Mercado Físico da Vaca – 04/08/10
4 de agosto de 2010
Mercados Futuros – 05/08/10
6 de agosto de 2010

EUA: especialistas apoiam carne de animais confinados

Mathews e Johnson disseram que as vantagens da produção em confinamento incluem o menor tempo gasto dos animais no pasto e, na maioria das situações, um menor tempo para chegar ao mercado, o que reduz os custos de produção. Ao contrário das percepções populares, os especialistas disseram que a produção em confinamento leva aos pesos na terminação com a produção de um terço a dois terços a menos de produção de gases do que a produção de animais criados a pasto para se obter pesos comparáveis.

A demanda por carne de animais criados a pasto – “grass-feed beef” – está aumentando rapidamente nos Estados Unidos, representando 3% do mercado atualmente, de acordo com os integrantes do Serviço de Pesquisa Econômica (ERS, sigla em inglês) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Kenneth H. Mathews Jr. e Rachel J. Johnson. Os consumidores que preferem esse tipo de carne estão dispostos a pagar preços premium por ela e o mercado “sobreviveu aos desafios dos últimos dois anos”, disseram eles.

Historicamente, a produção de carne bovina dos Estados Unidos tem sido orientada ao pasto. A produção colonial foi primariamente de animais criados a pasto por três a quatro anos. Entretanto, ao longo do tempo, especialmente nos últimos 60 anos, à medida que os recursos de terra se tornaram mais intensivamente usados, a terminação dos animais criados com grãos foi introduzida para reduzir o período de produção. A carne de animais criados com grãos também é mais macia, disseram eles.

As práticas de produção variam, disseram eles, explicando que a carne de animais alimentados com grãos vem de animais criados a pasto na maior parte de suas vidas, tipicamente até estarem com 750-800 libras (340,2 a 362,8 quilos) com um ano e então, são colocados em estabelecimentos de engorda, onde são alimentados por 120-200 dias até que tenham ganhado aproximadamente 500 libras (226,79 quilos). As novilhas são abatidas mais leves, depois de ganhar 300-400 libras (136,07-181,43 quilos).

Os chamados “calf-feds” são os bezerros enviados aos estabelecimentos de engorda imediatamente após serem desmamados e os “long yearlings” são animais que ficam no pasto durante um período maior de tempo. Os “grass-fed”, permanecem no pasto durante toda sua vida.

As rações fornecidas aos animais confinados são cientificamente formuladas, contendo cerca de 80-85% de grãos, grãos destilados ou outros amidos e 10-15% de feno, silagem ou outras forragens, de acordo com Mathews e Johnson. O restante da ração contém suplementos minerais e vitaminas, antibióticos, ionóforos e promotores artificiais de crescimento.

Mathews e Johnson disseram que as vantagens da produção em confinamento incluem o menor tempo gasto dos animais no pasto e, na maioria das situações, um menor tempo para chegar ao mercado, o que reduz os custos de produção. Ao contrário das percepções populares, os especialistas disseram que a produção em confinamento leva aos pesos na terminação com a produção de um terço a dois terços a menos de produção de gases do que a produção de animais criados a pasto para se obter pesos comparáveis.

Os animais criados a pasto precisam de maiores quantidades de forragens, que não estão normalmente disponíveis durante todo o ano nos Estados Unidos. Além disso, a criação de animais a pasto requer mais forragem no clima frio para suprir os requerimentos de energia, apresentando um desafio, e tendem a consumir menos forragem no clima mais quente, criando outro desafio.

De acordo com isso, importantes práticas de manejo são requeridas para que os animais criados a pasto obtenham níveis adequados de terminação, disseram eles, e isso se traduz em maiores custos de produção e maiores preços da carne do que dos animais terminados com grãos.

As carcaças de animais criados a pasto são classificadas como “Select” e têm 15-20% menos carne bovina. A carne é mais magra do que a carne de animais terminados com grãos, porque não têm marmorização associada com a terminação com grãos. Em um estudo, os novilhos alimentados com pasto levaram 24% mais tempo para atingir o peso na terminação do que os novilhos alimentados com grãos e suas carcaças eram 19% menores e os escores de marmorização eram 15% menores, disseram Mathews e Johnson.

As carcaças dos animais criados a pasto também têm a gordura amarelada, o que dá à carne um sabor “forte” que alguns consumidores preferem. Além disso, a carne de animais criados a pasto tem maiores níveis de ácidos graxos ômega-3 desejáveis. Em contraste, a carne de animais terminados com grãos tem uma cor mais brilhante e um sabor mais suave, além de ser mais macia, disseram eles.

A carne de animais criados a pasto tem um apelo para uma gama diversa e crescente de consumidores e oferece aos produtores uma alternativa atrativa, comercialmente viável, aos produtos convencionais, disseram Mathews e Johnson. Entretanto, em algum ponto, as decisões de se buscar a produção de animais a pasto necessitará de algumas concessões e “a direção dessas concessões parecem ser em direção a custos ainda maiores de produção e menor produção de carne”. Por exemplo, pode se tornar necessário liquidar parte do rebanho para obter espaço para mais animais em programas de pasto e realocar terras boas para cultivos agrícolas para o pastoreio, explicaram eles.

Além disso, frigoríficos locais que manipulam os animais criados a pasto não têm capacidade para abater o crescente número desses animais ou intervenções para liberar os subprodutos que podem fornecer uma renda adicional significante, disseram Mathews e Johnson.

De acordo com isso, as operações de animais a pasto podem pressionar a produção a um ponto onde o preço aumentará e onde o fornecimento de subprodutos para outras indústrias, como indústria cosmética e farmacêutica, também será limitado.

Como os consumidores direcionam as decisões de produção e estão cada vez mais mudando para a carne de animais criados a pasto, será necessário encontrar soluções para essas limitações e outros assuntos, disseram eles. O artigo de Mathews e Johnson pode ser encontrado nas páginas 4-8 do relatório de junho do ERS no link: http://www.ers.usda.gov/Publications/LDP/2010/06Jun/ldpm192.pdf.

A reportagem é do Feedstuffsfoodlink.com, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Carlos Sant´Ana disse:

    Estes “especialistas” com certeza são empregados das indústrias confinadoras americanas.

plugins premium WordPress