especialista em comercialização e extensão pecuária da Universidade do Estado de Oklahoma, Derrell S. Peel, por um produtor em resposta ao recente artigo sugerindo que dois anos de redução de rebanho por causa da seca pressionou o estoque de gado de corte para um nível tão baixo que a indústria de carne americana ficou em situação complicada em termos da capacidade de manter a produção de carne e reconstruir o rebanho.

Esse produtor especificamente citou dois problemas que afetarão a capacidade da indústria de carne bovina: a perda de terras para uso não agrícola, com fins urbanos; e conversão de pastagem para produção agrícola. Embora esse e outros problemas possam determinar desafios à reconstrução do rebanho, Peel disse acreditar que existe uma ampla capacidade para reconstrução de acordo com a demanda do mercado.

Em curto prazo, a seca é o principal fator que afeta a liquidação do rebanho. Até que as condições de forragens melhorem, a questão da reconstrução do rebanho é discutível. Embora não exista indicação atual de melhora nas condições de seca, é provável que algumas regiões, pelo menos, verão melhores condições nos próximos meses. A seca mais regionalmente específica em 2011 causou uma redução de mais de um milhão de cabeças no rebanho em um único ano no Texas, Oklahoma e áreas ao redor. Grande parte dessa região ainda está com seca severa, com algumas áreas em condições piores do que em 2011.

O impacto da seca de 2012 ainda precisa ser publicado no próximo relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Peel espera ver redução de 400 a 500 mil cabeças espalhadas por vários estados. Ele suspeita que essa redução representa abate de vacas e menor número de novilhas comparado a 2011. Portanto, essa é a categoria de rebanho que pode retornar mais rapidamente quando as condições das pastagens melhorarem.

As questões de uso da terra afetando a indústria de carne bovina refletem tendências de longo prazo e mudanças estruturais que vêm ocorrendo na agricultura dos Estados Unidos. A preocupação sobre o aumento de áreas urbanas é comum entre muitos pecuaristas. Certamente, em algumas áreas, a perda de pastagem para pequenas áreas de desenvolvimento ou para outros usos não agrícolas é significante e visível. Entretanto, cerca de 30% (231 milhões de hectares) do total da área de terras dos Estados Unidos, de 781 milhões de hectares, é de pastagens ou terras agrícolas não cultivadas (principalmente feno).

Outros 328 milhões de hectares (42%) são de floresta ou terra federal, e uma porção significante dessas é usada como pasto. Dessa forma, a maioria dos cerca de 558,87 milhões de hectares (72%) da terra total do país é usada exclusivamente ou parcialmente para a produção de gado. Isso se compara a 123,4 milhões de hectares (16%) usados para produção agrícola; 13,3 milhões de hectares (1,7%) no Programa de Reserva para Conservação; 45 milhões de hectares (5,7%) desenvolvidos; e outros 5,2% em superfícies de águas ou outros usos rurais. A terra transformada para utilização urbana aumentou quase 6,88 milhões de hectares de 1997-2007.

A dispersão da terra para outras atividades que não a agricultura chega a ser um problema, mas não representa uma barreira significante à reconstrução do rebanho, pelo menos não em uma base nacional. As implicações desse problema certamente variam em algumas regiões e são parte de uma gama mais ampla de mudanças regionais na agricultura que afetarão a indústria de carne bovina no futuro.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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