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EUA garantem lucro da Marfrig

Se o sucesso da vacinação nos Estados Unidos dá aos americanos o luxo de programar uma “barbecue season” de respeito – 4 de julho é logo ali -, a brasileira Marfrig já pode acender a brasa. Dona do quarto maior frigorífico americano, a firma de Marcos Molina acaba de reportar seu melhor primeiro trimestre, com lucro líquido de R$ 279 milhões. 

Nem mesmo o estrago causado pela operação brasileira – a disparada do boi gordo espremeu a rentabilidade na América do Sul – ofuscou o momentum nos EUA, com margens próximas do pico histórico graças à ampla oferta de gado e à demanda aquecida por carne bovina (porque é só em Hollywood que o churrasco americano se limita a hambúrgueres e salsichas). 

Com quase 90% da geração de caixa no mercado americano, a Marfrig também foi favorecida pelo dólar valorizado. No trimestre, a receita aumentou 27,7%, chegando a R$ 17,2 bilhões. Na National Beef, a controlada americana, cresceu 30%, superando R$ 12 bilhões.

Diante do momento favorável, a Marfrig vai quitar mais dívidas, reduzindo o endividamento bruto, disse o vice-presidente de finanças e de relações com investidores, Tang David. O índice de alavancagem ficou em 1,76 vez. 

Como já tem sido normal para um primeiro trimestre, o fluxo de caixa da Marfrig ficou negativo em R$ 1 bilhão. É no primeiro trimestre que a companhia concentra os pagamentos de dividendos aos minoritários nos EUA. No entanto, o fluxo se reverte ao longo do ano. 

A empresa vai amortizar cerca de US$ 280 milhões de um empréstimo a prazo neste ano – no cronograma original, US$ 150 milhões seriam pagos. No início do ano, já havia reduzido a dívida bruta total em US$ 250 milhões com o resgate de um bond que vencia em 2026. 

“Vamos economizar mais US$ 6 milhões anuais em despesas financeiras”, afirmou o executivo. Nos resultados trimestrais divulgados ontem, os esforços em liability management já aparecem, com o custo médio da dívida caindo de 5,7% para 4,66% ao ano na comparação com o fim de 2020. 

O ritmo acelerado de amortizações indica que as operações americanas estão ainda longe da virada do ciclo, ao contrário do que alguns analistas apostavam. Em entrevista ao Pipeline, o CEO da National Beef, Tim Klein, disse que as margens devem continuar nos níveis excepcionais dos últimos tempos no restante do ano e no primeiro semestre de 2021. 

No trimestre, a margem Ebitda da National Beef atingiu 12%, um acréscimo de 3,7% pontos em relação ao mesmo período do ano passado. A melhora dos resultados no mercado americano mais do que compensou as turbulências na América do Sul, onde a margem caiu impressionantes 7,7 pontos, saindo de 12,3% nos primeiros três meses do ano passado para 4,6%.

A situação no Brasil ainda segue desafiadora, com um mercado interno frágil e custos de produção ainda altos, disse Miguel Gularte, CEO da Marfrig. Por outro lado, o ritmo das exportações para a Ásia – especialmente a China – está ganhando fôlego e o negócio de hambúrguer tem desempenho acima do esperado. Nesse cenário, a tendência é de alguma recuperação de margens ao longo de 2021. 

No consolidado, o Ebitda da Marfrig aumentou 39,7%, chegando a R$ 1,7 bilhão. A margem subiu 0,8 ponto, atingindo 9,9%. A companhia brasileira vale R$ 14,7 bilhões. Em 2020, seus papéis subiram 44%.

Fonte: Valor Econômico.

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