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EUA: LFTB (lodo rosa) deve voltar ao mercado, diz Rabobank

Entre o começo de março, quando a mídia começou a cobrir a questão do LFTB e 30 de maio, os preços dos novilhos gordos caíram 7%, o preço da carne bovina declinou 3%, o valor dos cortes 50% magros declinaram 46% e o valor dos cortes 33% magros (tipo de produtos a partir do qual o LFTB é produzido) declinaram 88%.

Analistas do Rabobank International acreditam que a carne bovina magra de textura fina (LFTB, da sigla em inglês) pode retornar após toda a confusão pública gerada nos Estados Unidos nessa primavera (o produto foi chamado de “lodo rosa”), mas levará tempo e um esforço associado da indústria para construir a confiança dos consumidores.

O grupo de Aconselhamento e Pesquisa em Alimentos e Agronegocios do Rabobank divulgou um relatório chamado “LFTB: o último campo de batalha da carne bovina para sobreviver”, que detalha o papel da LFTB na cadeia de produção de carne bovina e como seu declínio impacta nos mercados. O grupo acredita que, à medida que a produção de carne bovina e as ofertas continuam declinando, o mercado não pode tolerar perdas de 2% que a produção de LFTB representa, que equivale a um milhão de cabeças de gado.

O vice-presidente da divisão de proteína animal do grupo, Don Close, disse que a companhia decidiu dar uma segunda olhada, objetiva, no LFTB depois de dar um tempo para que o debate público emocional acalmasse. Mesmo entre os defensores da indústria, disse ele, existe uma tendência devastadora de que o produto é uma causa perdida, mas a análise do Rabobank aborda o assunto de uma perspectiva diferente e sugere outra coisa.

A queda na demanda por LFTB prejudicou a todos, dos produtores de gado aos consumidores, disseram os autores. Os processadores perderam valor de uma porção significante de cada carcaça, sendo forçados a direcionar o preço de compra do gado terminado para baixo. Os menores preços do gado terminado pressionam os preços dos animais para engorda. Do outro lado da cadeia, os varejistas tiveram que pagar preços maiores pela carne moída, particularmente aquela com alta porcentagem de carne magra. Os consumidores perderam acesso a um produto seguro e magro que aumenta a porcentagem de carne magra na carne moída a um custo baixo.

Entre o começo de março, quando a mídia começou a cobrir a questão do LFTB e 30 de maio, os preços dos novilhos gordos caíram 7%, o preço da carne bovina declinou 3%, o valor dos cortes 50% magros declinaram 46% e o valor dos cortes 33% magros (tipo de produtos a partir do qual o LFTB é produzido) declinaram 88%. Ao mesmo tempo, o valor dos produtos 85% e 90% magros aumentou em 5% e 4%, respectivamente. Os preços da carne moída no geral aumentaram em 26%.

A queda nos preços para produtos 33% e 50% magros causaram declínio nas margens dos frigoríficos de US$ 78,34 por cabeça, uma perda que foi repassada aos engordadores de gado.

Então, como o LFTB poderá encontrar seu caminho de volta ao mercado após sua reputação ter sido tão severamente afetada? Analistas do Rabobank acreditam que as forças de mercado terão um papel, à medida que as menores ofertas direcionam os preços da carne para cima, mas eles também disseram que a indústria precisa recriar o produto. O esforço deveria incluir atualização do produto, incluindo substituição do gás amônia usado no processamento com alguma outra intervenção, como tratamento com ácido cítrico. A embalagem também incluiria uma mudança no nome do produto e um novo processo regulamentador de aprovação, suportado por promoções e educação do consumidor. O ingrediente precisaria ser claramente incluído nos rótulos dos produtos de forma transparente.

Com um esforço conjunto, analistas do Rabobank acreditam que o produto poderia retornar à cadeia de alimentos dentro de dois a três anos. O setor de serviços alimentícios poderia ser um ponto inicial para a entrada do produto LFTB com nova marca, com os compradores bem informados e conscientes com relação ao valor, seguido por um retorno gradual em programas de lanche escolar e, eventualmente, nos departamentos de carne do varejo.

Para o futuro, os autores do relatório estimulam a indústria a aprender com a experiência do LFTB, identificando vulnerabilidades e preparando respostas para a publicidade negativa. Em particular, grupos da indústria e membros do setor precisam aprender a monitorar e participar em mídias sociais, que tiveram um papel vital na disseminação viral de mensagens negativas com relação à LFTB.

Apesar da controvérsia relacionada à LFTB ter surgido repentinamente, houve alguns sinais anteriores de que isso poderia se tornar um problema, incluindo o filme “Food Inc.”, em 2008, e um artigo no New York Times em 2009. Analistas do Rabobank acreditam que a expansão de programas de testes de cepas de E.coli não produtoras da toxina Shiga pode apresentar desafios futuros de comunicação para a indústria. A expansão de testes para esses microrganismos provavelmente resultará em resultados falso positivos, volumes de carne bovina sendo mantidas para verificação do teste, mais carne pré-cozida no mercado e maiores preços da carne, tudo isso podendo contribuir para a perda de confiança por parte dos consumidores.

A reportagem é da Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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